SMA oferece curso a distância gratuito de sistemas agroflorestais

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de junho de 2018 às 01:24
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:50
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Secretaria estadual do Meio Ambiente oferece ferramenta para expandir a atividade de uso e manejo da terra

A Secretaria de
Estado do Meio Ambiente (SMA) disponibiliza, a partir deste mês de junho, mais
uma ferramenta para ampliar a atividade agrícola no Estado de São Paulo: um
curso de educação a distância, com conceitos e um passo a passo da implantação.

Destinado a agricultores, técnicos, estudantes e
interessados em geral, o curso de Sistemas Agroflorestais foi desenvolvido com
recursos do Projeto Microbacias II pelo Mutirão Agroflorestal, ONG que trabalha
com educação, pesquisa, consultoria e divulgação de agroflorestal desde 2004.

O curso é gratuito e tem foco nos chamados SAFs
(formas de uso e manejo da terra no qual árvores ou arbustos são utilizados em
consórcio com culturas agrícolas, forragens e/ou integração com animais)
biodiversos e sucessionais.

São treze módulos com vídeos e textos, com conceitos
e princípios de agroflorestas inspirados na dinâmica dos ecossistemas
agroflorestais. Ele também aborda sucessão, estrutura, planejamento, desenho e
escolha de espécies, detalha a implantação e manejo, os benefícios e desafios
do SAF, além de sistemas agroflorestais implantados em diferentes regiões do
estado de São Paulo.

Para o engenheiro agrônomo da Coordenadoria de
Assistência Técnica Integral (CATI), órgão responsável pelo Microbacias II,
explica que esse sistema permite o equilíbrio do solo e a diversificação de
produção. “Os SAFs utilizam o que a natureza oferece com o máximo de
eficiência, ou seja, inserir múltiplas espécies em uma mesma área como forma de
integração”, comenta.

O objetivo deste investimento, para além de ampliar
a atividade em diferentes regiões do estado, é também harmonizar produção e
conservação, resgatar a agricultura familiar, colaborar com a conservação
ambiental, facilitar a adaptação e mitigação às mudanças climáticas. “O sistema
de agrofloresta é um dos poucos que consegue conciliar os objetivos de
conservação com os de produção. Por isso precisamos de política e de
governança”, explicou Andrew Miccolis, do Centro Internacional de Pesquisa
Agroflorestal.

“Nessa forma de
produção, há uma maior variedade de produtos, com possibilidade de renda
durante o ano todo e sem o risco de perder toda a produção, caso ocorra, por
exemplo, um evento extremo, como uma estiagem ou a presença de uma praga ou
doença”, explica Neide Araujo, da Unidade de Subprojetos Ambientais – PDRS, da
Secretaria do Meio Ambiente.

Desde 2013, a SMA apoia a implantação desse sistema
como uma alternativa ao modelo de produção agrícola tradicional. E, atualmente,
desenvolve ações de monitoramento e capacitação nos SAFs implantados e busca parcerias
e financiamento para dar continuidade a expansão dessa atividade no Estado.

“Temos uma ausência histórica de políticas adequadas
para novos sistemas de produção”, lembra João Dagoberto, professor-titular da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). Por esta razão, a SMA
quer mudar este jogo.

A produção agroflorestal contribui com a promoção da
biodiversidade, melhoria da qualidade dos solos, controle de erosão, menor uso
de água, redução de pragas, doenças e ervas daninhas, dispensando ou reduzindo
o uso de agrotóxicos. Os SAFs são uma alternativa de restauração produtiva para
Reservas Legais e, no caso de agricultores familiares, para Áreas de
Preservação Permanente. “Para os próximos anos, a previsão é ter produção de
mangueiras, abacateiros, goiabeiras. E muitas árvores nativas plantadas são
frutíferas, como cabeludinha, cambuci, cereja-do-rio-grande, grumixama,
jaboticaba, juçara, pitanga, uvaia, entre outras”, concluiu Neide.


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