Saiba o que são as listras brancas no peito de frango e se é seguro comer

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 11 de janeiro de 2024 às 12:30
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Conhecido como ‘white striping’, essas listras são comestíveis e não precisam ser retiradas da carne. Causa principal é o crescimento rápido da ave

Se você é daqueles que tira sempre a listra branca do peito de frango antes de prepará-lo, saiba que isso não é preciso – foto Freepik

 

Os fãs de culinária já devem ter visto nas redes sociais vídeos que ensinam técnicas rápidas para tirar aquele fio branco dos peitos de frangos.

Mas, na realidade, isso não é necessário, já que essas listras são uma junção de fibras musculares e gordura da ave, conhecidas também como “white striping” (listras brancas em inglês).

Essas fibras musculares são irrigadas pela corrente sanguínea do frango. “Por alguma condição que a gente não entende bem ainda, a célula que dá origem ao músculo morre”, explica a pesquisadora Jane Peixoto, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Suínos e Aves.

Quando isso acontece, o local passa a criar gordura e tecido conjuntivo – que é responsável por unir tecidos, servindo de conexão, preenchimento e sustentação.

Pode comer?

Apesar de afetar na aparência do peito de frango, não há problemas em consumir essa fibra, uma vez que ela não é infecciosa, aponta Peixoto.

A diferença mais importante para um peito que não tem essa fibra é que ele tem mais gordura e menos proteína.

Inclusive, pesquisas de degustação às cegas apontaram que os consumidores preferiram aves que tinham mais “white striping”. Para Peixoto, a explicação disso é que a gordura deixa a carne mais saborosa.

Além disso, na parte visual, as carnes com estas fibras costumam ser mais amareladas, o que as torna mais atraentes para os consumidores.

Crescimento rápido

Apesar de ainda não estar claro para a ciência todas as causas das listras brancas, uma das razões já descobertas é o crescimento rápido do frango, explica Peixoto.

“Até em humanos, por exemplo, uma pessoa que começa a fazer musculação, ela tem mais possibilidade de desgastar fibras, de ter alguma alteração no tecido muscular. O frango é um animal de crescimento rápido, mas não é pelo uso de hormônio”, diz.

Ela explica que, no Brasil, aplicar hormônios na produção de frango não é usual, porque eles são caros, e, portanto, seu uso impediria de a ave ser vendida nas prateleiras pelo preço de mercado.

Para evitar o desgaste dessas fibras, a indústria, hoje, está tentando controlar melhor a alimentação do frango, reduzindo a quantidade e, assim, impedindo que o frango cresça rapidamente.

Outro fator que impulsionou o crescimento mais rápido das aves é que, ao longo das gerações, os pesquisadores e avicultores foram reproduzindo as aves com aquelas em que a genética oferecia uma tendência maior de velocidade.

Apesar do problema, agora é difícil reverter esse processo, uma vez que uma produção mais lenta talvez não atendesse à demanda, aponta a pesquisadora.

Ave machucada

Mesmo sem ser uma razão primária, caso uma ave tenha distendido um músculo, por exemplo, ela pode ter alteração na musculatura e formar o “white striping”.

Ainda assim, para a pesquisadora, isso representa uma minoria dos casos.

*Informações G1 Agro


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