Surto de Covid-19 nas Américas está longe de acabar, dizem cientistas

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 12 de julho de 2020 às 11:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:57
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Estudos do Observatório Fluminense Covid-19 e da Fiocruz mostram dados extremamente preocupantes

Enquanto em vários países europeus os gráficos que acompanham a evolução da pandemia de Covid-19 demonstram um controle da doença, ao menos temporário, na América Latina, um estudo do Observatório Fluminense Covid-19 (https://www.covid19rj.org) aponta que o momento é de aumento do número de casos e mortes ou uma estabilização em patamares muito elevados no continente.

Dos 15 países da América Latina analisados pelo projeto (não entram no monitoramento do grupo El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras e Nicarágua), o gráfico chamado de semáforo indica que apenas Cuba e Uruguai estão no indicador verde, que significa que o país está “vencendo” a epidemia quanto ao número de casos registrados por semana. 

Na métrica por número de mortes por semana, o Paraguai também entra no verde. Estão na cor amarela, que indica “quase lá” no enfrentamento à pandemia, Chile, Equador e Paraguai para novos casos por semana e apenas o Equador para o número de mortes. 

Todos os outros estão no vermelho para as duas medidas, ou seja, “precisam agir” para controlar a disseminação do novo coronavírus.

O Observatório Fluminense Covid-19 é formado por cientistas e estudantes de sete instituições de ensino e pesquisa, entre elas a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Integrante do projeto, o professor Americo Cunha, do Instituto de Matemática e Estatística da Uerj, destaca que o gráfico indica uma tendência da pandemia e a cor muda de acordo com o desenho formado pela curva epidemiológica.

“A gente classifica a situação em vermelho, amarelo ou verde de acordo com a forma do gráfico. Quando a epidemia passa, a curva segue um esquema: ela sobe, passa por um platô e depois desce. Não é igual para todos os países, pode ser mais inclinado para esquerda ou para direita, a subida mais lenta ou mais rápida”, esclarece. 

“Se você olhar a curva de Cuba, por exemplo, ela já tem esse formato fechado. Equador está em amarelo porque subiu, desceu, subiu e está estacionado num patamar ainda relativamente alto”, acrescenta.

O número de casos por milhão de habitantes varia muito na região, indo de 212 em Cuba e na faixa de 280 no Uruguai e na Venezuela, até 15.800 no Chile. Panamá e Peru estão na faixa de 9.500 por milhão e o Brasil em 8 mil por milhão.

Em número de mortes, Venezuela e Paraguai registram três óbitos por milhão, a Costa Rica tem cinco e Cuba e Uruguai estão com oito mortes por milhão de habitantes. Na ponta oposta, estão acima de 300 mortes por milhão o Chile, o Peru e o Brasil. Os dados foram consolidados na quarta-feira (8).

O planeta passa dos 12 milhões de casos confirmados de Covid-19 e dos 556 mil óbitos, com Estados Unidos passando de 3 milhões de casos e de 133 mil mortes. O Brasil tem 1,8 milhões de casos e ultrapassou 70 mil mortes, o que corresponde a um estádio do Maracanã lotado.

Sobre América Latina, o boletim alerta que a disseminação da doença continua intensa na América Central, com uma situação um pouco melhor nas ilhas do Caribe e destaca que as medidas precoces adotadas no início da pandemia no continente ajudaram a evitar uma tragédia maior, embora no momento a pressão pela reabertura esteja grande.

A análise do Cris-Fiocruz aponta que o surto nas Américas pode permanecer com picos pelos próximos dois anos.


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