Redução da taxa de juros torna poupança mais atrativa, mostra estudo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de abril de 2018 às 12:39
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:41
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

A rentabilidade da poupança não sofre incidência de Imposto de Renda e nem cobrança de taxa de administração

As sucessivas reduções da taxa básica de juros, a Selic, estão
tornando o mais tradicional investimento do país, a poupança, mais atrativa.
Desde outubro de 2016, a Selic já passou por 12 cortes seguidos e a expectativa
é de que volte a ser reduzida do atual patamar de 6,5% ao ano para 6,25% ao
ano, em maio. No início do atual ciclo de cortes, a Selic passou 14,25% para
14% ao ano.

A rentabilidade da poupança não sofre incidência de Imposto de
Renda (IR) e não há cobrança de taxa de administração, como nos fundos de
investimento, por exemplo.

Desde maio de 2012, há regras diferentes para o cálculo da
poupança de acordo com o nível da Selic. Quando a Selic fica igual ou acima de
8,5% ao ano, a caderneta rende 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais a Taxa Referencial
(TR), tipo de juro variável. Abaixo de 8,5% ao ano, a caderneta rende 70% da
taxa Selic mais variação da TR.

Segundo estudo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac), a poupança é melhor opção quando comparada
a fundos de renda fixa, que cobram taxas de administração acima de 1% ao ano.
Além da taxa de administração, os rendimentos do fundo de investimento sofrem
incidência de IR. Quanto menor o prazo de resgate, maior é a tributação, que
varia de 15% a 22,5% dos rendimentos.

De
acordo com as simulações da Anefac, se um investidor aplicar R$ 10 mil, em 12
meses o rendimento da poupança chegará a 455 (4,55% ao ano), na aplicação
seguindo as regras atuais.

Em
um fundo de investimento, com taxa de administração de 0,5% ao ano, o ganho
ficaria em R$ 491, ou seja, acima do rendimento da poupança. Com a taxa de
administração de 1% ao ano, o rendimento acumulado seria de R$ 466. Já com a
taxa de administração de 1,5%, o rendimento perde para a poupança, pois chega a
R$ 441. “Mesmo com a queda da Selic, os fundos continuaram cobrando o mesmo
percentual de taxa de administração que cobravam anteriormente. Ou seja, quando
a Selic estava em 14,25%, as taxas variavam de 1,5% a 3% e agora que a Selic
está em 6,5% ao ano, continuam cobrando a mesma taxa”, disse o diretor de
Economia da Anefac Miguel de Oliveira.

Para o diretor da Anefac, é “inevitável” que as instituições
financeiras lancem fundos de investimentos com taxas de administração mais
baixas para não perder clientes. “Os bancos já estão perdendo clientes para
poupança e Tesouro Direto, onde eles não ganham nada. Naturalmente, esse quadro
vai levar os bancos a reduzir suas taxas de administração”, disse Oliveira.

Outra opção para os investidores mais conservadores são os
certificados de Depósito Bancário (CDBs), títulos emitidos pelos bancos.
Geralmente, os bancos oferecem o CDB pós-fixado, com rentabilidade parecida com
a Selic (taxa do CDI – Certificado de Depósito Interbancário). Por isso,
Oliveira calcula que para garantir ganho igual ao da poupança, o investidor tem
que obter uma taxa de juros de cerca de 85% do CDI. As aplicações em CDB pagam
igualmente Imposto de Renda de acordo com o prazo de resgate da aplicação.

Há ainda as aplicações no Tesouro Direto, que também têm
incidência de Imposto de Renda sobre os ganhos e cobrança de taxa de custódia.
“O Tesouro Direito é uma boa alternativa, ela compete com a poupança. O Tesouro
Selic, por exemplo, rende 100% da Selic. Portanto, rende mais que a poupança. A
questão é que a poupança é muito mais simples de aplicar, é melhor
compreendida. No caso do Tesouro Direto, tem que entrar lá no sistema e
escolher o papel, se atentar para o prazo de resgate. Então, há certa
dificuldade”, disse Oliveira.

Para o coordenador do MBA em gestão financeira da Fundação Getulio
Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, é preciso ter algum conhecimento sobre o mercado para saber o
melhor momento de investir no Tesouro Direto ou resgatar o investimento. “O
Tesouro Direto é uma ótima opção, mas não é tão simples como as pessoas fazem
parecer. É preciso ter
algum conhecimento para saber a hora de vender ou de comprar. Você não vai
comprar para somente exercer o seu direito no vencimento. Você vai comprar para
exercer o direito em algum momento intermediário. E aí, tanto você pode estar
ganhando como perdendo, quando comparado com outros investimentos”, afirmou
Teixeira.

Perfil do investidor

Oliveira explicou que para decidir onde investir é preciso
analisar, inicialmente, o perfil do investidor. “É preciso saber se é um
investidor que aceita correr risco ou não. Se não aceita correr risco, não vai
se atrever a aplicar em bolsa de valores”. Outra observação é quanto ao
tempo para resgatar a aplicação. “Se aplicar o dinheiro em um fundo de ações,
pode precisar resgatar em um momento em que as ações estejam perdendo valor. O
risco é maior”, disse.

“Se o investidor é conservador, a melhor alternativa é a poupança, o
Tesouro Direto ou CDB de um grande banco. Se aceita correr risco, pode pensar
em aplicar, se não todo o dinheiro, mas parte dele, em um fundo de ações”,


+ Economia