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Para escapar do inverno, aves viajam da América do Norte para o Hemisfério Sul todos os anos. Viagem pode chegar a 30 mil km, diz biólogo.
Andorinhas-de-dorso-acanelado registradas em Sacramento (MG) — Foto: Douglas Fernando Meleti
Um grande grupo de andorinhas-de-dorso-acanelado (Petrochelidon pyrrhonota) foi registrado no dia 7 de outubro em Sacramento (MG) em rota de migração da América do Norte para a América do Sul.
O registro foi feito pelo contabilista e observador de aves Douglas Fernando Meleti, que estava na companhia do amigo Lester Scalon.
Douglas conta que, anualmente, nos meses de outubro e novembro, ele e o amigo saem em busca das espécies de caboclinhos que passam pela região de Sacramento, Franca (SP), Serra da Canastra, Delfinópolis (MG), em direção ao Sul do Brasil e países como Argentina e Uruguai.
A passagem das aves na região dura em média 20 a 30 dias, e depois retornam só no outro ano.
Naquele sábado, 7 de outubro, eles estavam em Sacramento, em uma área já conhecida como ponto de observação, com campos de capins nativos e de murunduns – vegetação típica do Cerrado que apresenta área plana, onde estão inseridos numerosos micro relevos.
“Durante a procura, não avistamos os caboclinhos, mas no caminho de volta, ao passar por uma grande área de plantação de cana recém-colhida, vimos grandes manchas escura no solo, de longe. Ao chegar perto, notamos que era um grande bando da andorinha-de-dorso-acanelado”, relata Douglas.
Segundo o contabilista, elas estavam todas pousadas no chão, arrumando as penas, se limpando ou apenas descansando.
Quantidade absurda
Ele andou aproximadamente 2 km pela área e a quantidade de andorinhas parecia não terminar. Conversando com colegas especialistas, foi calculado através das imagens, uma média de quase 1 milhão de indivíduos, só naquele local.
“Em um certo momento, um tratorista passou muito perto delas, e todas alçaram voo, e aí começou o show. A quantidade de aves era absurda, nunca tinha visto aquilo, o barulho das asas, o vento, a vocalização, tudo ao mesmo tempo, eram tantas que chegava fazer sombra. Fiquei apreciando por mais de cinco minutos e parecia que nunca iria acabar”, relembra ele.
Grandes distâncias
Segundo o biólogo do Terra da Gente, Luciano Lima, a ave se reproduz na América do Norte – desde o Alasca até o México -, migrando para a América do Sul para fugir do inverno, que além das baixas temperaturas também traz escassez de insetos voadores, que são seu principal alimento.
Uma curiosidade interessante contada por Luciano é que os indivíduos das populações que se reproduzem no Alasca e voam até ao norte da Argentina viajam por cerca de 30 mil km, contando ida e volta, durante sua migração.
No Brasil, a espécie está presente a partir do início de setembro até março, com registros concentrados principalmente na região centro-sul do país.
“Faltam estudos mais detalhados que apontem se o território brasileiro é um destino final da migração da andorinha-de-dorso-acanelado ou se as aves registradas por aqui estão apenas de passagem rumo a regiões mais ao Sul. O norte da Argentina parece ser a principal região de invernada da espécie na América do Sul”, ressalta o biólogo.
Ave sociável
Pertencente à família Hirundinídea, a andorinha-de-dorso-acanelado possui quatro subespécies, mede 14 centímetros e pesa de 20 a 28 gramas.
Frequenta os mesmos locais e habitats da andorinha-do-barranco (Riparia riparia), em grandes bandos, às vezes associada à andorinha-de-sobre-branco (Tachycineta leucorrhoa) e à andorinha-de-bando (Hirundo rustica).
Se alimenta de insetos, especialmente besouros, também formigas voadoras, vespas e gafanhotos. Com a boca aberta, é capaz de perseguir enxames e pegar os insetos em plano ar.
Segundo o portal G1, sua expectativa de vida costuma ser superior a cinco anos. Como uma espécie sociável, tem a rotina de voar em bandos enormes com centenas de indivíduos e de descansar em fios de energia elétrica.
O período de reprodução vai de abril a agosto, com 4 a 5 ovos por ninhada, incubados por 14 ou 16 dias. Para fazer os ninhos, os grupos organizam colônias em penhascos, desfiladeiros, pontes ou até mesmo edifícios.
Assista ao vídeo clicando aqui: