​Olimpíadas 2016: propina, obras inacabadas e superfaturadas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de abril de 2016 às 09:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:42
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

O governo brasileiro calculou que, ao todo, as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro custaria R$ 28 bilhões aos cofres públicos. Hoje o valor já ultrapassa os R$38,2 bi, superando os gastos da Copa do Mundo de 2014, que ficaram em torno de R$ 27,1 bi. 

É normal, mesmo quando a gente faz uma reforma na casa, que o orçamento estoure? Sim muitas vezes é. Mas com o dinheiro público precisa ser diferente. E ainda tem as licitações de caráter duvidoso para dinheiro que entra de empresa. Todo o processo precisa ser diferente, mais profissional, mais planejado, senão a corrupção, a propina e afins correm soltas. 

Há muitas obras atrasadas para as Olimpíadas no Brasil. E quando há atraso mais dinheiro vai escorrendo pelos ralos da corrupção, do superfaturamento, senão o processo de finalização das obras não é acelerado. Isso, claro, quando é finalizado. Não é o caso de várias obras inacabadas da Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014, no fatídico 7 X 1, em que o futebol brasileiro parece não ter aprendido nada. Falo sobre isso nesse artigo, clique.

Jogos Olímpicos tem pouco poder para transformar a realidade de uma cidade

O ônus é maior do que o bônus, dizem boa parte dos especialistas. Um dos motivos é o tema deste artigo. E é histórico: quando se faz plebiscito sobre sediar uma Olimpíada, o povo diz NÃO, como aconteceu em Hamburgo, Munique, Oslo. Sabe o porquê? Por que ninguém quer pagar essa conta indesejada que fica para depois dos momentos maravilhosos que uma Olimpíada nos mostra pelos canais de televisão ou in loco, nos espaços em que as disputas ocorrem.

O legado da realização de uma Olimpíada vale a pena?

Não puxo o coro dos pessimistas. AMO OS JOGOS OLÍMPICOS, muito mais até do que a Copa do Mundo. Mas precisamos também de um pingo de realidade, senão, se fecharmos os olhos, a corrupção cresce a céu aberto.

Na Inglaterra, por exemplo, quando o país sediou a Eurocopa de 1996, diziam que lugares como Sheffield iriam se apresentar ao mundo e se tornar um destino turístico. Mas isso não ocorreu.

E o que dizer sobre as partidas de futebol que ocorrem em Manaus durante a Copa do Mundo? Qual foi o impacto, além do momentâneo, para as pessoas da cidade? Qual o custo/benefício? Qual o legado, de fato? Quanto tempo levará para que a obra se pague e as pessoas tenham a percepção de que o investimento valeu?

Mas o brasil ganha em publicidade. Sim é verdade. Mas muitas vezes um marketing negativo. Boa parte do que se fala sobre o Rio hoje são coisas ruins, sobre a falta de segurança, transporte ruim, trânsito caótico, saúde na UTI, obras inacabadas, propina, superfaturamento.

O exemplo positivo sempre utilizado como “modelo” para o Rio foram os Jogos de Barcelona em 1992. À época, o evento teve um orçamento bastante alto para os padrões, mas o legado deixado para a cidade – que hoje é um dos principais destinos turísticos do mundo – é citado até hoje.

Tem-se muito como modelo e exemplo de legado de Olimpíada a de Barcelona, realizada em 1992. Mas não é a regra. E se tomarmos por base o legado da Copa do Mundo (obras inacabadas, superfaturamento, corrupção e afins – caminho que está sendo percorrido para a Olimpíada 2016 no Rio – o nosso legado não será dos melhores.

Legado da Copa do Mundo no Brasil

Clique aqui e confira a reportagem que foi ao ar no fantástico do dia 06 de março sobre superfaturamento de obras e obras inacabadas da Copa do Mundo realizada no Brasil


+ zero