Trabalhador informal ganha 44% menos que empregado com CLT

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 01:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:35
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Em 2017, rendimento médio do trabalhador com carteira foi de R$ 2.090,00 e do informal, R$ 1.179,00

Além da
falta de garantias como férias e 13º salário, o trabalhador que não têm
carteira assinada recebe, em média, 44% menos que o trabalhador formal. É o que
aponta o detalhamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
divulgado nesta última sexta-feira, 23 de fevereiro, pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e estatística (IBGE).

De acordo com a pesquisa, no
4° trimestre de 2017 a média de rendimento mensal do trabalhador com carteira
assinada no país era de R$ 2.090. Já os empregados sem carteira assinada
tiveram rendimento médio de R$ 1.179. Ou seja, uma diferença de R$ 911.

No mesmo trimestre do ano
anterior, a distância entre o valor pago (já descontada a inflação) era menor,
de 40,5% ou R$ 818. “O trabalho sem carteira assinada é ilegal e vai pegar
ocupações mais precárias, menos qualificadas, por isso o rendimento é menor”,
avaliou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.

O pesquisador destacou que
entre 2014 e 2017, o país perdeu, em função da crise econômica, cerca de 3
milhões de postos de trabalho com carteira assinada. Com isso, aumentou o
número de trabalhadores contratados sem carteira assinada e por conta própria.

Segundo
os números do IBGE, em 1 ano, o número de empregados sem carteira cresceu 5,7%
e os por conta própria aumentou 4,8%, ao passo que o de trabalhadores formais
caiu 2%. Já o de empregadores subiu 6,4%. “O trabalhador por conta própria é
uma pessoa que desenvolve atividade econômica e não tem emprego. Essa população
aumenta em momentos de crise econômica. Associada ao emprego sem carteira, ela
indica o trabalho informal, ou seja, o aumento do trabalho precário”, afirma
Azeredo

A pesquisa mostrou que o
trabalhador por conta própria teve rendimento médio de R$ 1.567 – um pouco
superior ao dos empregados sem carteira assinada, mas 25% menor que o dos
trabalhadores formais.


o menor rendimento médio mensal no país no último trimestre de 2017 foi dos
empregados domésticos: R$ 852, inferior ao salário mínimo em vigor no ano (R$
937).

O
maior rendimento médio mensal foi dos empregadores: R$ 5.555. Os servidores
públicos, considerados como os trabalhadores com maior estabilidade no mercado
de trabalho brasileiro, tiveram rendimento médio de R$ 3.335. 

Rendimento médio

Apesar
das diferenças de remunerações, o rendimento médio do brasileiro cresceu 1,6%
na comparação anual. O destaque ficou para os trabalhadores com carteira
assinada, cujo rendimento ficou, em média, 3,6% maior do que o recebido no ano
anterior, enquanto que o dos sem carteira caiu 1,8% na mesma base de
comparação. O rendimento do trabalhador por conta própria subiu 1,2%. Já o do
empregador teve queda de 1,6% em um ano.

Para a economista Silvia Matos, coordenadora do
Boletim Macro/Ibre, da FGV, a taxa elevada de desemprego, que fechou o 4º
trimestre em 11,8%, deve manter ainda elevada a informalidade no país. “O
trabalhador perdeu om poder de barganha, esse é o ponto”, afirma a
economista. “A participação do emprego formal continua caindo e,
provavelmente, ainda vai demorar para voltar ao que foi no passado. O
desemprego continua alto e nem todo mundo consegue emprego. E, quando consegue,
pode ser de má qualidade”.

Já a massa salarial (soma da
remuneração de toda a população ocupada) cresceu 3,6% em 1 ano, com um
acréscimo de mais R$ 6,6 bilhões somente no 4º trimestre, o que contribuiu para
a recuperação do consumo das famílias e para puxar o crescimento da economia em
2017. 

Rendimento por atividade

Ao
separar os trabalhadores por grupamentos de atividade, o IBGE observou que os
maiores rendimentos em 2017 foram daqueles profissionais inseridos em atividades
ligadas à informação, comunicação, financeiras, imobiliárias e administrativas.
Para este grupo, a média de rendimento mensal foi de R$ 3.117.

Em segundo, tiverem os maiores rendimentos os
trabalhadores contratados pelo setor público (R$ 3.088), juntamente com aqueles
que desenvolvem atividades ligadas à defesa, seguridade social, educação, saúde
humana e serviços sociais.

Já os trabalhadores em atividades ligadas ao
transporte, armazenagem e correio tiveram rendimento médio de R$ 2.462. A
indústria geral aparece em quarto lugar, com R$ 2.147.

Na sequência, está o grupamento de comércio e
reparação de veículos (R$ 1.741), construção (R$ 1.693), alojamento e
alimentação (R$ 1.354) e agricultura e pecuária (R$ 1.225). Na lanterna, estão
os trabalhadores domésticos (R$ 852).


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