Primeiro estudo brasileiro mostra os riscos da Covid-19 em obesos; saiba quais são

  • Dayse Cruz
  • Publicado em 25 de agosto de 2021 às 12:30
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No país, obesidade foi responsável por 1,33 vezes mais mortes e 1,31 vezes mais entradas de adultos nas UTIs

 

Pessoas com obesidade têm maior tendência de desenvolver covid grave

 

O estudo da Rede CoVida, uma parceria entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia (Cidacs/Fiocruz Bahia) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), concluiu que pessoas com obesidade têm maior tendência a desenvolver um estágio avançado da Covid-19 se infectadas.

Esta é a primeira produção científica com dados usados no Brasil a relacionar Covid-19 e obesidade e corrobora com outras pesquisas desenvolvidas no exterior.

Quando comparada a outras comorbidades, como diabetes ou problemas cardiovasculares, estar acima do peso figura como maior risco de morte para adultos e idosos.

A condição foi responsável por 1,33 vezes mais mortes e 1,31 vezes mais entradas de adultos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Pesquisas parecidas já foram desenvolvidas em outros países, como Estados Unidos, China, França, Itália e México. Segundo Natanael de Jesus Silva, um dos autores do estudo, a obesidade já vinha sendo apontada como um grande fator de risco para consequências mais graves da Covid-19 por cientistas estrangeiros.

“Apesar disso, as evidências ainda não eram claras sobre o efeito combinado que a obesidade com outras doenças cardiometabólicas, como a diabetes e as doenças cardiovasculares, desempenham na gravidade da Covid-19. Em especial, em diferentes grupos etários”, explica.

“Como se sabe, é muito comum que a obesidade esteja associada a uma série de outros problemas de saúde, principalmente à diabetes e a doenças cardiovasculares. Nossa análise avalia como a combinação dessas três enfermidades pode contribuir na evolução dos pacientes”, acrescentou.

Além de ter sido responsável, sozinho, por 1,33 vezes mais mortes e 1,31 vezes mais entradas de adultos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o excesso de peso também levou 2,69 vezes mais brasileiros adultos e idosos a precisarem de ventilação mecânica.

Nos idosos, os números são ainda mais preocupantes. Pessoas obesas maiores de 60 anos foram 1,40 vezes mais admitidas em leitos de UTI e morreram 1,67 vezes mais do que as não obesas.

O grupo avaliou dados de mais de 8.848 adultos e 12.945 idosos no Sistema de Informação de Vigilância de Gripe (Sivep-Gripe).

Ali, ficam registrados os casos e óbitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e Covid-19.

As informações são disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e foram captadas pela Plataforma de Dados Integrados Sobre Covid-19 (PDI-COVID-19) da Rede CoVida.

Em casos em que, além da obesidade, os pacientes também eram diabéticos ou tinham alguma doença cardiovascular, o número de internações em UTI foi 1,6 vezes mais elevado. Já o de óbitos, chegou a ser 1,79 vezes maior.

Os pesquisadores explicam que alguns fatores podem explicar a relação entre a obesidade e o agravamento das condições dos pacientes infectados pelo coronavírus.

O excesso de peso pode causar, por exemplo, descompensação glicêmica e reduzir a elasticidade do tórax. Esses danos dificultam o processo de respiração.

Mais do que isso, a doença é associada à apneia do sono e à doença pulmonar obstrutiva. Tudo isso, impede o bom funcionamento dos mecanismos de ventilação.

O comprometimento da resposta imune também é uma das causas que justificam a ligação entre as duas enfermidades.

Os cientistas afirmam que o indivíduo com excesso de peso se torna mais vulnerável a infecções. Além disso, o corpo dele produz menos respostas a medicamentos antivirais.

“Com estas evidências, é esperado que todas as pessoas obesas, independentemente do grau de severidade, idade, e existência de outras comorbidades, sejam incluídas no grupo prioritário para vacina contra o SARS-CoV-2. Mesmo os pacientes com níveis menores de obesidade já demonstraram vínculos elevados com o quadro grave de Covid”, destaca Natanael.

Atualmente, o Plano Nacional de Imunizações (PNI) prevê como grupo prioritário apenas brasileiros com grau III ou obesidade mórbida. Assim, somente quem tem o IMC igual ou superior a 40 se encaixa nessa prioridade.

*Informações CNN


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