Setor de produção de alimentos orgânicos está em expansão no país

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de agosto de 2018 às 11:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:58
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Em 2017, o setor faturou R$ 3,5 bilhões no mercado nacional – 70% dos produtores são de agricultura familiar

No ano passado, o
setor de orgânicos, incluindo alimentos – in natura e industrializados –, cosméticos e têxtil,
faturou R$ 3,5 bilhões apenas no mercado nacional, de acordo com dados do Conselho
Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis). Em 2016, o faturamento
foi R$ 3 bilhões. No primeiro ano do levantamento, em 2010, o setor havia
faturado R$ 500 milhões.

Dados

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
atualmente são 17.075 registros de entidades produtoras de orgânicos no país,
das quais cerca de 70% dos produtores são de agricultura familiar.

Em 2013, eram apenas 6.700 registros. O último censo do setor,
de 2006, mostra ainda que a agricultura familiar participava com 30% do valor
bruto da produção agrícola e agropecuária no Brasil, o que representava em
torno de R$ 12 bilhões, segundo dados do ministério.

Existem dois tipos de certificação para produtores orgânicos. O
ministério tem, atualmente, oito certificadoras credenciadas que fazem a
fiscalização das propriedades e assumem a responsabilidade pelo uso do selo
brasileiro.

Há também os Sistemas Participativos de Garantia (SPG), em que
grupos formados por produtores, consumidores, técnicos e pesquisadores se
certificam, ou seja, estabelecem procedimentos de verificação das normas de
produção orgânica daqueles produtores que compõem o sistema. Tanto as
certificadoras quanto os SPG precisam ser credenciados no Ministério da
Agricultura.

Qualidade

Para a agricultora Maria Alves, a importância da produção
orgânica está em preservar a terra, oferecer alimentação de qualidade à
sociedade e cuidar da própria saúde ao não utilizar agrotóxicos e ainda
produzir no modelo chamado agroecológico com respeito à biodiversidade e aos
ciclos biológicos. “Isso é segurança alimentar, mas ainda não temos soberania
porque a pequena agricultura também precisa de incentivos, de ciência, de
técnicas de apoio para podermos ampliar. É bom que todo mundo coma bem, por que
não?”, reagiu.

Integrante de uma
ação coletiva de produção regional com membros do Movimento dos Trabalhadores
Sem Terra (MST), Maria Alves defende que o princípio econômico que rege a
produção agrícola é o do “lucro ótimo” e, não do “lucro máximo”. “A pequena
agricultura familiar tem a diversidade, é normal você ter um
pedacinho de terra e ali você ter um galinheiro, uma criação de
pequenos animais, uma horta, um pomar, é diversidade. Você já ouviu falar que
pequeno produtor ficou rico plantando? A ideia não é o lucro máximo, a gente
tem que pensar no lucro ótimo: eu tiro meu sustento, eu consumo aquilo que eu
planto com segurança e o excedente eu comercializo com segurança também porque
você vem adquirindo consciência”, disse.

Preço

Maria Alves discorda da supervalorização dos produtos orgânicos
em relação ao preço que é comercializado nos supermercados. “O certo não
é ter um produto para ganhar muito dinheiro, esse produto vai para as
mesas, vamos fazer um preço que as pessoas tenham acesso. Produzir com qualidade,
talvez não com quantidade, porque quando você pensa em quantidade você vai
explorar ou o homem ou a terra. Não pode ser um projeto de exploração e
recursos”, disse.


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