Redação do Enem: e se o examinador discordar da opinião do meu texto?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 19 de outubro de 2019 às 21:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:56
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Especialistas explicam se isso poderia efetivamente acontecer e afetar a nota do candidato nos exames

Você lê a proposta de redação, tem várias ideias a partir da coletânea, constrói uma linha de raciocínio, define qual posição irá defender, estrutura o texto e pronto: sua redação já está praticamente pronta. 

Mas, ao escrever a dissertação, você lembra que ela será corrigida por outra pessoa — que pode discordar dos seus argumentos e ser contrária à sua opinião. Será que isso é realmente um problema?

“Não há correção ideológica. A capacidade de sustentação da opinião com bons argumentos é o que está em jogo”, garante Wellington Borges Costa, coordenador de Redação do Grupo Etapa.

Ana Paula Dibbern, professora do Cursinho Maximize, de São Paulo (SP), ressalta que em exames como Fuvest e Enem, por exemplo, a capacitação dada aos corretores é bastante detalhista e rigorosa. 

“Nesses treinamentos são discutidas todas as possibilidades de argumentação para o tema da redação e qual a pontuação adequada para cada caso. Dessa forma, o corretor não tem autonomia para atribuir determinada nota a uma redação só porque ele tem uma opinião diferente”, afirma. 

Além disso, ela explica que as redações são corrigidas por dois corretores. 

Se um deles corrigir corretamente e o outro ignorar os critérios de correção, atribuindo uma nota menor do que deveria, o sistema irá apontar uma discrepância entre as notas.

Nesse caso a redação será enviada para um terceiro corretor (no Enem) ou para uma banca (na Fuvest). 

Nos dois casos, a nova correção será adequada aos critérios de correção.

“Os corretores que ‘discrepam’ muito são reavaliados e podem perder o direito de continuar corrigindo. 

Ou seja, há bastante rigor em todo o processo de correção e, se o aluno se mantiver dentro das regras do edital e respeitar a Constituição Brasileira, não há o que temer”, completa Ana Paula.

Outra dúvida que o estudante pode ter, ainda pensando sobre o impacto de suas opiniões, é: e se ele tiver uma opinião formada sobre um tema, mas conseguir construir mais argumentos contra o que ele pensa: vale a pena defender algo que não concorde? 

Para a especialista esse é um falso dilema, pois, para ter uma opinião sólida sobre um tema, o estudante já teve contato com muitos argumentos alinhados à sua posição e não terá dificuldades para argumentar. 

“Eu não recomendo que o aluno defenda, na redação, algo em que não acredite. É como mentir em uma entrevista de emprego: a chance de se contradizer é grande. Na redação, isso pode afetar a coerência e a tese.”

Já Wellington acredita que o estudante deve tomar a decisão que permitirá redigir o melhor texto possível. “A tese a ser escolhida deve ser aquela para a qual se dispuser de mais e melhores – mais consistentes – argumentos.”

Reta final

Para te ajudar a ter o melhor desempenho possível, os especialistas deram algumas dicas de última hora:

“Mantenha-se informado sobre os debates públicos de atualidades, sem descuidar do estudo dos aspectos gramaticais mais relevantes, como ortografia e acentuação gráfica, concordância, regência e crase”, diz Wellington. 

Para Ana Paula, é fundamental conhecer a estrutura de uma redação dissertativo-argumentativa. 

“Depois é importante dar uma olhada nas provas anteriores, nos critérios de correção e em exemplos de redações bem avaliadas. Aí é hora de fazer algumas redações para treinar”, completa.


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