Sobrepeso atinge mais da metade dos brasileiros e se torna caso de saúde pública

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  • Publicado em 11 de outubro de 2018 às 15:07
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:05
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Excesso de peso pode desencadear doenças cardíacas, hipertensão, diabetes tipo 2 e até câncer

Dados publicados pela Agência Brasil em junho deste ano, pautados na Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, revelam que a obesidade afeta 18,9% dos brasileiros e o sobrepeso atinge mais da metade da população (54%). 

Especialistas em saúde pública temem que essa tendência à “aceitação da gordura” seja um mau presságio para o bem-estar futuro e os custos crescentes de doenças crônicas relacionadas ao peso, como doenças cardíacas, hipertensão, diabetes tipo 2 e mais de uma dúzia de tipos de câncer. 

O levantamento também mostrou que metade da população brasileira está acima do peso e que o número de obesos aumentou 60%. Os dados comprovam o motivo da obesidade estar no mapa de problemas de saúde pública no mundo. Desde 2008, o dia 11 de outubro foi escolhido como o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade.

Segundo Tarissa Beatrice Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, os hábitos alimentares dos brasileiros têm impactado diretamente no crescimento da obesidade, interferindo também na prevalência de outras comorbidades como diabetes e hipertensão. “O consumo de bebidas adoçadas e refrigerantes, assim como outras guloseimas ricas em açucares e gorduras, aumentou muito entre os brasileiros nos últimos anos. Isso pode ter contribuído para o crescimento da população obesa”, explica.

Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro mais utilizado é o do Índice de Massa Corporal (IMC). Consideram-se obesas as pessoas com IMC superior a 30. Já as que têm IMC entre 25 e 29,9 são portadoras de sobrepeso. O IMC é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado.

A médica enfatiza ainda a importância de a educação alimentar ser estimulada na infância. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo pode chegar a 75 milhões, até 2025, segundo a OMS.  “É nessa fase onde são construídos os principais hábitos de alimentação para toda a vida”, alerta Tarissa.

O tratamento clínico da obesidade é feito por meio de uma mudança de estilo de vida, com reeducação alimentar, adoção de hábitos saudáveis e a prática regular de exercícios físicos.

Em busca de soluções

Mas, cuidados com a alimentação e uma rotina constante de exercícios físicos são imprescindíveis para mudar esse cenário. Para garantir os resultados esperados e necessários para a saúde, a estética e o rendimento físico, é preciso saber diferenciar as especialidades dos nutricionistas e, assim, escolher corretamente o profissional adequado para cada caso. Como explica Michelle Lima, docente da área de nutrição do Senac Franca, a confusão entre nutrição esportiva e estética é um exemplo recorrente entre os pacientes.

Algumas pessoas procuram por nutricionista esportivo para eliminar flacidez ou gordura específica na região do abdômen, por exemplo, mas sem o objetivo de ganhar massa muscular. Nesse caso, o profissional indicado é o nutricionista estético. “A nutrição esportiva tem como foco principal o ganho de resistência física e massa muscular. Já a estética contempla a promoção e manutenção da beleza, abrangendo corpo, unhas e pele”, orienta Michelle.

A especialista do Senac também destaca que, em qualquer situação, a alimentação equilibrada exige disciplina e rotina. “Um erro é recorrer a dietas rápidas e radicais, que não são efetivas quanto à duração e manutenção da saúde. Alimentar-se bem significa desenvolver e manter hábitos saudáveis. Com a ajuda de profissionais capacitados, é possível alcançar esses resultados.”

Um levantamento inédito divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em maio deste ano, como divulgado pela Agência Brasil, mostra que a maioria dos brasileiros se esforça para manter uma alimentação saudável, buscando consumir produtos mais frescos e nutricionalmente ricos. No entanto, a pesquisa também verificou algumas contradições: a percepção de “ter comido demais” aumentou nos últimos sete anos, passando de 52%, em 2010, para 56%, no ano passado, e o índice de brasileiros que consideram a comida saudável sem gosto ainda é significativo: em 2017 estava em 52%.


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