​Reeducandos de Serra Azul produzem casinhas para cães abandonados

  • Joao Batista Freitas
  • Publicado em 21 de outubro de 2020 às 07:43
  • Modificado em 21 de outubro de 2020 às 07:43
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Madeira usada como matéria-prima na produção dos abrigos caninos seria descartada como entulho no município

Presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) “ASP Sandro Alves da Silva” de Serra Azul usam madeiras que seriam descartadas como entulho e viraram matéria-prima para a construção de casinhas de cachorros. 

A iniciativa, que recebeu o nome de “Projeto Acolher”, nasceu quando o diretor da unidade, Valdemar Alves dos Santos, viu uma publicação na rede social de um empresário de Serrana sobre instalação de pontos de alimentação e de bebedouros para animais em situação de rua.

“Entrei em contato com o Wagner [empresário] para falar sobre um projeto semelhante desenvolvido em outro presídio da Secretaria da Administração Penitenciária [SAP], que era a construção de casinhas para cães, e me coloquei à disposição para desenvolver essa ação também no CDP de Serra Azul”, conta Santos.

A oportunidade de obter matéria-prima para a produção das casinhas surgiu durante a reforma de uma quadra municipal de esportes, cujo piso de madeira seria substituído.

“O Wagner teve conhecimento de que a madeira, inicialmente, seria descartada como entulho. Então, conseguimos que o município doasse o material para o nosso projeto”, frisa o diretor do CDP.

Projeto

Já com a matéria-prima em mão, o projeto começou a ser executado. Empresários de Serrana, engajados na causa, ficaram responsáveis pelo fornecimento de outros materiais, como pregos, parafusos e lixas, por exemplo, enquanto a unidade prisional disponibilizou a mão de obra carcerária para a confecção das casinhas.

Quatro presos, que já atuavam no trabalho de marcenaria, iniciaram a construção das casas, de forma voluntária. 

“As madeiras foram cortadas em vários tamanhos, lixadas, plainadas e furadas. Até o momento, foram montadas dez casinhas”, enumera Santos.

O diretor explica ainda que, na medida em que as casas forem sendo construídas, serão distribuídas a entidades de proteção animal que realizam feiras de adoção na cidade e região. 

“O objetivo é que, ao adotar um animal, a pessoa ganhe uma casinha para o seu novo bichinho de estimação”, explica.

Parceiro no projeto, o empresário Wagner Cândido destaca que a distribuição das casinhas para ONGs de proteção animal deve incentivar a adoção de pets de rua. 

“Não podemos deixar de citar, também, os benefícios para os presos. Existe a possibilidade de ressocialização do detento, aliando o trabalho a esse projeto social”, pontua.

Um dos reeducandos que atua na construção das casinhas, Ronaldo César Justino, de 52 anos, destaca que a iniciativa colabora para a reinserção do preso ao convívio social e também com a causa animal.

“Além de ocupar o tempo, ocupa a mente. É bom saber que estamos pagando a nossa dívida com a sociedade e ainda ajudando a cuidar dos animais abandonados. Participar desse projeto nos ajuda a recuperar a autoestima”, finaliza.


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