Valor real da produção agrícola dobra desenvolvendo o interior

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 16 de março de 2018 às 22:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:37
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Estudo foi realizado pela Secretaria de Política Agrícola e incluiu 17 tipos diferentes de lavouras

Nas duas últimas décadas, o VBP, que de certa forma mostra a
renda do produtor, dobrou em termos reais, conforme dados do Ministério da
Agricultura.

O estudo, que inclui
17 tipos diferentes de lavouras e foi coordenado por José Garcia Gasques, da
Secretaria de Política Agrícola, prevê receitas de R$ 346 bilhões neste ano no
campo. Se considerada a pecuária, o valor atinge R$ 516 bilhões.

O maior destaque
fica para o algodão, cujo valor da produção atual supera em nove vezes o de há
duas décadas. Nesse mesmo período, o valor da produção da soja evoluiu três
vezes, e o do milho, uma vez.

O café praticamente
manteve o valor de produção de há duas décadas, com evolução real foi de apenas
7%.

Os dados foram
corrigidos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) da
FGV (Fundação Getulio Vargas).

A pesquisa da
Secretaria de Política Agrícola mostra que os produtos voltados para o mercado
externo tiveram evolução maior no período analisado. Já os destinados ao
mercado interno tiveram queda.

Para Heron do Carmo,
professor da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
Universidade de São Paulo), o avanço da agricultura é importante por dois
fatores: abre a economia brasileira ao mercado externo e interioriza a
produção.

Ao exportar, o
Brasil compete com vários outros países e é obrigado a desenvolver ou a trazer
mecanismos competitivos de produção para dentro do país, segundo Heron.

O economista
acrescenta, ainda, que a lavoura e a pecuária levam o desenvolvimento para o
interior. “A evolução recente começou com o Centro-Oeste, avançou para
Rondônia e agora chega ao Norte e Nordeste, estados que antes se dedicavam
menos à agricultura.”

O crescimento da
agropecuária não é isolado, segundo Heron. Há uma inter-relação da atividade no
campo com a indústria de máquinas, com a distribuição de combustíveis e de
insumos e com a área de serviços. Todos caminham juntos, segundo o economista
da USP.

Os
números

Pelas contas do
Ministério da Agricultura, a soja mantém a liderança na arrecadação neste ano.
Serão R$ 120 bilhões.

A bovinocultura e a
cana-de-açúcar vêm a seguir, com R$ 71 bilhões e 61 bilhões, respectivamente.

Já arroz e feijão
terão valores de produção de R$ 9,2 bilhões e R$ 6,2 bilhões. Ambos com recuos
na comparação com dados de duas décadas atrás.


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