Sedentarismo de jovens pode aumentar letalidade de doenças cardiovasculares

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  • Publicado em 8 de dezembro de 2019 às 09:54
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:07
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Indicadores de estudo da Organização Mundial da Saúde alertam sobre a necessidade de busca de soluções

Estudo da OMS, publicado em The Lancet Child & Adolescent Health em 21 de novembro, que abrangeu informações de 1,6 milhão de estudantes, de 11 a 17 anos, colhidas, entre 2001 e 2016, em 146 países, revela que 85% das meninas e 78% dos meninos brasileiros são sedentários. “São números bastante alarmantes”, salienta José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Socesp, manifestando sua preocupação com os jovens do País: os do sexo masculino apresentam a mesma média global de inatividade física. Entretanto, dentre as mulheres, a relação é de nove a cada dez, ou seja, 90%. 

 Saraiva lembra que a prática regular de exercícios, de pelo menos uma hora diária para os jovens, conforme recomenda a OMS, é fundamental para prevenir doenças cardiovasculares, diabetes e outras enfermidades crônicas não transmissíveis, responsáveis por 71% de todas as mortes no Planeta, incluindo os óbitos de 15 milhões de pessoas por ano com idade entre 30 e 70 anos.

“Estes dados constam de conteúdo veiculado pela OMS em junho de 2018, no qual a instituição já alertava que 80% dos jovens estavam sedentários”, revela o cardiologista, enfatizando outro alerta da publicação: “O sedentarismo é mais do que um desafio para a saúde. Seus custos financeiros também são enormes. Globalmente, a inatividade física custa 54 bilhões de dólares em assistência médica direta. Do montante, 57% ficam a cargo do setor público. Outros 14 bilhões em perdas econômicas são atribuídos a quedas de produtividade”.

Enfatizando a prioridade de preservar a saúde e a qualidade da vida, na presente e nas futuras gerações, Saraiva observa que as famílias precisam estimular os jovens a praticarem exercícios, inclusive com bons exemplos, considerando que, também entre os adultos, o sedentarismo tem efeito bastante nocivo. “Além da melhoria da qualidade da vida durante a juventude, a atividade física contribuirá para que não se agrave no futuro a quantidade de mortes pelas doenças cardiovasculares, que já são as mais letais no Brasil e no mundo”.

Sedentarismo e obesidade
O presidente da Socesp lembra, ainda, recente dado do Ministério da Saúde, de que 12,9% das crianças brasileiras entre cinco e nove anos são obesas. Este problema é uma das consequências nocivas do sedentarismo, somado a maus hábitos de alimentação, constituindo um conjunto grave de fatores de risco para doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.

“Por isso, é crucial, desde os primeiros anos de vida, ensinar bons hábitos, cuidar muito bem da alimentação, sono e atividades físicas dos filhos, já que costumes desenvolvidos na infância tendem a permanecer durante toda a vida”, recomenda o presidente da Socesp, citando estudo realizado pela entidade com crianças e adolescentes na cidade de Campinas: 32% deles tinham sobrepeso a partir dos sete anos. “O mais grave, segundo as projeções, é que, sem mudanças de hábitos, incluindo o combate ao sedentarismo, em menos de uma década a obesidade poderá atingir 11,3 milhões de crianças no Brasil”, conclui o médico.


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