​Setor calçadista opera com 52% da capacidade, diz Abicalçados. Franca sente

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 22 de agosto de 2020 às 08:53
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 21:08
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O setor calçadista sofre ainda mais pela dependência que tem do varejo interno

O economista Marcos Lélis e a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, fizeram as observações sobre o mercado calçadistas

A crise provocada pelo novo coronavírus segue impactando o setor calçadista brasileiro, que deve terminar o mês de agosto operando com 52% de sua capacidade instalada.

A afirmação foi feita no Análise de Cenários, evento realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) no último dia 20 de agosto.

A segunda edição da iniciativa – que terá três edições neste ano – ocorreu no formato on-line e contou com apresentações do doutor em Economia Marcos Lélis e da coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck.

“No período de pandemia o setor calçadista está sofrendo muito ainda mais pela dependência que tem do varejo interno”, frisou Marcos Lelis.

O fato pode ser ilustrado com a utilização da capacidade instalada, que hoje está em 72% para a indústria em geral e em 52% para o setor calçadista.

Projeções

Segundo Lélis, após a queda ao longo de 2020, o Brasil deve ter um incremento de 3,5% no PIB do próximo ano. 

Mesmo sendo uma boa notícia, segundo o economista, ainda não vai recuperar as perdas dos últimos anos.

“Se isso acontecer – crescimento de 3,5% – vamos empatar com o PIB de 2014, de antes da crise de 2015”, projetou.

A segunda parte do evento contou apresentação focada no setor calçadista, que registrou uma queda de 36,2% na produção do primeiro semestre em relação a igual período de 2019.

Segundo Priscila, o resultado foi impactado, especialmente, pelo ápice da crise, em abril, quando o setor registrou revés de 74%.

“Existe uma expectativa de leve melhora no segundo semestre, com a abertura gradual do varejo, fazendo com que o ano feche com uma queda média na casa de 29%”, informou Priscila, acrescentando que a queda corresponde a quase 300 milhões de pares, ou quatro meses de produção.

“Seria como se o setor tivesse parado de produzir por quatro meses ao longo de 2020”, destacou, ressaltando que o setor voltará ao patamar produtivo de meados dos anos 2000.

Exportações devem cair 27%

Além da queda da demanda doméstica, as exportações de calçados também devem impactar negativamente a atividade calçadista ao longo de 2020.

Com queda de 24,9% em pares embarcados entre janeiro e julho, no comparativo com igual período do ano passado, as exportações devem fechar o ano com revés de 27%.

“O principal impacto vem da perda no mercado norte-americano, principal destino das exportações brasileiras de calçados. No primeiro semestre, os Estados Unidos reduziram suas importações totais em 26,6%, ou mais de US$ 3,6 bilhões”, comentou.

A queda nas importações originárias do Brasil foi 31,5%, mais de US$ 36 milhões.

Segundo destino dos embarques brasileiros, a Argentina, embora indique uma pequena retomada, também diminuiu suas importações totais de calçados no primeiro semestre, em 21% (- US$ 37 milhões). 

A queda brasileira foi de 25,5% (- US$ 14,9 milhões) no mesmo período.

Empregos

Fortemente impactado pela queda na demanda doméstica, o setor calçadista brasileiro perdeu 44 mil postos de trabalho no primeiro semestre, 19% da força de trabalho.

Segundo Priscila, a projeção é de perda de até 57 mil postos de trabalho no ano, 21% menos do que o nível registrado em dezembro de 2019.

“A MP 936, agora transformada em Lei, ajudou e vem ajudando o setor a segurar postos”, destacou. Segundo levantamento da Abicalçados, até julho 90% das empresas do setor utilizaram a medida em algum momento, tanto para redução da jornada como suspensão temporária do contrato de trabalho. 


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