​Rejeição de projeto na Câmara mostra que Gilson de Souza não tem amigos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 10:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:06
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Com as articulações para as
eleições de 2020, prefeito vê
que os interesses falam mais alto

A Câmara de Vereadores rejeitou um projeto de lei do prefeito Gilson de Souza que suplementava a verba da FEAC para as festividades do final do ano e também para outras despesas.

Na mesma sessão deveria entrar um projeto de lei em que o prefeito pedia autorização da Câmara Municipal para contrair um empréstimo de R$ 10 milhões.

Na justificativa, o prefeito disse que o empréstimo seria para recapear as ruas cujo asfalto está deteriorado. Para o prefeito é mais barato recapear do que fazer a operação “tapa buracos”.

Acontece que o projeto precisava da assinatura de 10 vereadores para entrar na sessão no chamado “regime de urgência”. Pois bem: o prefeito não conseguiu as assinaturas e o projeto nem foi discutido.

Político experiente, bom articulador, o prefeito sabe que começou a beber café frio muito antes da hora. Existe uma máxima na política de que, no último ano do mandato, nem a copeira serve mais café quente para seus superiores.

Pode ser um folclore político, mas ele carrega um fundo de verdade, para não dizer que essa máxima é muito verdadeira.

Gilson de Souza descobriu muito cedo que não tem amigos, tem interesses.

Na Câmara Municipal tem vereadores que há alguns meses foram na tribuna fazer a defesa veemente da necessidade de alocar recursos para o recapeamento.

Quando tiveram a oportunidade de ajudar o prefeito a destinar os recursos para o recapeamento, esses vereadores foram os primeiros a arranjar motivos para rejeitar o projeto.

O que isso significa? Simples: que a consciência política hoje se chama rede social, que o interesse pessoal fala mais alto do que o interesse comunitário.

Vereador que entrava no Gabinete do Prefeito pela entrada de serviço, que fazia do Gabinete sua sala de reunião, hoje mudou a etiqueta da testa para “independente”, paladino dos interesses comunitários.

Tirando os quatro vereadores que, desde o primeiro momento, mantiveram a coerência de votar pelos interesses da cidade e, muitas vezes contra o prefeito, não se vê muita coerência na posição dos vereadores.

Adermis Marini, Della Mota, Kaká e Marco Garcia têm suas posições pela defesa da moralidade e do bem comum. Muitas vezes se desgastaram por manter suas posições. Mas o posicionamento deles é conhecido e o próprio prefeito respeita.

Difícil para Gilson de Souza é entender o que acontece. Logo ele que recebe no seu gabinete os vereadores da base, faz um afago e um gesto de carinho, resolve suas demandas, para depois ouvir o voto contrário na Câmara.

O eleitor sabe que o voto contra não foi por coerência. Seria esperar muito. O voto contrário é uma questão de sobrevivência e medo da repercussão nas redes sociais.

Tem muito vereador que sabe que seus votos no pleito de 2020 não serão suficientes para colocá-lo de novo na Câmara Municipal. Por isso tenta se desgarrar da imagem de amigo do prefeito.

Tem quem tenta vender a imagem de independência e, quem sabe, passar para o eleitor que trabalha para a cidade. Mas o que menos fez durante o mandato foi pensar na cidade, mas sim na sua sobrevivência.

Só que, como diz a máxima, não há bem que sempre dure e nem mal que não acabe. As pessoas estão mais atentas. E o eleitor sabe quem são os traíras, os despojados de princípios éticos.

Para o leitor que não está entendendo, esse texto não está fazendo a defesa do prefeito Gilson de Souza: está apenas utilizando um exemplo prático para mostrar que em política não existem amigos, mas sim interesses.

E também que o último ano de mandato de Gilson de Souza vai ser um ano de café frio.

Caio Mignone


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