Vacinação contra febre amarela fica abaixo da meta em SP, RJ e BA

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de abril de 2018 às 14:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:40
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Estados não conseguiram chegar à meta de 95% de pessoas vacinadas para controle do surto atual

O Rio de Janeiro atingiu meta
de 40,9% dos vacinados contra a febre amarela; São Paulo chegou a 52,4% da
população-alvo e Bahia vacinou 55%. Esses dados estão “bem abaixo” da
vacinação ideal para o controle da doença em áreas que historicamente não
tinham a circulação do vírus, mas que agora estão sob maior risco, diz o
Ministério da Saúde. Segundo dados da literatura científica sobre o tema, é
necessário vacinar 95% da população-alvo para se ter um maior controle sob o
surto.

Os números são do último boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde e de nota de alerta da pasta sobre a baixa imunização
contra a febre amarela. A pasta disse ainda que, nesses três estados, 10
milhões de pessoas ainda precisam ser vacinadas contra a doença. A meta de
imunização é de 23,8 milhões nessas regiões. O Brasil tem 331 mortes por febre
amarela desde julho de 2017 e 1.127 casos confirmados.

Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de
Imunização do Ministério da Saúde (PNI), explica que o principal gargalo está
na vacinação do adulto. “Na criança, a mãe leva para o posto e
vacina”. Ela afirma que o ministério está em diversas reuniões com os
estados e municípios para tentar coordenar uma “vacinação ativa”, com
profissionais de saúde disponíveis em terminais de transporte público, por
exemplo.

Os estados de Rio de Janeiro,
Bahia e São Paulo possuem uma circulação emergente do vírus e, por isso, foram
alvos de campanhas de vacinação contra a doença esse ano. Embora a ideia do
governo seja expandir a vacinação para todo o país e nesses três estados; a
prioridade nesse momento são áreas de maior circulação do vírus.

Por esse motivo, os dados apresentados se referem às 77
cidades que fizeram parte da estratégia de fracionamento da dose da vacina
(quando uma vacina “inteira” é dividida em cinco) e aos 52 municípios
de São Paulo que posteriormente foram integrados à campanha. Quando o ministério
fala de população-alvo, assim, a referência é aos residentes dessas regiões.

Segundo o infectologista e pediatra Renato Kfouri, o
ideal para a febre amarela ainda é que 100% da população-alvo seja vacinada.
“A febre amarela tem um perfil diferente de outras doenças. Não é como
outras infecções que, se muitas pessoas estão vacinadas, você impede a
circulação do vírus porque há uma imunização na maioria”, diz.

De
fato, Carla Domingues explica que a meta para a população sem contraindicação
para a vacina (alergia a ovo, por exemplo) é de 100%. “O dado de 95% conta
com o fato de que algumas pessoas não podem tomar o imunizante”, diz.
Afora as pessoas que não podem tomar a vacina, a dose é indicada para
todos entre os 9 meses e 59 anos.

A coordenadora do Programa de
Imunização do ministério explica que cada estado também terá que olhar no seu
“microdado” para ver quais regiões ou bairros estão com baixa
cobertura vacinal. “Não é possível saber, em nível nacional, qual bairro
não aderiu à ação”, diz. 

Imunização nacional e situação atual

Até abril de 2019, o Ministério da Saúde espera ter a vacina
disponível em todos os municípios brasileiros. Hoje, 65% do Brasil tem a vacina
com aplicação de rotina. Atualmente, diz a pasta, a vacina só não está
disponível em alguns estados do Nordeste e da região Sul. Em julho, devem entrar
os estados do Sul e em janeiro as regiões do Nordeste. 

Febre amarela circula com mais força até maio

O ministério diz ainda que a alta de transmissão da febre
amarela deve ir até maio. A febre amarela, como dengue, zika e chikungunya —
outras doenças também transmitidas por mosquito –possuem uma característica de
sazonalidade e são mais frequentes no verão.

A
pasta informa que, nessa temporada, o vírus da febre atinge 35,6 milhões de
pessoas em áreas que anteriormente não pertenciam ao ciclo de recomendação da
vacina. No verão passado, o surto atingiu 11,2 milhões de pessoas. Portanto, há
um aumento de mais de 200% nas pessoas que hoje estão mais suscetíveis à febre
amarela.

A vacina é direcionada a todas
as pessoas entre nove meses de idade e 59 anos. Há algumas restrições, como
pessoas com doenças relacionadas à imunidade e com alegia a ovo.

Passada
a alta da febre amarela (mais frequente no verão), o próximo-alvo do Ministério
da Saúde será a vacina da gripe, com campanha nacional que deve começar ainda
neste mês de abril para população específica (gestantes, idosos, entre outros).

A circulação do vírus
influenza começa a ser mais frequente em junho, durante o inverno.


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