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O álcool em gel está por um preço muito acima do normal? Descubra o que fazer e se proteja
A luta global contra a disseminação do coronavírus ganhou um capítulo local tão dramático quanto oportunista: a batalha pelo álcool em gel.
A orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que o uso de álcool em gel a 70% é medida eficiente de prevenção e combate à pandemia do coronavírus gerou uma corrida pelo produto, que sumiu das prateleiras.
A escassez abriu caminho para aproveitadores, que criaram versões falsificadas (e ineficientes); para ludibriadores, que divulgaram receitas caseiras já refutadas por químicos como perigosas; e para especuladores, que inflacionaram o produto para lucrar com a aflição alheia.
Embalagens de 500 ml, que normalmente custam em torno de R$ 18, são oferecidas por até R$ 90. Frascos de bolsa, de cerca de 50 gramas, chegam a custar R$ 20.
Em alguns estabelecimentos o produto já sumiu das prateleiras e os comércios que ainda possuem estão limitando a venda por cliente.
Outros, na maior cara de pau, exploram o medo das pessoas, que seguem as orientações médicas e dos governos municipais, estaduais e federal, e vão em busca dele: trata-se do álcool 70º INPM em gel.
De R$ 6,90 que era o preço padrão antes das orientações médicas e governamentais e das buscas desenfreadas, o produto agora está sendo vendido por cerca de R$ 30,00. O álcool 70º é considerado essencial na higienização das mãos.
Alguns comerciantes ainda têm coragem de expor a “promoção” em tabuletas nas portas de seus estabelecimentos. Nem é preciso dizer que muitas pessoas compram, porque precisam, mas saem revoltadas pela exploração.
Uma consumidora que chamou a atenção do Jornal da Franca, disse que se fosse um produto supérfluo, cuja aquisição fosse opcional ou só por gosto, tudo bem.
Acontece que, segundo ela, o álcool em gel 70º é um produto essencial para fazer a higiene das mãos e tentar evitar a propagação de vírus, que tantos danos causam às pessoas e à saúde pública.
As pessoas querem e estão fazendo a parte delas nessa cruzada contra o vírus, buscando evitar a proliferação de casos e a hospitalização delas ou de qualquer parente próximo.
Acontece que a falta de escrúpulos está entranhada em muitos que não perdem uma oportunidade de se dar bem, qualquer que seja a situação: feliz ou trágica.
Já teve caso do Procon levar para a delegacia empresário que estava vendendo o álcool gel 70º pelo valor de R$ 30,00. Com a ajuda das pessoas, cansadas de serem exploradas, os fiscais do órgão estão cada vez mais atuantes.
Procon cria “Operação Corona”
Só em fevereiro, a procura por gel antisséptico no mercado online aumentou mais de 150% no Brasil, segundo levantamento da Compre & Confie.
Em São Paulo, o Procon deflagrou nesta semana uma força-tarefa de fiscalização contra essas práticas, chamada de Operação Corona.
Equipes visitaram 50 estabelecimentos e notificaram 30 deles, que deverão apresentar, em 3 dias, documentos oficiais de compra desses produtos nos últimos três meses.
Desta maneira, o Procon pode verificar se a empresa está agindo de maneira oportunista por conta da crise, aumentando o preço de um produto em alta demanda para obtenção de lucro”,
Ações também têm sido disparadas pelo órgão em outros estados; em Santa Catarina, um mercado foi notificado.
Prática abusiva
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, aumentar preços de produtos ou serviços sem justa causa e obter vantagem desproporcional é caracterizado como prática abusiva.
O Procon, que lançou um canal específico de reclamações ligadas à pandemia do coronavírus, recebeu mais de 1.900 denúncias,
O órgão pede que os consumidores postem imagens dos produtos com preços inflacionados em redes sociais, marcando o perfil do órgão e discriminando o endereço do estabelecimento suspeito de cometer abusos por conta da crise.
“O Procon precisa de ajuda dos consumidores nessa fiscalização.
Foi o caso da professora Juliana Martins, 44. Alertada por parentes da falta do produto na cidade de São Paulo, ela resolveu passar numa farmácia na Riviera São Lourenço, no litoral paulista, mas encontrou o álcool em gel de 500 ml a R$ 50. O registro da compra foi postado nas redes sociais.
“Fiquei assustada porque achei que, neste momento de crise, as pessoas teriam mais respeito e empatia”, diz. “A gente se sente lesado e triste com a atitude de busca de um lucro desmedido em cima de uma fragilidade que pode custar uma vida.”
Para ela, empresas com esse tipo de prática não serão perdoadas pelo consumidor.
Bom exemplo
Se for assim, a papelaria Brasileirinho, no bairro do Paraíso, vai ganhar centenas de clientes.
Ao perceber o aumento da demanda por álcool em gel, o empresário William Lee, 33, resolveu comprar todo o estoque de seu fornecedor: 4.000 unidades de frascos de bolso, com 52 gramas cada, foram vendidas a R$ 5 cada.
“Comprei tudo pra poder vender mais barato. O álcool em gel se tornou uma necessidade básica neste momento de crise do coronavírus, e não dá pra querer lucrar mais com isso”, explicou ele.
“Precisamos que as pessoas não fiquem doentes porque, se o comércio parar, São Paulo vai parar também.”
A política da papelaria ganhou as redes sociais e, portanto, novos clientes. Em 24 horas, o álcool em gel de Lee também acabou. E a solução, como destacam os médicos, é água e sabão.