Queixas contra golpes bancários crescem 88% durante a pandemia

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 19 de outubro de 2020 às 21:03
  • Modificado em 19 de outubro de 2020 às 21:03
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Golpistas compravam chips de celular e, usando as fotos das vítimas, criavam perfis falsos

Na última quarta-feira, policiais dos estados de São Paulo, Pará e Goiás prenderam os chefes de uma quadrilha que clonava contas de aplicativos de mensagens para aplicar golpes. Eles compravam chips de celular e, usando a foto da vítima, criavam perfis falsos.

Depois, contatavam os amigos e parentes dizendo ter trocado de número e pediam ajuda com depósitos bancários. Segundo as investigações, o dinheiro ia para contas que eram alugadas pelos criminosos.

De falsas mensagens em aplicativos até a retirada de cartão por um fraudador que se passa por enviado do banco, os golpes bancários se tornaram mais frequentes durante a pandemia. 

De abril a junho deste ano, foram registradas 8.205 mil reclamações contra falta de sigilo e segurança de operações bancárias, segundo dados do Banco Central (BC). No mesmo período do ano passado, foram 4.357 queixas, um aumento de 88,3%.

Para Daniel Dias, professor da FGV Direito Rio, o número de fraudes acompanha o crescimento da abertura de contas digitais e o maior volume de transações bancárias pela internet: As informações são do site do jornal “Extra”, do Rio de Janeiro.

“Dentre esses novos usuários, que antes da pandemia resistiam ao uso ou não tinham acesso às ferramentas bancárias digitais, há uma número considerável de pessoas com menos intimidade e prática com o uso dessas ferramentas”, diz.

Levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também mostra que as instituições bancárias registraram aumento de 80% nas tentativas de ataques de phishing — quando o fraudador usa links e perfis falsos para roubar dados e informações das vítimas. 

Uma das estratégias dessa “pescaria digital” se baseia num site falso que simula a página de um e-commerce renomado.

O advogado do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Igor Marchetti, orienta que, em casos de fraude, o primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência.

Em seguida, deve ser enviado o comunicado ao banco a fim de suspender o pagamento. O consumidor também deve denunciar ao Procon para serem tomadas medidas administrativas e de investigação. 

Caso a notificação para os responsáveis pelo falso site não resolva, pode-se ingressar com uma ação judicial para pedir o estorno do valor.

Segundo a Febraban, os bancos investem cerca de R$ 2 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação destinados à segurança. Para Dias, o consumidor também precisa investir em proteção.

“Para realizar uma transação on-line, o consumidor deve ter um software de proteção contra malware e antivírus instalado em seu celular ou computador Esta é uma proteção primária e muito importante”, afirma.

Como escapar de armadilhas
WhatsApp: Para evitar que o aplicativo seja clonado, habilite a opção “verificação em duas etapas” nas configurações da conta. Cadastre uma senha que será solicitada periodicamente pelo app.

Pescaria digital: Sempre verifique se o endereço da página de internet é o correto. Nunca acesse links ou anexos de e-mails suspeitos. Prefira sites conhecidos e nunca use computadores públicos para compras.

Falso motoboy: Nenhum banco pede o cartão de volta ou envia uma portador para retirar o cartão na casa dos clientes. Na dúvida, desligue o telefone e ligue para o banco, de outro aparelho, para verificar se há algum problema com a conta.

Falso funcionário: Verifique a origem das ligações e mensagens recebidas. O banco nunca liga pedindo senha nem o número do cartão do cliente.


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