Pão de forma é um alimento prático e, na versão integral, quase sempre faz parte da rotina alimentar de quem quer comer de forma saudável. Acontece que nem sempre o que está descrito no rótulo como informação nutricional é verdade.
A Proteste, Associação de Consumidores, analisou 16 marcas de pães bem famosas e cinco delas tiveram variação de gorduras totais superior ao permitido pela legislação.
Marcas de pão de forma com informações erradas
De acordo com a Proteste, 16 marcas foram levadas a laboratório para análise do produto. Os rótulos dos pães também estiveram sob a mira da Associação.
Eles avaliaram se a informação nutricional contida no rótulo estava de acordo com o conteúdo oferecido ao consumidor nos quesitos valor calórico, carboidratos, proteínas, gorduras totais, sódio e fibras.
Nos três primeiros componentes e no sódio não foram encontrados problemas. A lei brasileira prevê que a diferença entre o que está escrito no rótulo e na composição do pão não deve ser maior que 20%, para mais ou menos.
Valor de gorduras totais
Um deles, o pão de forma integral Grãolev, foi enquadrado em três problemas, sendo um deles em relação a gorduras totais. A marca declara que não “contém quantidades significativas” (ou seja, até 0,5g/porção). Segundo a Proteste, porém, a porção analisada possuía 1,37g.
Mais quarto marcas, bem conhecidas, apresentaram variação acima da recomendada pela legislação entre o informado na embalagem e o que se encontra no produto no quesito gorduras totais. São elas: pão de forma tradicional Wickbold (41,7% de variação entre rótulo e produto), tradicional Plus Vita (25,7% de variação), Vai Bem tradicional (111,50% de variação) e o integral Panco (50% de variação).
Fibras e sem adição de açúcar
Na declaração de propriedade nutricional da Grãolev, o produto é indicado como “sem adição de açúcar”, mas não traz a frase “Este não é um alimento baixo ou reduzido em valor energético”, obrigatória junto à INC no rótulo, de acordo com a Associação.
Por fim, o Grãolev não respeitou a diferença máxima recomendada pela legislação para a quantidade de fibras no produto indicada na embalagem e encontrada no pão: o máximo é de 20% entre rótulo e produto, e a Proteste identificou uma variação de 52,96%.
Quantidade de fibras nos pães integrais
A Proteste reforçou que não há uma lei brasileira que determine a quantidade de fibras necessária para classificar um produto como “integral”.
Ponderou, entretanto, que a sequência da lista de ingredientes determina a quantidade de cada um em ordem decrescente de quantidade no produto – isto é, o primeiro item da lista de ingredientes impressa na embalagem é a que está presente em maior quantidade no produto.
No Grãolev, segundo a Associação, o topo da lista é ocupado pela a farinha de trigo comum, seguida por farinha de trigo integral e fibra de trigo integral. Apesar disso, o pão é tido como integral.
Higiene e data de fabricação
A Proteste fez questão de divulgar que não houve problemas encontrados em relação à higiene dos produtos e que, apesar de não ser obrigatória, nenhum deles levava a data de fabricação no rótulo. Apenas quatro marcas (Energia, Grãolev, Panco e Visconti) mencionavam a validade do produto após aberto.
A Associação considera esse tipo de informação importante “principalmente, pelo fato de os pães serem perecíveis e para que você opte por aqueles com produção mais recente”.
Respostas das marcas
O VIX pediu posicionamento por e-mail de todas as marcas mencionadas na matéria.
Em nota, a Bimbo Brasil, responsável pela marca Plus Vita, informou que segue rigorosamente a legislação de rotulagem e composição de seus produtos estabelecida no país e que “ainda busca entender junto ao Proteste os critérios e parâmetros da análise realizada pelo órgão”.
A Wickbold informou que não foi informada pela Proteste sobre a pesquisa. As outras marcas não responderam até a publicação desta matéria.