Supermercados: 2018 fecha com o maior faturamento dos últimos cinco anos

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  • Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 19:31
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:22
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Vendas foram animadoras, mas ficaram abaixo da expectativa e greve dos caminhoneiros afetou preços

A Associação Paulista de Supermercados (APAS) divulgou os resultados do setor no ano de 2018 com destaque positivo para o faturamento, já que o Índice de Vendas dos Supermercados (IVS) fechou em alta de 2,32%, no quesito de mesmas lojas. Com isso, o faturamento nominal do Estado ficou em R$ 103 bilhões.

Apesar do resultado positivo, o melhor dos últimos cinco anos, a APAS tinha previsto no início do ano um crescimento de 2,5% a 3%, o que não se concretizou ao final de dezembro.

Preços foram influenciados por greve e dólar

Com relação à inflação mensurada pelo Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS e FIPE, houve impacto por dois fatores principais: a greve dos caminhoneiros, que fez o IPS disparar em junho, e a alta do dólar. Por conta disso, a inflação dos supermercados encerrou 2018 em alta de 4,33%, ou seja, 0,33% acima da projeção da APAS, que era de 4%.

Dos fatores citados como causa da inflação acima da projetada, o dólar influenciou muito em diversos produtos de toda a cadeia. Um exemplo foi o trigo, que é importado e impactou nas categorias das massas e farinhas, que fecharam o ano com alta de 9,2%. Biscoitos tiveram aumento de 4% e os panificados subiram 5%. A influência do dólar também foi sentida nos artigos de limpeza que, devido a conterem componentes químicos importados como matéria-prima, encerraram 2018 com inflação de 4,4%.

Outro fator que causou aumento nos preços foi a greve dos caminhoneiros, responsável pela morte de quase 70 milhões de aves por falta de insumos, o que fez a cadeia de abastamento da categoria ser prejudicada. O frango, que era opção no prato do brasileiro até maio, sofreu forte alta a partir de junho e encerrou o ano com alta de 9,33%.

O mesmo pode-se dizer do leite, ainda que este, além da greve, sofreu influência do dólar e do clima. Cerca de 600 milhões de litros de leite foram perdidos durante a greve. Aliado a isso, os insumos mais caros nos pastos e o clima atrasando a safra fizeram com que o preço do leite subisse 55% no meio do ano, o que resultou em alta de 8,97% ao final de 2018.

Os hortifrútis também impactaram no bolso do consumidor em 2018 e apresentaram inflação de 14,11%. Dentre os itens analisados nesta categoria, os legumes foram os recordistas de aumento com 30,5%; os tubérculos cresceram 20,93%; e as frutas subiram 10,37%. Na contramão destes números estiveram os ovos, que fecharam o ano em queda de 3,52%. Com esse cenário ficou difícil para o consumidor não ter a percepção de preços maiores que no ano anterior. No caso dos legumes, o maior vilão do ano foi o tomate, que fechou com inflação recorde de 82%.

Setor contrata, mas menos do que o previsto

Os supermercados paulistas tiveram geração de empregos abaixo do previsto em 2018. Em janeiro, a APAS estimava a criação de 12 mil vagas; porém, ao final dezembro, o total do ano foi de apenas 5.133 postos. O resultado apresentado em 2018 é o terceiro pior em 10 anos, melhor apenas que em 2015 e 2016.

Na análise da entidade, os principais motivos que levaram a estes números tão abaixo do previsto foram a baixa confiança do empresariado supermercadista devido ao período conturbado pelo qual o país enfrentou, com denúncias de corrupção, greve dos caminhoneiros, indecisão eleitoral até o último trimestre e ausência de aprovação das reformas, como a previdenciária. O freio na abertura e na reforma de lojas, ou em projetos de expansão, culminou em menos contratações e no resultado abaixo da expectativa.

Mesmo assim, o setor é um dos que mais emprega no Brasil, exercendo ainda um papel social importante que é o de abrir as portas para o primeiro emprego, sem exigir experiência e qualificando o jovem profissional para suas funções. Cerca de 20% dos contratados do setor supermercadista paulista estão trabalhando pela primeira vez na vida. Entre as principais funções exercidas por quem ingressa no primeiro emprego nos supermercados estão repositores, estoquistas, embaladores, entre outros.

Confiança do setor para 2019

Segundo pesquisa realizada pela APAS, os empresários do setor supermercadista começaram 2019 acreditando no futuro. O índice de confiança continua muito alto, o maior desde 2015, e apresentou 52% de otimismo. O pessimismo continua em um patamar muito baixo, com apenas 16%.

Dentre os tópicos que mensuram as perspectivas para o futuro, os que demonstram mais confiança do setor são as vendas, com 90% dos supermercadistas otimistas com o crescimento. Este positivismo faz com que 50% dos empresários pensem em contratar mais funcionários em 2019.

O grau de confiança futura com o governo federal chegou a 80%, número que impulsionou a percepção nos empresários de que haverá uma retomada de crescimento do país. Para 70% dos supermercadistas, haverá melhora na atividade econômica interna, com evolução do PIB.

Perspectivas para 2019

A APAS projeta um cenário otimista para 2019, apostando que os novos governos (Estadual e Federal) farão as reformas necessárias para a retomada da economia. Apesar de toda a confiança no futuro, a APAS fez previsões mais modestas para 2019, por conta dos números abaixo do esperado em 2018.

Levando em consideração que 2018 foi fortemente impactado pela greve dos caminhoneiros e pela disparada do dólar, que passou dos R$ 4,20, para este ano de 2019 APAS prevê:

  • IVS (faturamento): aumento de 2,7% a 3,1%, resultando num total de R$ 105 bilhões no ano;
  • IPS (preços): alta de 3,5% a 4,5%;
  • Empregos: geração de 9.000 vagas, totalizando 544.951 profissionais empregados diretamente no setor.

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