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Objetivo é hidratar plantação diante da estiagem e da diminuição na irrigação diária por conta do racionamento, mas prejuízo é certo
Produtora rural de Franca usa produto que ajuda a hidratar as folhas de café por conta do racionamento de água na cidade
Em meio ao rodízio de água em Franca, que ficou mais rígido a partir deste sábado (18) por conta da falta de chuvas, a produtora rural Renata Takaoka tenta manter o cafezal dela vivo mesmo sem o recurso natural.
Para isso, começou a usar um creme que funciona como protetor solar e ajuda a hidratar as folhas, já que o racionamento também atingiu os produtores da cidade.
“A gente está passando um produto que foi desenvolvido para altas temperaturas, como se fosse um protetor solar, para ver se a gente consegue, com o pouquinho de água que tem, se consegue ficar e não evaporar. O café evapora muito, porque a folhinha está aberta, o chão está aberto”, conta.
Na fazenda dela, a lagoa usada para irrigação abastece o Rio Canoas, um dos responsáveis por enviar água às residências de Franca e que enfrenta níveis baixos nesta crise hídrica.
Irrigação reduzida
Pela lei estadual, a produtora tem outorga para usar 18 horas por dia de irrigação dos mananciais durante sete dias da semana. No entanto, por conta da seca, a quantidade caiu para dez horas semanais, com dois dias de cinco horas de serviço.
“O café bebe muita água para ele sobreviver, para ele florir, para ele encher o grãozinho, para ele suportar esse calor. O café não é de muito sol. Ele hidrata muito. Tem que hidratar ele o tempo inteiro. É muito pouco 10 horas por semana. A gente precisa pelo menos de oito a dez litros a cada dois dias, três dias, e nós não estamos conseguindo fazer isso com essa porcentagem que fomos liberados por conta da seca em Franca”, explica.
Com isso, a dona de 90 hectares de café irrigado na área rural de Franca só pode usar a água em dez hectares.
Para a escolha de quais pés seriam usados, Renata pensou naquele que vai dar os grãos no próximo ano. Porém, ela já sabe que vai ter prejuízos.
“É assustador, porque a despesa é dos 90 hectares, mas quem vai produzir são dez”, lamenta.
40% do consumo de água
Engenheira do Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Sapucaí-Mirim e Grande, Viviane de Sousa Peres explica que os mananciais não conseguem produzir a quantidade de água necessária para o abastecimento de Franca.
Por conta disso, foi preciso contar com a colaboração dos produtores rurais na redução das captações das irrigações nas lavouras.
De acordo com ela, eles são responsáveis por 40% do consumo de água em toda a cidade e estão cooperando no racionamento.
“A colaboração deles está muito importante. Se eles tivessem captando os sete dias da semana, conforme eles possuem a portaria de outorga, não estaria sobrando quase nada para captação do abastecimento. Eles captam no período noturno, onde dá o tempo de recarga do manancial, para durante o dia ser feita a captação quando acontece o consumo urbano”, explica.
*Informações G1