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Número de vagas ofertadas pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) cresceu 3,7% nos primeiros 10 meses
Ao menos até outubro, o ano de 2019 foi positivo para a criação de vagas de estágio e aprendizagem no Brasil. Somadas as duas modalidades, o número de vagas ofertadas pelo CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola) cresceu 3,7% nos primeiros dez meses, chegando a 343.955 postos de trabalho em todas as regiões do país.
Para a entidade, uma instituição privada sem fins lucrativos, os dados indicam um sinal de retomada para a economia brasileira, refletindo uma primeira etapa para a redução do desemprego.
Para 2020, a expectativa é que sejam geradas 85 mil vagas no primeiro trimestre considerando as duas modalidades, o que representaria um número 6% maior do que as 80 mil do mesmo período de 2019. Por sinal, para os jovens em busca do primeiro emprego, o CIEE recomenda o esforço para uma alocação nesses meses, que vão de encontro ao planejamento das empresas para o ano.
Nova formação específica para aprendizes oferecida pelo CIEE será voltada ao setor de tecnologia
“Geralmente, o estagiário é o primeiro a ser demitido, porque o desligamento dele é menos custoso para a empresa. Por outro lado, a retomada dessas vagas também é a primeira a vir, por ser uma contratação simples e mais barata. O empregador vai sentindo o mercado a partir dos programas de estágio”, argumenta Marcelo Gallo, superintendente nacional de operações do CIEE.
Carência em tecnologia preocupa. Com um banco de jovens cadastrados em busca de vagas que supera a impressionante casa das 3 milhões de pessoas, o CIEE vê uma lacuna séria para a alocação destes profissionais: a falta de uma presença mais robusta de jovens com perfil voltado ao trabalho em exatas, sobretudo em formações relacionadas aos avanços tecnológicos.
“Para crescer nesse mundo de tanta tecnologia, o país vai precisar cada vez mais de jovens que se interessem e sigam a área de exatas. Esse é um ponto que nós vamos trabalhar aqui no ano que vem. Não é ter uma sociedade de matemáticos, mas buscar um equilíbrio”, afirmou Humberto Casagrande, superintendente-geral do CIEE.
Com cerca de 35 mil empresas associadas, incluindo gigantes como o banco Itaú e a varejista Magazine Luiza, a entidade enxerga que a batalha para atrair os jovens para a área é diferente de acordo com cada uma das duas modalidades oferecidas. No caso do estágio, há menos o que fazer de imediato, uma vez que a escolha universitária já aconteceu e não há formação obrigatória fora a oferecida na faculdade.
Por outro lado, a aprendizagem representa uma oportunidade. Voltada a jovens de 14 a 24 anos, que estão desempregados e fora do ensino superior (ainda na escola ou aqueles que não iniciaram uma formação seguinte) — a maior parte, diz o CIEE, representa os famosos jovens “nem nem”, que não estudam e nem trabalho. Para a aprendizagem, a legislação prevê uma cota mínima de 5% de aprendizes e obriga a oferta de educação em 30% da carga horária contratada.
Pensando nisso, o CIEE anunciou o desenvolvimento de uma formação específica voltada para tecnologia e outra para o setor conhecido como “economia criativa”, com foco em formatos novos de produções audiovisuais. A intenção é que as empresas consigam cumprir a cota e, ao mesmo tempo, treinar os aprendizes a suprirem uma demanda na área que, na visão da consultoria Korn Ferry, chegará ao patamar dos milhões nos próximos anos.
“Nós estamos tentando desenvolver isso tanto presencial quanto à distância”, explica Casagrande. “Se você precisar de um programador de linguagem java, por exemplo, você simplesmente não encontra. Estima-se que existam, pelo menos, 30 mil vagas só em São Paulo para programador de linguagem java e não tem quem preencha”.
“Soft skills” também estão no radar. Apesar da defesa de um maior ensino de competências relacionadas a tecnologia, o superintendente-geral do CIEE frisa a defesa de boa parte da sua carga de formação para o que se convencionou chamar de “soft skills“, as competências vão além de saber fazer algo e incluem comportamento e relacionamento interpessoal.
“As empresas contratam pelas hard skills e demitem pelas soft skills. Você contrata um homem porque é um ótimo engenheiro, mas demite porque é briguento, desajustado, cria problema com os colegas. Então, ele pode ser esse ótimo engenheiro mas mesmo assim vai ser mandado embora”, argumenta.
Dentre essas habilidades que a formação trabalha, Casagrande destacou a comunicação, a tolerância e o reconhecimento da diversidade e o entendimento da dinâmica básica de funcionamento de uma empresa. O executivo também citou a oportunidade de embutir nesse trabalho temas que ajudam a prevenir situações de vulnerabilidade, com referência a um convênio com uma ONG para o trabalho do combate à violência contra a mulher.
*6 Minutos – Guiherme Venaglia