Por que humanos bocejam? E por que bocejar é contagioso?

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 24 de agosto de 2024 às 21:00
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Sintomas de sonolência, falta de interesse e tédio podem desencadear a ação, porém, quando feita de maneira excessiva, ato de bocejar pode indicar problemas de saúde

Já percebeu que quando você boceja perto de alguém, a pessoa logo começa a bocejar também? Foto Arquivo

 

Você já deve ter passado pela situação de não ter dormido muito bem e, no dia seguinte, bocejar várias vezes.

Apesar de ser comum, cientistas ainda não encontraram uma razão exata do porquê esse comportamento acontece. Existem hipóteses sobre os possíveis causadores — sendo eles o cansaço, o tédio, o estresse e uma ação automática ao acordar.

Uma das mais intrigantes questões do bocejo, no entanto, tem a ver com ele ser contagioso.

Você já deve ter reparado que, quando você boceja perto de alguém, essa pessoa imediatamente começa a bocejar também.

Vamos explicar abaixo os motivos por trás dessa reação.

Por que humanos bocejam?

A primeira explicação é que fazemos essa ação para fazer o cérebro despertar. Como o bocejo não é algo que uma pessoa consegue controlar, alguns cientistas consideram que bocejamos automaticamente para estimular a atenção.

Essa primeira hipótese está muito ligada com o fato de que o bocejo acontece de forma mais frequente quando as pessoas estão cansadas e com tédio.

Quando estamos desinteressados em algo, nosso cérebro não consegue manter a atenção e isso “ativa” um sistema de sonolência no corpo.

Por isso, segundo os cientistas, automaticamente bocejamos, como uma forma de estimular o interesse no que estamos inseridos.

O bocejo causa um aumento na frequência cardíaca e tensiona os músculos do rosto, que ficam esticados durante a ação. Esse conjunto de sensações, são causadas pelo seu corpo para que você fique acordado.

A segunda hipótese sugere que o bocejo ocorre para diminuir a temperatura do cérebro.

Um estudo feito em humanos e animais, mostraram que a ação acontece antes, durante e depois de situações que aumentam a temperatura do corpo.

Alguns cientistas apoiam essa hipótese, pois acreditam que o mecanismo de resfriar o cérebro pode acontecer devido à grande ingestão de ar e das mudanças na circulação sanguínea do rosto.

Alguns pesquisadores apoiam uma terceira ideia, sugerindo que o bocejo acontece como um meio de comunicação — uma forma de sinalizar seu sentimento de tédio e estresse para outros indivíduos.

Como bocejar contagia outras pessoas e as faz ter a mesma ação, essa teoria acredita que o mecanismo funciona como uma sincronização de grupos e que é uma maneira de interagir socialmente com terceiros.

Para a comunidade científica, bocejar ainda é uma incógnita, principalmente por se tratar de um comportamento complexo, envolvendo mecanismos biológicos e neurais, além de ser pouco estudado pela ciência.

Por que é contagiante bocejar?

Na maioria das vezes, impulsivamente e sem controle, você boceja quando vê alguém fazendo isso. Por essa razão, pesquisadores consideram que essa função é contagiosa e não sabem ao certo porque acontece.

A hipótese levantada é de que fazemos isso por empatia, que é uma função emocional dos ser humano envolvendo a capacidade de compartilhar os mesmos sentimentos e de se colocar no lugar alheio.

A teoria também sugere que, quanto mais empática a pessoa for, maior será a probabilidade dela ser contagiada com o bocejo de outrem.

Além disso, as pesquisas sugerem que o vínculo pessoal pode ser um fator de influência, pois o ser humano tem maiores chances de ser contagiado com o bocejo de uma pessoa com quem tem afeto.

Segundo alguns estudos, pessoas neurodivergentes — com dificuldades de interagir socialmente — incluindo aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), são menos propensas a se contagiar com bocejos.

Para psicólogos, bocejos contagiosos demonstram empatia não verbal e podem acontecer devido ao espelhamento, chamado em termos técnicos de sincronia límbica.

Este comportamento subconsciente influencia a imitação da linguagem corporal, da fala e das expressões faciais de quem somos emocionalmente ligados.

Quando o bocejo se torna um problema?

Em média, adultos bocejam nove vezes por dia, mas médicos consideram que a ação é excessiva, se ocorre mais de 3 vezes a cada 15 minutos, por diversas vezes no dia.

Bocejar muito pode indicar algumas questões de saúde, como: sonolência, dormir pouco e abstinência de medicamentos como opioides.

O excesso de bocejo também pode indicar sintomas de condições neurológicas, sendo elas: esclerose lateral amiotrófica (ELA); enxaquecas; esclerose múltipla (EM); traumatismo craniano; epilepsia; e acidente vascular cerebral (AVC).

Os médicos indicam que o atendimento médico de emergência seja procurado caso bocejar excessivamente aconteça em conjunto com sintomas de derrame como dormência no rosto, braço ou perna.

Dores na garganta e no ouvido

A dor na garganta em caso de bocejos, caso ela esteja lesionada, infeccionada, irritada ou ressecada. A ação de bocejar, além de esticar a garganta, também leva ar para dentro dela, o que pode causar ressecamento e inflamação.

As possibilidades que fazem a garganta doer ao bocejar, são: infecções respiratórias virais (gripes, resfriados ou Covid-19) ou bacterianas; amigdalite, caracterizado pela infecção das amígdalas; e lesões na garganta.

No chamado ouvido médio, até a parte de trás do nariz até a garganta, nós temos pequenos tubos, chamados de trompas de Eustáquio ou tuba auditiva, que ficam normalmente fechados, mas se abrem quando bocejamos.

As trompas de Eustáquio tem a função de drenar os fluidos e as secreções em excesso do seu ouvido médio. Caso você boceje e sinta dor nos ouvidos. Isso pode indicar que o canal da Tuba Auditiva pode estar fechado.

Normalmente, quando temos problemas auditivos, principalmente gerados por mudanças rápidas de altitude, como ao passar pela serra indo para a praia, bocejar pode trazer um alívio aos ouvidos. Mas por que isso acontece?

A Tuba Auditiva se abre com o bocejo e consegue equilibrar a pressão de ar em cada lado do tímpano.

De qualquer forma, o recomendado é que um médico seja procurado em caso de dores no ouvido ou na garganta ao bocejar.

*Informações Galileu


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