Quer parar de fumar em 2021? Para ajudar, OMS lança uma campanha

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 31 de dezembro de 2020 às 20:19
  • Modificado em 31 de dezembro de 2020 às 20:19
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Fumantes têm maior risco de desenvolver um quadro grave e morrer de Covid-19

Fumantes têm maior risco de desenvolver um quadro grave e morrer de Covid-19; fumar afeta sua aparência; o tabaco ameaça a saúde de pessoas próximas — não apenas a sua. 

Essas são algumas das mais de cem razões para abandonar o tabagismo listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em uma campanha mundial lançada recentemente. 

A iniciativa “Comprometa-se a parar de fumar durante a Covid-19” vai durar um ano, com o objetivo de ajudar pelo menos cem milhões de pessoas a largar o cigarro.

De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, “fumar mata oito milhões de pessoas por ano, mas, se as pessoas precisarem de mais motivação para largar o vício, a pandemia fornece o incentivo certo”. 

O pneumologista Gilmar Zonzin explica que os fumantes têm maior risco de desenvolver sintomas graves da Covid-19 por diferentes motivos.

“O mais pontual deles é que o consumo de cigarro aumenta nos pulmões a expressão de determinadas proteínas que são pontos de ligação de entrada do vírus nas células do aparelho respiratório. Se eu fumo, eu facilito o processo de penetração do vírus no órgão”, explica o médico e professor do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA).

Zonzin destaca ainda que quem fuma já tem o pulmão e o corpo inflamados, e portanto tem mais propensão a reagir com resposta inflamatória, que é um dos mecanismos de agressão adicional da doença provocada pelo coronavírus:

“Imagina o vírus agredindo um aparelho respiratório que, em vez de ser saudável, já é lesionado, vulnerável e adoecido pelo consumo de cigarro”.

Andrea Reis, chefe da Divisão de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco do INCA, acrescenta que os fumantes também podem ter o risco aumentado de contrair a doença por levarem a mão à boca o tempo todo. 

E ainda acrescenta: “o fumante não pode ficar passando álcool em gel porque é inflamável, e, se ficar toda hora lavando a mão, o cigarro acaba esfarelando”.

Para piorar o cenário, a pandemia do novo coronavírus pode incentivar o tabagismo, com o aumento do estresse, além de tornar o desafio de parar de fumar ainda maior.

“Não temos uma pesquisa que possa comprovar se houve aumento, mas sabemos que é um momento de muito estresse e de isolamento, então o INCA se preocupou em incentivar as pessoas em tratamento a continuarem com o desejo de parar de fumar. Também nos preocupamos muito com o tabagismo passivo, dentro de casa”, afirma Reis.

A especialista do INCA ressalta que o tabagismo é uma doença de dependência da nicotina, e é o principal fator de risco modificável para as doenças crônicas não transmissíveis.

“A principal delas é o câncer. Mas pode provocar também o desenvolvimento da tuberculose, infecções respiratórias, doença gastrointestinal, impotência sexual, infertilidade”, enumera Reis, que completa: “parar de fumar é o melhor caminho e é uma boa decisão para o ano novo”.

Orientações para quem quer parar de fumar
Reconheça a dependência química – A dependência química do tabaco é muito forte e é reforçada socialmente. Por isso, é importante ter consciência dessa condição e reconhecer que é preciso buscar ajuda e tratamento. Parar de fumar é, antes de tudo, uma decisão pessoal.

Rápido ou devagar – Uma opção, comum em resoluções e promessas de fim de ano, é decidir parar de fumar e cortar o hábito de uma vez. Outra alternativa é reduzir o consumo aos poucos. Isso pode ser feito de duas formas: diminuindo gradualmente o número de cigarros que se fuma por dia, ou atrasando cada vez mais o horário do primeiro cigarro.

Busque tratamento – Em muitos casos, não é possível parar de fumar por conta própria e é preciso buscar auxílio. O tratamento para o tabagismo está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), com abordagem psicológica e comportamental, e se necessário pode ser recomendado o uso de medicamentos.

Evite ambientes que estimulam o fumo – Muitas pessoas associam o consumo do álcool com o tabagismo. No momento inicial, é recomendado evitar situações e comportamentos que levam ao cigarro até aprender a lidar com isso.

Substitua o cigarro – Buscar beber mais água ou mastigar cravo, canela ou frutas secas pode ajudar a substituir o comportamento sem trazer prejuízos, como o aumento do consumo de alimentos com açúcar.

Mais motivos para parar de fumar, segundo a OMS
Prejudica sua respiração – O tabagismo é a principal causa do câncer de pulmão. Os fumantes têm até 22 vezes mais risco de desenvolver esse tipo de câncer ao longo da vida. Um em cada cinco fumantes de tabaco desenvolve doença pulmonar obstrutiva crônica, especialmente as pessoas que iniciam o hábito durante a infância e adolescência. Fumar também pode piorar a asma em adultos.

Faz mal ao coração – Fumar apenas alguns cigarros por dia, fumar ocasionalmente ou se expor ao fumo passivo também aumenta o risco de doenças cardíacas. Os fumantes de tabaco têm até duas vezes mais risco de derrame e quatro vezes mais chances de desenvolver problemas no coração.

Ameaça a saúde de amigos e parentes – Mais de um milhão de pessoas morrem todos os anos devido à exposição ao fumo passivo. Não fumantes expostos ao fumo correm o risco de desenvolver câncer de pulmão, e a exposição ao fumo passivo está associada à diabetes tipo 2. Os cigarros também podem provocar incêndios acidentais.

Afeta sua aparência – Fumar deixa os dentes amarelados e envelhece a pele mais rapidamente, deixando-a mais enrugada, dura e seca. O tabagismo também aumenta o risco de desenvolver psoríase, uma doença inflamatória não contagiosa que deixa manchas vermelhas que coçam e se espalham pelo corpo. Provoca, ainda, mau hálito e deixa cheiro forte nas roupas e no ambiente.


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