Total médio de anos de estudo cresce no Brasil, segundo pesquisa do IBGE

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 20 de junho de 2019 às 19:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:37
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Todas as regiões do país tiveram melhoras, sendo que o Centro-Oeste e o Norte registraram o maior ganho

O número médio de anos de estudo no Brasil aumentou entre 2016 e
2018. O indicador passou de 8,9 anos para 9,3 anos em 2018. Desde 2016, essa
média vem crescendo, anualmente, 0,2 ano.

Entre as mulheres ficou em 9,5 anos, enquanto entre os homens é
de 9 anos. A diferença entre pessoas brancas, pretas e pardas é evidente neste
caso. As brancas registraram 10,3 anos, mas o número cai para 8,4 anos nas
pretas e pardas, uma diferença de quase dois anos que se mantém desde 2016.

Os dados estão incluídos na Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua Educação 2018 (Pnad Educação), divulgada no Rio de Janeiro,
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Todas as regiões do país tiveram melhoras, sendo que o
Centro-Oeste e o Norte registraram o maior ganho. A primeira passou de 9,2 para
9,6 e a segunda de 8,3 para 8,7 anos.

O Nordeste saiu de 7,6 para 7,9 entre 2016 e 2018; o Sudeste
subiu de 9,7 para 10,0; e o Sul foi de 9,2 para 9,5 anos. “Entre as regiões
isso mostra que as oportunidades de estudo são distintas. Isso a gente olha
também entre as pessoas de cor preta ou parda e as de cor branca”, disse a
analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE (Coren), Marina Aguas.

Primeiros anos

A faixa de zero a 3 anos tem apenas 34,2% de escolarização que
são as creches, mas aumenta muito quando a criança tem idade mais elevada.
Entre 4 e 5 anos atinge 92,4% e de 6 a 14 anos chega a 99,3%.

Na visão de Marina, o grande destaque é que as crianças de 6 a
14 anos estão na escola, e isso vem se mantendo desde 2016, quando foi
divulgada a primeira Pnad Contínua Ampliada de Educação.

No entanto, há um ponto negativo: depois dessa faixa começa a
ocorrer um descasamento de permanência escolar. “Essas crianças que estão na
idade educacional estão estudando e é um fato superpositivo. Agora, já começa
um descasamento entre a idade e a etapa adequada com 15 anos de idade. Entre 11
e 14 anos, essas crianças deveriam estar na segunda parte do ensino
fundamental, do sexto ao nono ano. O que a gente observa é que já vem um grupo
atrasado. Se ele está atrasado, ainda está fazendo os anos iniciais do
fundamental e, provavelmente, chega atrasado no ensino médio, isso mostra essa
questão de inadequação de idade e etapa”, completou.

Alerta

A analista alertou que o problema do atraso pode influenciar a
permanência do aluno na escola. “É importante notar que o atraso nos anos
finais no ensino fundamental pode aumentar a probabilidade dessa criança vir a
sair ou ficar desmotivada com a escola na etapa seguinte. Então, tem que se dar
uma importância maior ao ensino fundamental para que a criança não fique
atrasada e não desanime”, explicou.

Em 2018, de acordo com a pesquisa, 13,3% das crianças entre 11 e
14 anos já estavam atrasadas em relação à etapa de ensino, que deveriam estar
cursando ou não estavam na escola.

Entre os que estavam frequentando pelo menos os anos finais do
ensino fundamental, 84,7% eram meninos e 88,7% meninas. Nas de cor branca,
90,4% estavam na idade e série adequada e as pretas e pardas a taxa era 84,5%.

Nas perguntas feitas aos jovens de 15 a 29 anos sobre as razões
de não frequentar a escola, ou um curso de educação profissional ou de
pré-vestibular, 47,7% dos homens disseram que era por causa do trabalho, e a
segunda maior parcela reunia 25,3%, porque não havia interesse.

Mulheres

As respostas das mulheres têm diferenças. Enquanto 27,9%
disseram que o empecilho era o trabalho, 23,3% indicaram afazeres domésticos e
cuidados de pessoas, motivo que entre os homens é quase insignificante (0,8%).
“Isso é o principal motivo. A pessoa alegou como principal razão por não estar
estudando”.

A pesquisadora destacou que não se deve aplicar a expressão nem, nem, que costuma
ser usada para classificar a pessoa que não estuda e nem trabalha, para avaliar
a questão de condição de estudo e a situação na ocupação que faz parte da
pesquisa. “O fato de a pessoa não estar ocupada no mercado e não estar
estudando, não significa que ela é inútil. Grande parte das mulheres alegou que
não estão estudando por causa de afazeres domésticos ou estão cuidando de
pessoas. Isso dentro das questões de gênero é muito importante. É visto como
uma outra forma de trabalho que não é voltado para o mercado, então, não se
deve usar o nem, nem, porque esquecem que a pessoa pode estar fazendo outras
coisas”, defendeu.

Pesquisa

De acordo com o IBGE, desde 2012 a Pnad Contínua levanta
trimestralmente, por meio de questionário básico, informações sobre as
características de educação para as pessoas de 5 anos ou mais de idade.

A partir de 2016, o estudo começou a incluir o módulo anual de
educação, que, durante o segundo trimestre de cada ano civil, amplia a
investigação dessa temática para todas as pessoas incluídas na amostra.


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