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Os lugares com menos poluição atmosférica e luminosa se tornam os melhores para apreciar estes fenômenos, como é o caso da Canastra
O que teria em comum entre o Parque de Nevada, nos Estados Unidos, o Parque Kruger, na África do Sul e o Deserto do Atacama no Chile, com a Serra da Canastra?
Olhe para cima e saberá imediatamente. A imensidão de estrelas vistas a olho nu e as belezas que o céu oferece. A visão destas maravilhas faz parte do chamado “Astroturismo”, algo pelo qual a humanidade sempre foi fascinada por corpos celestes, e que vem se transformando nos últimos anos em uma grande tendência mundial.
E a Canastra está entrando nesta rota. Desde o mês de agosto de 2021 que a região da Serra da Canastra vem sendo palco de expedições capitaneadas por Rafael Marques. No dia 10 de junho, ele realizou a 5ª edição do Tour Astronômico no complexo Cachoeiras Pé da Serra e a Expedição Serra do Cigano, no dia seguinte, para a observação do Sol.
Um grupo de 10 pessoas participou, das 20h30 até 1 hora da manhã, no último final de semana, em São João Batista do Glória de uma experiência fascinante.
Observação do céu
Inicialmente, Rafael Marques, guia de Turismo em formação pela Universidade de Araraquara (Uniara) e proprietário da agência de astroturismo, Astro Traveler, fez uma explanação sobre astros celestes, sobre a importância da conscientização do bioma cerrado e, principalmente, do uso correto de iluminação e como as luzes de LED podem prejudicar a saúde humana e a vida selvagem noturna, além de poluir e prejudicar a visão do céu.
Na sequência, todos foram encaminhados com o uso de uma luz vermelha para o ponto onde estavam instalados dois telescópios para a observação do céu.
Com pouquíssima iluminação, pois as luzes mantiveram-se apagadas durante praticamente todo o tempo da experiência, os participantes conseguiram visualizar a constelação de Escorpião, a Via Láctea, o Cruzeiro do Sul, e inúmeras estrelas. Já com o uso do telescópio, os “astroturistas” viram bem de pertinho o brilho singular de várias estrelas, aglomerados e nebulosas.
De acordo com Marques, Astroturismo é um segmento do turismo focado na divulgação científica, reconhecimento do céu, observação dos planetas e corpos celestes em geral, além de fenômenos astronômicos.
Sem poluição luminosa
“Por exemplo, eclipses, chuvas de meteoros, aurora boreal e/ou austral, entre outros. O Astroturismo enfatiza a conscientização da proteção do nosso patrimônio natural e cultural, o céu escuro. Por isso, os lugares, geralmente, com menos poluição atmosférica e luminosa se tornam os melhores para apreciar estes fenômenos, como é o caso da Canastra. Eles também contam com clima e topografia favoráveis”, explicou.
Para a designer de interiores de Passos, Francine Silvério, a experiência foi incrível e cheia de aprendizado e apreciação.
“Poucas vezes tive a oportunidade de avistar um céu tão lindo e limpo. Sem a poluição luminosa ou nuvens, pude ver pelo telescópio e a olho nu, constelações, galáxias, meteoros, uma infinidade de estrelas, inclusive, três estrelas cadentes (quem viu, viu) e conseguimos fotografar. E até mesmo pude segurar nas mãos e tentar adivinhar qual das três pedras se tratava de um fragmento de meteorito. Foi emocionante!”, afirmou.
Gente de longe
A professora de Londrina, no Paraná, Patrícia Schirmer, veio curtir o feriado na Canastra e sabendo da expedição se inscreveu. Ela contou que o evento foi incrível.
“Confesso que foi uma oportunidade de refletir sobre como avançamos tecnologicamente e por outro lado nos afastamos de coisas simples como olhar para o céu noturno, como faziam os antigos, e do mesmo céu tiravam grandes conhecimentos. Além disso, tivemos a oportunidade de observar o céu e aprender um pouco. O evento conta também com uma parte gastronômica deliciosa. Adorei participar, superindico”, disse.
Atividade ainda reuniu o ecoturismo, gastronomia e a riqueza cultural
O evento reuniu ainda o ecoturismo, pois fica em uma região cheia de belezas naturais, de gastronomia com caldos, chocolate quente, bolos e vinho. Também foram apresentados vídeos de questões culturais típicas da região como a produção de filtros de barro em São João Batista do Glória.
Outro participante da experiência foi André Araújo de Azevedo, também de Londrina, onde tem um perfil voltado para estilo de vida, incluindo trazer turistas do Paraná para a região da Serra da Canastra.
Ele conta que nunca tinha feito qualquer experiência astronômica, e que esteve no mês passado no Atacama, mas, por falta de um especialista em astronomia não pode presenciar as belezas daquele céu com a mesma precisão desta experiência da Canastra.
Noite estrelada
“Achei incrível, não só pelo cenário que por si só já é de brilhar os olhos. Perdemos a conexão com a natureza de forma geral no nosso dia a dia. Então, foi uma experiência muito interessante. Foram muitas informações relevantes sobre os astros celestes e achei incrível a foto com a noite estrelada. Os astros realmente contribuíram, pois não tinha uma nuvem sequer no céu”, afirmou.
No último domingo, outro grupo participou da expedição na Serra do Cigano, uma parceria do Astro Traveler com o Perez Adventure, de Fábio Henrique Perez. Foi feita a observação do Sol com telescópio no pico da serra a exatos 1.384 metros de altitude.
Além da Canastra, se alguém se interessar pode ir ao Arizona, Nevada e Novo México, nos EUA. Ao Deserto do Atacama, no Chile, onde a prática é muito comum, por ser totalmente escuro, com céu limpo e claro. Lá é possível ver várias constelações do hemisfério sul, com destaque para a Via Láctea e inúmeros objetos de céu profundo.
Destino certo
Também pode ir aos países como Noruega, Suécia, Islândia, Finlândia e Canadá, que são destino certo para quem deseja observar a aurora boreal, que é um acontecimento por influência das partículas liberadas pelo Sol e interação com o campo magnético da Terra, logo, se forma no céu naturalmente, cheio de cores, que pode ser visto a olho nu.
Ainda podem ser vistos fenômenos na Reserva Dark Sky, em Portugal, em Nuweiba, no Egito, em Wadi Rum, na Jordânia, no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, na Reserva Natural de NamibRand, na Namíbia, em Tenerife, na Espanha.
Segundo uma publicação da Folha Regional, no Brasil os melhores locais são o Parque Estadual do Desengano, Rio de Janeiro (primeiro Dark Sky Park do Brasil), a Serra da Mantiqueira e a Região da Serra da Canastra, em Minas Gerais, o Vale do Paraíba, em São Paulo, além do Alto Paraíso de Goiás, em Goiás.