Síndrome da Impostora: saiba o que é e como identificar esse comportamento

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 20 de fevereiro de 2022 às 12:30
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Não se sentir qualificada, experiente ou competente o suficiente são alguns dos sinais da síndrome da impostora

síndrome da impostora

Mulheres são as principais vítimas do padrão psicológico conhecido como Síndrome da Impostora

 

Você já se sentiu insuficiente ou incapaz? Ou então já pensou que não merece estar onde está e que a qualquer momento alguém vai desmascarar você?

Se a resposta para essas perguntas for um belo e sonoro “sim”, saiba que você não está sozinha. Esses são sintomas característicos de um problema conhecido como síndrome da impostora.

Uma das principais porta-vozes para essa condição, a apresentadora Rafa Brites, falou sobre isso em uma palestra para o TEDx Talks. Uma das frases mais marcantes é:

“O que eu tô fazendo aqui? Meu Deus do céu, não dá tempo de ir embora porque tá todo mundo assistindo… Eu não sei o que eu tô fazendo aqui, porque eu não sou formada em Harvard, eu não sou formada nem na USP, gente. Não tenho nem doutorado. Não inventei nada pra ciência de útil. Também não tenho uma empresa unicórnio que faturou bilhões. Meu Deus do céu, não tenho nenhuma história. Posso falar? Eu sou uma IMPOSTORA!”, afirma.

Nos últimos anos, cada vez mais mulheres têm levantado esses mesmos questionamentos que Rafa e se identificado com o que é popularmente conhecido como Síndrome da Impostora.

Basicamente, a “síndrome da impostora” é um padrão psicológico em que duvidamos das nossas habilidades, talentos e conquistas. Tal cenário faz com que o sentimento seja de que, a qualquer momento, seremos revelados como impostores.

Mas onde tudo começou?

Uma rápida pesquisa no Google revela que as primeiras conversas acerca do tema aconteceram no final dos anos 1970, quando as psicólogas Suzanne Imes e Pauline Rose Clance publicaram o artigo “The impostor phenomen in high achieving women: dynamics and therapeutic intervention” (O fenômeno do impostor em mulheres de sucesso, dinâmicas e intervenção terapêutica, em tradução livre).

No estudo, foram analisadas mulheres que creditavam seu sucesso à sorte ou timing, por exemplo.

Além disso, nele também foi desenvolvida a chamada escala do impostor, ou escala de Clance, que classifica as pessoas a partir de um questionário.

Afinal, o que é a Síndrome da Impostora?

Como apontado no início deste texto, é um sentimento de dúvida e de “a qualquer momento vão descobrir que sou uma farsa”.

Uma pesquisa desenvolvida pela Discovery, que também é o primeiro estudo sobre o tema, coloca a Síndrome da Impostora como “um sentimento de inadequação” e “sensação de não pertencimento, de não atingir as expectativas dos outros, ou até mesmo a própria, sobre sua performance”.

A conclusão é de que na maioria dos casos, são sempre as mulheres as mais afetadas por essa sensação.

Um dos pensamentos mais comuns entre as mulheres que sofrem com a Síndrome da Impostora é “eu não mereço estar aqui”, pois sentem que não têm o que é preciso para “estar lá”.

Em outras palavras: para as impostoras suas habilidades não são a principal razão para serem bem-sucedidas, mas o acaso.

De acordo com A Falsa Farsa, 46,1% das mulheres entrevistadas acreditam que os outros as acham mais competentes do que realmente são.

Pouco mais de 58% têm medo de não corresponder às expectativas dos outros. E quase 60% confirmam que têm medo de não transmitirem segurança nas atividades que realizam.

E apesar de não atribuírem o sucesso às suas próprias habilidades, as mulheres sentem que o fracasso é culpa delas.

O estudo da Discovery mostra que mais de 66% das mulheres acredita que “se eu fracassei, é apenas porque não me dediquei suficiente”.

Por outro lado, segundo a edição de 2020 do estudo anual da KPMG, o Womens Leadership, mais de 80% das executivas do mercado acreditam que os homens não sofrem com a Síndrome da Impostora da mesma forma que as mulheres.

Causas

Segundo A Falsa Farsa, as causas desse sentimento podem estar enraizadas logo na infância, quando o machismo estrutural passa a afetar as crianças ao associar meninas à palavras como “princesa” e “delicada” e meninos à “inteligente” e “destemido”, por exemplo.

Assim, as mulheres passam a se reconhecer como inferiores intelectualmente e se sentem demasiadamente cobradas.

Logo, elas entendem que precisam se esforçar muito mais para atingirem seus objetivos. O perigo, no entanto, é que parâmetros inalcançáveis passam a ser criados.

Uma outra justificativa para a mulher impostora são as redes sociais, que cada vez mais colocam padrões ideias de sucesso e felicidade.

De acordo com a pesquisa pioneira da Discovery, enquanto 35,9% das mulheres comparam seus sucessos com os dos outros, 36,1% acham que não têm o mesmo nível de conhecimento das pessoas ao seu redor.

Isso é reflexo de um sistema em que estamos acostumados a ver recordes da vida de outras pessoas e encarar aquilo como vida real, ignorando todas as batalhas ou adversidades por trás de um clique do Instagram ou postagem do LinkedIn.

Em entrevista para o estudo A Falsa Farsa, a psicóloga Ciça Conte observa: “todo mundo é o impostor do outro”.

Por fim, outro ponto que vale ser mencionado quando falamos de causas para a Síndrome da Impostora é a falta de representatividade.

Na pesquisa, 32% das mulheres revelaram que se identificaram com a síndrome do impostor por não conhecerem outras pessoas na mesma posição que elas, aponta A Falsa Farsa.

Quais os sinais?

Segundo a pesquisa, os principais sinais da Síndrome da Impostora são:

– busca pela perfeição (objetivos cada vez mais difíceis de serem atingidos);
– ultradedicação (para algo dar certo, basta se esforçar; as habilidades não contam);
– isolamento (“antes só do que criticada”).

O que fazer para lutar contra a Síndrome da Impostora?

Não há fórmula mágica capaz de fazer com que as mulheres, principalmente, não vivam como impostoras.

Contudo, com base na pesquisa, levantamos 7 dicas para te ajudar a controlar a Síndrome da Impostora, confira:

– Se permita errar, está tudo bem em não acertar sempre;
– Pratique a autoaceitação;
– Dê pausas durante o expediente e fora dele;
– Viva sua vulnerabilidade;
– Crie o hábito de se elogiar e não espere apenas por críticas;
– Não fuja de reuniões de feedbacks por medo;
– Lembre-se: você é capaz, não deixe a insegurança te dominar!

*Informações Alto Astral


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