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Polarização, posições inflexíveis e angústia em relação ao resultado têm elevado o estresse nesses dias que antecedem as eleições
As eleições de 2022 geraram um clima de tensão generalizado – foto Freepik
O assunto eleições presidenciais e a disputa em relação às preferências políticas têm abalado a saúde mental e aumentado o estresse dos brasileiros, especialmente, nesses últimos dias, que antecedem a votação.
Além do desgaste natural de uma longa campanha, 2022 se caracterizou por uma polarização maior, que trouxe à tona desavenças políticas e ideológicas no círculo social e familiar.
De acordo com o psiquiatra Higor Caldato, do Instituto Nutrindo Ideais, do Rio de Janeiro, é impossível alegar demência e se abster do clima de disputa instalado no Brasil.
Na verdade, não é se quer recomendado, pois construir, sustentar e manifestar a própria opinião também são atitudes importante para garantir a própria saúde mental.
O psiquiatra Higor Caldato destaca, no entanto, que é necessário aprender a evitar situações e conversas nas quais só haverá desgaste e procurar não focar a vida apenas na decisão do próximo domingo (30/10).
“Parar de ler os comentários nos posts sobre política pode ser uma estratégia de redução de danos para quem não está conseguindo lidar com a raiva e está comprometendo sua saúde emocional diante disso. É importante gerenciar melhor as emoções, independente dos gatilhos presentes”, afirma Caldato.
Estratégias
Em entrevista ao Metrópoles, após o primeiro turno das eleições, a psicanalista Maria Homem, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e professora da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) afirmou que sentimentos como medo, raiva, indignação e tristeza não devem ser reprimidos, tampouco direcionados de maneira agressiva contra os adversários.
Segundo ela, o ideal é entender o que estamos sentindo e usar isso de forma construtiva para a realização de mudanças.
“A compreensão dos nossos sentimentos pode nos levar a uma nova maneira de dialogar com o outro, sem a fantasia delirante de que é necessário destruir o mal”, aponta a psicanalista.
Maria Homem explica que a subjetividade é uma variável importante para entender as nossas reações e realizar as nossas escolhas.
“O sujeito tem pulsões, afetos, além da cognição, do racional. Se não levarmos em conta a nossa saúde psíquica ou mental e os nossos afetos, não conseguimos entender as eleições como um espaço de debate de políticas, diretrizes e estruturação”, aponta.
Confira as dicas de Higor Caldato para evitar estresse e ansiedade:
– Não se isole numa bolha – Não adianta dar unfollow em todos os que pensam diferente de você. Isso vai isolar você em uma bolha descolada da realidade, que é plural;
– Identifique o unfollow terapêutico – Não fique preso à sua bolha ideológica, mas deixe de seguir perfis, páginas e pessoas que compartilham fake news e mensagens de ódio;
– Evite conflitos com quem você ama – Quando a divergência ocorre dentro de casa ou entre pessoas muito amigas, cortar relações deve ser o último recurso. O ideal é buscar outros assuntos em comum. Não adiantando, diminuía o convívio durante esse período;
– Fuja do excesso de informações – Escolha fontes jornalísticas de confiança e, de preferência, estabeleça um horário e um tempo certo para se atualizar. De preferência, não faça isso na hora de dormir, para não perder o sono;
– Pratique atividades terapêuticas – Caminhar, ler, ouvir música, meditar, assistir a um filme ou série leve, jogar jogos de tabuleiro podem ajudá-lo a controlar a ansiedade;
– Exercite-se – Atividades físicas e esportes liberam hormônios importantes para o bem-estar e oxigenam o cérebro;
– Relaxe – Buscar fontes de relaxamento é sempre importante: massagens, meditação e banhos mornos podem ser bons aliados;
– Durma bem – Um sono de qualidade faz toda a diferença na hora de garantir o equilíbrio emocional;
– Cuide da alimentação – Evite alimentos que aumentam a ansiedade, como café, chá mate, doces e alimentos à base de farinha branca. À noite, invista em chás sem cafeína;
– Defenda sua opinião – Construir sua própria opinião ajuda a diminuir a angústia, desde que ela não seja acompanhada por intolerância em relação às opiniões dos outros.
*Informações Metrópoles