Safra brasileira de café é suficiente para honrar exportação e consumo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de outubro de 2020 às 11:24
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:48
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A safra de café deste ano foi positiva no que diz respeito a volume – é a segunda maior colheita

Na última terça-feira (22), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou seu novo levantamento para a safra 2020 de café no Brasil, estimada em 61,6 milhões de sacas de 60 kg. O volume apurado pela estatal reforça o posicionamento que o Conselho Nacional do Café (CNC) adotou ao longo do ciclo cafeeiro, de que não haveria uma supersafra no Brasil e que o total produzido seria suficiente para honrar os compromissos com as exportações, que devem ficar ao redor das 40 milhões de sacas, com um insumo interno na casa de 21 milhões de sacas.

De acordo com o presidente do CNC, Silas Brasileiro, notícias de que o Brasil colheu uma supersafra de café e que não tem onde armazená-la constituem uma verdadeira especulação mercadológica. “Sempre observamos esta movimentação que visa, principalmente, a depreciar o produto nas negociações. Mas esses atores esquecem que tirar competitividade e, consequentemente, a renda dos produtores, gerará um impacto em médio e longo prazo no equilíbrio, hoje existente, entre oferta e demanda”, analisa.

Brasil tem capacidade de armazenamento

A safra brasileira de café deste ano foi positiva no que diz respeito a volume – é a segunda maior colheita da história, ficando atrás apenas de 2018 – e, em especial, qualidade. As questões climáticas na época da colheita, com quatro meses praticamente sem incidência de chuvas, favoreceram o andamento dos trabalhos.

Além disso, diante do cenário de pandemia da Covid-19, o CNC, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), lançou a cartilha Orientações sobre prevenção ao coronavírus durante a colheita do café, que contribuiu para o bom desenvolvimento da cata.

“A combinação de clima seco com as instruções que transmitimos permitiram um andamento célere da colheita, culminando em maior entrada de café nos armazéns de nossas cooperativas em um período mais estreito. Isso não foi problema, pois as cooperativas cafeeiras que compõem o CNC vêm se estruturando e aumentando suas capacidades”, explica Brasileiro.

Comercialização

Outro ponto levantado por ele que justifica o maior volume de café estocado nas cooperativas, reflete o profissionalismo e a capacitação dos produtores na negociação. “A maior parte desse café nos armazéns não implica excesso de oferta, uma vez que, dependendo da cooperativa e de sua localidade, entre 60% e 70% desse produto estocado já se encontra comercializado, percentual acima da média para esse período, que se situa pouco acima de 40%”, revela.

O presidente do CNC destaca que os produtores estão cada vez mais capacitados e contam com a expertise dos departamentos técnicos das cooperativas para realizarem bons negócios, travando suas vendas de maneira antecipada. “O resultado é que os cafeicultores cooperados entregam, hoje, seu café acima de R$ 600 por saca, preço superior ao negociado no mercado físico atualmente”, compara.

As diversas formas de comercialização que as cooperativas do CNC oferecem, como barter, que envolve a troca do café por insumos e maquinários, por exemplo, também contribuem para o cenário de bons volumes estocados. “Por isso, grande parte dos cafés armazenados já está vendida, com nossas cooperativas os preparando para entregá-los aos compradores”, explica.

Silas anota, ainda, que a demanda pelo produto brasileiro permaneceu aquecida, mesmo com o cenário da pandemia de Covid-19. “O Brasil cumpriu seu papel de produzir com qualidade em quantidade para suprir a demanda dos nossos clientes internos e internacionais. Dizer que há uma supersafra e que existe café sobrando, sem espaço para armazenamento, não condiz com a realidade do país, que possui a cafeicultura mais estruturada e profissional do mundo”, conclui.

Atualização do Funcafé

Até esta sexta-feira (25), 30 instituições financeiras assinaram contratos para o recebimento de recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), totalizando R$ 5,108 bilhões, valor que corresponde a 89,45% do total de R$ 5,710 bilhões disponíveis. Ainda restam dois agentes – Santander Brasil (tomou parcialmente os recursos) e Citibank – que se credenciaram a rubricar os contratos, envolvendo um montante de R$ 602,5 milhões.

Já a liberação dos recursos aos agentes até o momento se encontra em R$ 2,061 bilhões, com data de referência de 4 de setembro. Do volume repassado, R$ 861,4 milhões foram destinados à Comercialização, o que corresponde a 37,5% do disponibilizado para esta linha; R$ 566,4 milhões para Custeio (35,4%); R$ 362,1 milhões ao Financiamento para Aquisição de Café – FAC (31,5%); e R$ 270,6 milhões para Capital de Giro (41,6%).

As informações são do CNC.


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