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O preço do trigo pode subir, pois cerca de 30% da produção mundial vêm de Ucrânia e Rússia
O preço do trigo pode subir, pois cerca de 30% da produção mundial vêm de Ucrânia e Rússia
A população de Franca poderá sentir no bolso os efeitos da guerra da Ucrânia, que tem balançado a economia mundial e o mercado financeiro internacional.
Além dos combustíveis, outro produto muito consumido e que pode ter o preço elevado nos próximos dias é o pãozinho francês.
Isso porque os países envolvidos, Ucrânia e Rússia, são grandes produtores de trigo. Os dois países representam quase 30% do mercado exportador, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
O Brasil não tem compras relevantes com a Rússia ou mesmo com a Ucrânia, mas mudanças de oferta do grão podem elevar os preços e refletir em toda a cadeia, culminando no aumento do quanto se paga no pãozinho francês na padaria mais próxima da sua casa.
“A Rússia é quem determina o preço do trigo do mundo e corresponde a 18% de toda a exportação mundial. Uma mudança no Mar Negro também pode alterar as movimentações das exportações de outros países da região. Tudo isso leva a uma subida de preços. E o trigo é um grão para alimentação humana, e tem ligação direta com a cadeia de produção de outros alimentos, como óleo vegetal”, explica Roberto Sandoli, gerente sênior de risco de grãos e algodão da consultoria HedgePoint Global Markets, à Exame.
Argentina
O analista ainda destaca que o Brasil compra trigo da Argentina, mas como o valor do grão é cotado internacionalmente, os preços no nosso vizinho também podem ficar mais caro, pressionando o produto internamente.
“Os aumentos que já ocorreram recentemente no trigo foram segurados pelos moinhos no Brasil. Como a economia não deslancha, tudo fica travado. Mas em um cenário em que o preço começa a ficar muito alto, haverá um repasse ao consumidor. Pode ser bem trágico para a economia brasileira”, diz Sandoli.
André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, lembra também que a invasão russa não vai necessariamente afetar fortemente o Brasil logo no início.
“O preço do petróleo pode subir o que irá criar incentivos para alta de empresas como Petrobras, segurando nossa bolsa. O problema maior para o Brasil em relação ao conflito é em um segundo momento com as sanções uma vez que mais de 30% dos fertilizantes importados pelo país vêm da Ucrânia “, concluiu.