Quais exercícios físicos são efetivos para ganhar músculos depois dos 50 anos

  • Teo Barbosa
  • Publicado em 7 de agosto de 2024 às 19:00
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A frequência de treino, para ganhos efetivos, são de duas a três sessões por semana, segundo os educadores físicos

Quando completa cerca de 50 anos de idade, o corpo humano intensifica um processo natural pouco agradável: a perda progressiva de massa muscular, chamada de sarcopenia.

E na terceira idade, menos músculos podem significar também menos independência, já que o corpo passa a ter força e mobilidade reduzida para subir escadas, carregar compras e até ter energia para as tarefas diárias, além de aumentar o risco de acidentes como quedas — e a capacidade do organismo para se recuperar deles.

Também é uma questão que afeta diretamente a saúde. Manter uma boa quantidade de massa muscular contribui para a prevenção de doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares, quadros que se tornam mais comuns conforme as pessoas envelhecem.

Especialistas afirmam que a melhor estratégia para idosos construírem e manterem músculos parece muito com a usada em qualquer idade — e defendem que os resultados podem ser significativos para todos, sejam pessoas com 20 ou 80 anos.

“No pain, no gain”

Sem esforço, não há ganhos – e o aumento de massa muscular segue essa mesma regra.

As evidências científicas mostram que a forma mais eficiente de causar esse processo é treinar ‘até a falha’ – ou próximo a ela.

“Isso ocorre quando você sente desconforto e a velocidade do movimento diminui significativamente, até que não seja mais possível levantar aquele peso ou completar mais um movimento completo.”

Bons resultados, aponta o professor, também são alcançados quando se chega muito perto desse estado de ‘falha’. O que não adianta é fazer um exercício que você considere fácil, esperando que ele traga bons resultados.

De acordo com os especialistas, é comum que as pessoas pensem que não é possível ganhar massa quando se é idoso. “Mas vários estudos mostram que, sim, é possível construir músculos em idades mais avançadas. Mesmo pessoas com 90 anos podem responder ao treinamento de força e aumentar a massa muscular”, diz Eduardo de Souza.

Qual exercício vale?

“De maneira muito simples, a pessoa pode aumentar a massa muscular fazendo leg press dentro de uma academia, assim como fazendo séries de agachamentos com pesos dentro de casa”, indica o professor Eduardo de Souza. O importante é que haja um estímulo que ofereça resistência aos músculos.

“Sabemos que atividades como caminhada e dança são populares entre idosos. São práticas ótimas para saúde mental e para a parte cardiovascular e circulatória. Em uma pessoa que era sedentária, essas modalidades podem até oferecer um pequeno ganho de músculo. Mas para continuar aumentando a massa, não tem outro caminho que não sejam exercícios de força”, descreve Ricardo Guerra.

De acordo com o professor, pensando na manutenção da autonomia e da qualidade de vida na terceira idade, é recomendável fazer exercícios multiarticulares.

“São aqueles que recrutam grandes grupos musculares. Esses exercícios promovem um fortalecimento mais completo e funcional do corpo, e vão ajudar em atividades diárias, como levantar sozinho e carregar as compras”, explica Ricardo Guerra, do Instituto de Saúde e Sociedade da Universidade Federal de São Paulo (ISS/Unifesp).

Exemplos de exercícios

Alguns exemplos desses exercícios, são: agachamentos, levantamento terra, supino, remada, e desenvolvimento de ombros – todos movimentos bastante comuns em treinos de musculação.

“E importante considerar que os aparelhos de academia, ainda que alguns não trabalhem tantos músculos ao mesmo tempo quanto um exercício com o peso do corpo, oferecem uma segurança maior devido à sua estrutura.”

Em contraste, os pesos livres, apesar de mais desafiadores, não têm a mesma segurança integrada. É crucial ponderar as opções disponíveis e também levar em conta a recuperação muscular dos idosos ao planejar um programa de exercícios”, completa Guerra.

Dieta é tão decisiva quanto o treino

Outra medida essencial para o ganho de massa muscular é uma dieta equilibrada com enfoque especial nas proteínas.

De acordo com Sociedade Internacional de Nutrição e Esporte, para o crescimento muscular e manutenção da massa magra, juntamente com exercícios físicos, é necessária uma ingestão entre 1,4 e 2,0 gramas de proteína por kg diariamente.

Como base de comparação, um bife de carne bovina tem cerca de 26 gramas de proteína, e um filé de frango, 32.

Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado de São Paulo (SBGG-SP), “não é raro que os idosos deixem de consumir uma quantidade desejável de proteína, aumentando assim o risco de sarcopenia e fragilidade.”

Quantidade ideal

A instituição sugere que cada pessoa distribua alimentos com proteínas em todas as refeições possíveis e variando as fontes – ovos e leite são citados como boas opções.

Uma pessoa de 70 kg, então, precisaria de um consumo entre 98 e 140 gramas de proteína por dia.

Quando possível, o melhor é consultar um nutricionista, que poderá montar um plano alimentar levando em consideração as necessidades, tipos de atividades e objetivos de cada um.

Recuperação muscular faz parte do ganho

A recomendação de frequência de treino, para ganhos efetivos, são de duas a três sessões por semana.

“Mas iniciar com uma sessão semanal já traz benefícios. Incentivar as pessoas a começar, mesmo que com uma frequência menor, é fundamental”, defende Eduardo de Souza.

O professor afirma que há poucos estudos focados na recuperação muscular de pessoas idosas, mas que esse é um fator que deve ser levado em conta.

“A capacidade de recuperação realmente é diferente, mais lenta. Se o treino for muito intenso ou de volume alto para aquela pessoa, pode causar uma dor muscular que dura de 48 a 72 horas. É importante respeitar o tempo de cada organismo e não oferecer estímulos demais, ainda mais se tratando de idosos, que são, por vezes, mais propensos a lesões”, afirma.

Hormônios

Conforme o corpo humano envelhece, há uma diminuição natural na produção de hormônios fundamentais para a regeneração muscular.

Além disso, o fluxo sanguíneo e a capacidade das células musculares de sintetizar proteínas diminuem com a idade, prejudicando a reparação dos músculos após lesões ou atividades intensas.

Segundo a BBC Brasil, os idosos também são mais propensos a lesões devido aos processos naturais de sarcopenia (perda de massa muscular), osteoporose (à diminuição da densidade óssea) e redução na elasticidade dos tecidos conjuntivos.

“Cada pessoa tem uma condição única, e se o indivíduo não se sentir bem ou não se recuperar adequadamente, em vez de ajudar, pode acabar atrapalhando os resultados. Se um idoso não está se recuperando bem, talvez o melhor seja menos sessões ou com menor duração, até que o condicionamento melhore e a recuperação se torne mais eficiente”, afirma Guerra.


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