Um terço dos desempregados sobrevive com trabalhos temporários

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 2 de abril de 2018 às 23:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:39
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Estudo entrevistou pessoas nas 27 capitais brasileiras – a falta de trabalho mudou a vida dos brasileiros

Um terço dos
brasileiros desempregados atualmente sobrevive com bicos e trabalhos
temporários, geralmente informais, mostra pesquisa do Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Para 29%, o sustento
vem da ajuda financeira da família ou amigos e 7% recebem auxílio do programa
Bolsa Família. Apenas 2% utilizam poupança ou investimentos. O estudo, que
entrevistou 600 pessoas nas 27 capitais, revela que a falta de trabalho
provocou a queda no padrão de vida de seis em cada dez brasileiros.

Entre os trabalhos informais mais comuns, estão os serviços
gerais (21%) – manutenções, pedreiro, pintor, eletricista –, produção de comida
para vender (11%) – como marmita, doces e salgados –, serviços de diaristas e
lavagem de roupa (11%) e serviços de beleza, como manicure e cabeleireiro (8%).
A média de dedicação a esse trabalho é de três dias por semana. Essa
periodicidade revela, segundo o SPC/CNDL, não apenas uma escolha, mas escassez
de oportunidade, pois apenas 12% dos que fazem bicos consideram que está fácil
conseguir esses trabalhos.

O levantamento revelou também que 41% dos desempregados possuem
contas em atraso, sendo que 27% estão com o nome negativado em serviços de
proteção ao crédito. Os débitos mais frequentes são parcelas no cartão de loja
(25%), faturas do cartão de crédito (21%), contas de luz (19%), contas de água
(15%) e parcelas do carnê ou crediário (11%).

O tempo de atraso
médio das dívidas é de quase sete meses e o valor é de R$ 1.967, em média.

Em relação aos
hábitos de consumo, a pesquisa mostra que mais da metade (52%) dos
desempregados brasileiros abandonou algum projeto ou desistiu da aquisição de
um sonho de consumo por causa da demissão. As iniciativas mais frequentes foram
deixar fazer reserva financeira (28%), voltar atrás no plano de reformar a casa
(25%), desistir de comprar ou trocar o carro (17%) e deixar de comprar móveis
para a residência (17%).

Foram citados ainda
os planos de abrir o próprio negócio (16%), realizar uma faculdade ou
pós-graduação (14%) e fazer uma grande viagem (13%). Também foi alto o
percentual (38%) dos que disseram não ter sonho algum.

Adaptação

Para se adaptar aos cortes na receita doméstica, 59% disseram
ter mudado o padrão de vida. Os cortes mais expressivos foram na compra de
roupas, calçados e acessórios (65%), saídas para bares e baladas (56%),
delivery e comida fora de casa (56%), alimentos supérfluos, como carnes nobres,
bebidas e iogurtes (52%), atividades de lazer (52%) e gastos com salão de beleza
(45%).

As principais despesas que foram mantidas foram: água e luz
(65%), produtos de higiene, limpeza e alimentação básica (64%), planos de
internet (49%), telefonia (45%) e TV por assinatura (40%). Há também 32% de
desempregados que mantiveram plano de saúde.

Quase metade dos desempregados (46%) passaram a pedir dinheiro
emprestado a amigos e familiares e 30% recorreram ao cartão de crédito. Como
contenção de gastos, 63% optaram por marcas mais baratas na hora das compras. O
levantamento revela ainda que 68% dos entrevistados passaram a fazer mais
pesquisas de preços, além de pechinchar (62%).


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