Registro de espécie rara de tatu em Patrocínio inspira criação de nova associação

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de novembro de 2018 às 16:05
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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O flagrante foi 1º registro científico do tatu-de-rabo-mole-grande em Patrocínio

Alunos do último semestre de biologia, Lucas Silva e Gabrielli Cristina, foram surpreendidos por registros feitos durante um levantamento de fauna em Patrocínio Paulista (SP): as armadilhas fotográficas flagraram um tatu-de-rabo-mole-grande.

A surpresa não é pra menos, já que esse é o primeiro registro científico da espécie na região. “Pelo conhecimento dos pesquisadores constatamos que é rara a visualização do animal na área estudada”, explica Lucas.

Animados com os flagrantes, os alunos decidiram fundar uma associação em prol das causas ambientais. “Queremos criar uma RPPN no local e, assim, desenvolver estudos na área, levantamento de espécies e ações voltadas à proteção dos animais e melhoria da qualidade do meio”, diz.

Jaguatirica também foi registrada durante os estudos da fauna local — Foto: Lucas Silva/Gente da Terra

A dificuldade em observar os indivíduos, que possuem hábitos principalmente noturnos, impossibilita a avaliação de risco de extinção da espécie, por isso, os registros dão sinais de esperança para a ciência e para a vida selvagem.

“É bastante gratificante conseguir registros diferentes do casual e encontrar o tatu chama bastante atenção pelo fato de ser uma região que sofre pressão antrópica. Mesmo com a influência do homem, vemos que as espécies estão se adaptando”, comemora o estudante, que também registrou lobo-guará, onça-parda e jaguatirica.

Tatu-de-rabo-mole-grande

Podendo pesar até seis quilos, o tatu-de-rabo-mole-grande (Cabassous tatouay) é a maior espécie do gênero. Adaptado a cavar e viver debaixo do solo, o animal, considerado fossorial, faz as tocas mais largas do que altas.

Com cinco dedos, unhas compridas nos membros anteriores e orelhas grandes que se estendem acima do topo da cabeça, a espécie também se diferencia das demais pelos escudos cefálicos, que variam entre simétrico e irregular.

Formigas e cupins compõem a dieta do tatu-de-rabo-mole-grande, que pode forragear tanto na superfície quanto no subsolo.

A espécie é a maior do gênero Cabassous  — Foto: Lucas Silva/Gente da Terra

Amplamente distribuído no Brasil, ocorre na Mata Atlântica, no Cerrado e no Pampa. Estudos indicam que a espécie se limita ao norte pelo sul do Pará, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas a ocorrência é incerta já que a sobreposição e a semelhança morfológica com outras espécies do gênero dificultam as pesquisas e geram dúvidas sobre a distribuição.

A falta de informação e os poucos registros da espécie também impossibilitam as estatísticas quanto à população que, aparentemente, não é restrita a habitats primários, ou seja, habita também locais amplamente degradados ou com atividades agrícolas.


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