Projeto de Franca cria soluções para rastrear doentes do coronavírus

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  • Publicado em 12 de abril de 2020 às 19:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:36
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Desafio on-line lançado pela IMPERA reuniu mais de 100 profissionais, de 8 Estados e do Uruguai

Protótipo do programa BedSystem - Gestão de Leitos (Foto: Divulgação)

​Mais de 100 profissionais de tecnologia (hackers), desenvolvedores, designers, médicos, engenheiros, advogados, publicitários, entre outros, de oito Estados e até do Uruguai atenderam ao chamado da IMPERA (Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Franca)

Todos se uniram no ‘Hackathon For Life’ para criar soluções de rastreamento do contágio do novo Coronavírus (COVID-19) e para a gestão de leitos nos hospitais.

Dois projetos, Geo Med e BedSystem, de Ribeirão Preto e Franca, respectivamente, foram selecionados e serão disponibilizados ao poder público.

O evento, totalmente on-line, foi organizado por um grupo de voluntários, com o apoio de empresas privadas e profissionais de entidades como Unimed Franca, Santa Casa de Franca, Uni-FACEF e Prefeitura Municipal de Franca. 

O médico Homero Antônio Rosa Júnior, da Vigilância Epidemiológica de Franca e membro do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus, e o analista de Sistemas da Secretaria de Saúde, Carlos Algarte, acompanharam todas as etapas do desafio, por videoconferência, e participaram diretamente como mentores.

“Todos os projetos apresentados são relevantes. Precisamos conseguir a aplicabilidade destas soluções com a equipe de TI da Secretaria de Saúde, pois minha preocupação é em relação aos dados dos pacientes, identificação e endereço, que são sigilosos. 

“O mapa de calor proposto dará uma percepção às pessoas de que a doença está se propagando, está chegando, e que elas precisam ter um cuidado maior, não só analisar os casos oficiais, que são os que fizeram testes da doença. A ferramenta, com certeza, vai ajudar a todos”, avalia Homero.

Mapa de calor ilustrativo do programa Geo Med, de rastreamento da doença (Foto: Divulgação)

O ‘Hackathon For Life’ reuniu mais de 100 profissionais, entre participantes e mentores, dos seguintes Estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Distrito Federal, Santa Catarina e Paraíba, sendo um participante do Uruguai.


Eles foram divididos em grupos de trabalho de acordo com suas diversas habilidades, para encontrar soluções para dois temas: rastreamento populacional e do contágio, como forma de garantir uma circulação segura das pessoas e achatar a curva de pacientes que demandam de cuidados médicos.

E sistemas de informação como ferramenta de gestão de leitos dos hospitais de campanha, criados para atender pacientes diagnosticados com a doença.

“O evento foi um sucesso, com grande repercussão. Isso é muito positivo, principalmente de ver a união entre o poder público e o privado, e o engajamento das pessoas em fazer algo voluntário, num momento de crise, de aperto financeiro, de preocupação e falta de perspectiva, e todos doando um tempo para pensar e criar soluções”, diz Jean Dunkl, gestor da IMPERA.

Os grupos selecionados terão a oportunidade de desenvolver as soluções como incubados, durante 6 meses, com todo o suporte e infraestrutura da IMPERA, além de receber ajuda e mentoria das equipes da Unimed Franca, Santa Casa e Prefeitura de Franca. 

“As ferramentas são MVP (Produto Viável Mínimo) e serão austadas e melhoradas durante esse período de incubação. Agora estudamos com os hospitais privados e o poder público os ajustes e implementação do projeto”, explica Alexandre Benedetti, gestor da Incubadora.

As soluções
A Geo Med, formada por uma equipe de Ribeirão Preto (Jean Boudoy, Victor Reis, Matheus Viana Machado, Tiago Alves Neves, Ricardo Barbosa, Matheus Lourenço Pupim e Lígia Adélia da Silva), propõe avaliar a propagação de qualquer doença contagiosa por meio de mapa de calor com as localizações onde os doentes ficaram mais tempo, ou seja, lugares que têm mais chance dos doentes terem contaminado outras pessoas.

Com inteligência artificial, é possível também calcular a probabilidade, em porcentagem, de contágio, de cada pessoa, de acordo com seu perfil de saúde e horas passadas com o contaminado. 

Avalia ainda, por bairro, se há chance de o vírus ter se espalhado, informação útil para o poder público ter uma comunicação mais assertiva e focada geograficamente. 

O programa calcula quantos metros de distância a pessoa ficou de um doente e o risco dela ter sido contaminada.

“A gente quis colaborar para tentar achar uma solução, uma maneira de ajudar. É um período de grande desafio e dúvida para a humanidade. Tenho família na França, um país muito afetado pelo vírus, e estou preocupado. 

“Eventos como este mostram como a tecnologia consegue agregar ao setor da saúde. A ideia do Geo Med é antecipar a progressão da doença com uma atitude ainda mais pró-ativa, através da análise dos dados com as tecnologias de ponta já disponíveis”, diz Jean Boudoy, que atua como diretor técnico.

“A solução é interessante, mas depende da adesão da população para informar seus dados e localização. Vamos estudar melhor o projeto, colaborar no desenvolvimento, e fazer uma simulação para viabilizar a implementação na cidade”, disse Carlos Algarte.

A outra solução, chamada de BedSystem, foi criada por Johnny Donizeti Vaz Ferreira, Gabriel Almeida Machado e André Luís Gomes Soares, de Franca e São Paulo. 

É um sistema de gestão de leitos para gerar informação a nível macro, unificando dados de vários hospitais para agilizar informações e salvar pacientes graves da falta de leito. Utiliza etiquetas com QR Code, sendo um código único para cada leito e informações atualizadas em tempo real. 

Por meio de ferramentas como API e APP oferece cadastro de leitos, gráficos de uso por cidade, por hospital, por tipo (UTI ou simples) e se o leito está ocupado, disponível ou reservado.

“Essa solução é muito interessante. Vai facilitar a catalogação e distribuição de leitos em toda a região. Vamos encaminhar para a Secretaria de Saúde e para a Diretoria Regional de Saúde de Franca (DRS)”, disse Homero.

Para Carlos Algarte, o projeto funciona, mas depende da disposição dos administradores.

“A ideia é boa, simples, viável e efetiva. Se todos os gestores, de hospitais públicos e privados, se engajarem na aplicação e alimentação dos dados, pode realmente ser uma ferramenta de gerenciamento de leitos a nível municipal ou estadual”, avalia o analista.

O ‘Hackathon For Life’
A maratona realizada pela IMPERA, com o objetivo de desenvolver projetos de software com soluções inovadoras frente ao novo Coronavírus, foi totalmente on-line, durante sete dias: das 8h de 30 de março até às 23h59 de 05 de abril. 

Neste período, os participantes contaram com mentoria de profissionais das áreas de Saúde, Tecnologia e Organização.

No dia 06 de abril, os grupos apresentaram os projetos para uma banca formada pelo médico Homero Antônio Rosa Júnior, da Vigilância Epidemiológica de Franca e membro do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus; por Carlos Algarte, analista de Sistemas da Secretaria de Saúde; Ana Carolina Silva Borges, do setor de Inovação da Unimed Franca; Marcelo Reis, gerente de relações institucionais da Santa Casa; e os gestores da IMPERA, Jean Dunkl e Alexandre Benedetti. 

O resultado foi divulgado aos participantes nesta semana.


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