Relacionamentos “ioiô” podem prejudicar, e muito, a saúde mental

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de agosto de 2018 às 20:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:58
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Quanto mais um casal termina e faz as pazes, maiores são as chances de depressão e ansiedade

Conhecidos como “ioiô” ou “ping-pong”, relacionamentos em que os
casais terminam e voltam com frequência podem ter impacto negativo na saúde
psicológica das pessoas, aponta estudo publicado recentemente na revista Family
Relations
.

Segundo especialistas, terminar o namoro e depois de pesar os prós
e contras reatar nem sempre é ruim; na verdade, a separação pode ajudar os
parceiros a perceberem a importância do relacionamento, contribuindo para uma
união mais saudável e comprometida.

No entanto, se esta atitude é corriqueira, pode
indicar que algo não vai bem e pode ser extremamente tóxico para a saúde emocional e mental. “As descobertas sugerem
que as pessoas que terminam a relação e voltam a ficar juntas precisam analisar
a situação mais de perto para determinar o que e por que não está funcionando”,
explicou Kale Monk, professor da Universidade do Missouri, nos Estados
Unidos, ao Medical Daily.

Reflexo emocional

Os relacionamentos amorosos exercem grande efeito
no bem-estar dos indivíduos, assim como o término está associado ao sofrimento psicológico, que pode ser pontual e de curta
duração. Entretanto, quando esse ciclo se repete com o mesmo parceiro, pode
facilitar a aparição de problemas mais graves, como a depressão.

Para comprovar cientificamente esta realidade, os
pesquisadores avaliaram 545 participantes – 266 estavam em
relacionamentos heterossexuais e 279 se relacionavam com pessoas do mesmo sexo.
A escolha dos relacionamentos homossexuais foi uma proposta da equipe para
identificar as disparidades existentes entre os diferentes tipos de relações
amorosas.

Os resultados apontaram que quanto
mais um casal terminava e ‘fazia as pazes’, maiores eram as chances de depressão,
ansiedade e outros sinais de sofrimento psicológico – termo geral usado para descrever sentimentos desagradáveis ou emoções
que afetam o nível de funcionamento do indivíduo. A pesquisa ainda revelou que
a ocorrência do ‘iô-iô’ foi praticamente a mesma em relacionamentos
héteros ou homossexuais. Entretanto, a frequência foi mais alta no caso de
casais gays em comparação com lésbicos ou heterossexuais. 

Diante das descobertas, a equipe
determinou que padrões ‘iô-iô’ causam aumento dos sintomas de sofrimento
psíquico.

Por que reatamos, então?

Embora a maioria das pessoas saiba
que os relacionamentos desse tipo sejam emocionalmente exaustivos, muitos
acabam vivenciando a experiência. Um estudo anterior, publicado no The
Journal of Social Psychology
, apontou alguns dos motivos mais
comuns pelos quais os casais insistem em manter uma relação que claramente não
está funcionando.

Algumas das explicações envolvem segurança financeira, a presença de filhos ou a
sensação de que o tempo investido no relacionamento vale o esforço de ‘tentar
mais uma vez’ – ainda que já tenham sido muitas. Para Monk, os casais
que sentem a necessidade de dar mais uma chance à relação devem fazê-lo por
realmente desejarem se manter juntos e não por obrigação.

O especialista ainda enfatizou a importância da comunicação, mencionando que a terapia de casais pode permitir conversas mais francas
sobre problemas que estão prejudicando o namoro (ou casamento) e são ignorados
pela dificuldade em abordá-los sem a ajuda de um profissional. No entanto, se a
pessoa já notou que a toxicidade da relação está prejudicando a saúde física e
mental em demasiado, ela não deve se sentir culpada em romper; o fim do
relacionamento será benéfico para ambos.


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