Uma crônica do historiador José Chiachiri Filho pelo aniversário de Franca

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de novembro de 2019 às 13:17
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:04
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Para homenagear os 195 anos de Franca, o Jornal da Franca publica uma crônica de seu maior historiador

José Chiachiri Filho

A Capitania de São Paulo (que, no Império, passou a se chamar Província e, na
República, Estado) era dividida em várias Vilas (equivalendo, atualmente, aos
Municípios ) que, por sua vez, subdividiam-se em Distritos. 

Sob a jurisdição
eclesiástica, havia o Bispado de São Paulo ( que se limitava com o Bispado de Mariana)
o qual se multiplicava em Freguesias e Capelas. 

Partindo da capital de São Paulo, em direção ao norte, a única Vila instituída (
em meados do século XVIII) era a de São José de Moji-Mirim. 

Sua jurisdição abrangia
todo o norte e nordeste de São Paulo, isto é, ia do Moji ao Rio Grande. 

O Belo Sertão da Estrada dos Goiazes (do Rio Pardo ao Rio Grande) nada mais
era do que um “deserto de homens.” 

Porém, com a chegada dos entrantes oriundos das
Minas Gerais, o Sertão povoa-se e os seus novos moradores começam a sentir a
necessidade do “pasto espiritual” (presença da Igreja e seus pastores), bem como a
presença das autoridades político-administrativas que se encontravam na distante Vila
de Moji-Mirim. 

Hipólito Antônio Pinheiro, natural de Congonhas do Campo, lidera os entrantes
do Belo Sertão em suas reivindicações pela instalação de uma Freguesia e de uma Vila
no Belo Sertão que, em 1804, passaria a se chamar “Distrito do Rio Pardo thé o Rio
Grande”. 

Graças ao apoio de Antônio José da Franca e Horta, Governador e Capitão
General da Capitania de São Paulo, a Freguesia “Franca” (em homenagem ao Capitão
General) é instalada em 1805. 

Em 1821 é criada a Vila Franca del Rey que, em virtude das pressões da
Capitania de Minas Gerais (que desejava ampliar os limites do seu território com a
anexação do Distrito do Rio Pardo), através da Vila da Campanha da Princesa e de
Jacuí, só será instalada em 28 de novembro de 1824. 

D. João VI já havia retornado para Portugal. Em seu lugar ficara o filho que
proclamou a Independência do Brasil e fundou o Império. 

Portanto, “rei morto (ou
retornado), rei posto” e a Franca que era del Rey passou a ser Vila Franca do Imperador. 

Franca foi a primeira e, consequentemente, a mais antiga Vila criada nos sertões
setentrionais da Capitania de São Paulo. 

Depois dela, na década de 30 do século XIX,
surgiriam a Vila de São Bento de Araraquara e, pouco mais tarde, a Vila de Batatais. 

Com a criação da Vila, Franca consegue a sua emancipação
político-administrativa. 

Sob a presidência do Ouvidor Freire, instala-se a Câmara,
elegem-se três vereadores, escolhem-se o Capitão-mor, os juízes e demais oficiais e,
assim, Franca passa a comandar os seus próprios destinos, sem a devida sujeição à Vila
de São José de Moji-Mirim. 

CHIACHIRI FILHO, José. Crônicas escolhidas. Org. Maria Ângela de Freitas
Chiachiri. Franca, SP: Ribeirão Gráfica e Editora, 2016.


+ Literatura