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Entenda como isso auxilia no desenvolvimento da criança e como isso reflete em sua vida adulta
Guardar os brinquedos, colocar a
roupa no cesto para lavar, ajudar a arrumar a mesa… Tarefas como essas podem
parecer triviais e sem relevância no dia a dia, mas a verdade é que incentivar
os filhos desde pequenos a colaborar com as atividades domésticas é importante
para o desenvolvimento deles e para a harmonia da família com o passar dos
anos.
Mas como tudo que se ensina às
crianças, leva tempo e dá trabalho. Os minutos que um adulto gasta para
organizar a bagunça depois da brincadeira, ou então para arrumar a cama ao
acordar, por exemplo, se multiplicam quando são os pequenos que se esforçam
para colocar tudo no lugar. E é claro que o trabalho não vai ficar tão bem
feito. Os lençóis não vão ficar tão esticados e os bichos de pelúcia talvez não
fiquem todos no lugar certo.
Apesar disso, a psicóloga Renata
Bento, especialista em criança, adulto, adolescente e família, e membro da
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, explica o quanto é
importante tentar contornar essas questões. “A criança pequena apresenta
vontade e prazer em ajudar. Eventualmente, isso é negado a ela pelo fato de não
fazer corretamente como um adulto faria, ou pelo tempo que pode demorar para
concluir a tarefa, mas incentivar as crianças nas atividades domésticas
contribui não só para a noção de responsabilidade, que será de acordo com cada
idade, como também auxilia na construção da autonomia”, ressalta Renata.
Ela explica ainda que, além desse
desenvolvimento da independência do pequeno, que vai se sentindo capaz de
realizar algumas tarefas, isso colabora no aprendizado da convivência
compartilhada. “Ele aprende a partilhar num espaço onde todos contribuem e
imprimem sua marca de alguma forma, desenvolvendo o sentimento de pertença,
promovendo a responsabilidade e instalando a rotina, que é tão importante”, diz
a especialista.
Aprendizado para vida
É interessante destacar que não se
trata de “treinar” as crianças para que façam algo, mas incentivá-las a
perceber, através da convivência e do vínculo emocional, que elas vivem num
mundo coletivo. Assim, de forma lúdica e com tarefas simples e claras, os pais
podem mostrar aos pequenos, por exemplo, que é comum juntar os brinquedos,
apagar a luz ao sair de um ambiente, jogar o lixo fora, entre outras
atividades. “Tudo deve ser sempre supervisionado por um adulto. Isso contribui
para a consciência de pertencimento primeiro a sua casa e, depois, ao mundo”,
afirma.
A especialista diz ainda que esse
aprendizado deve fazer parte da educação infantil, pois ele também contribuiu
para o desenvolvimento dos filhos e refletirá na adolescência e na vida adulta.
“Quanto mais cedo começarem a ter o entendimento sobre contribuir em pequenas
tarefas, mais estarão motivadas para o crescimento. É preciso que a
criança perceba que fazer as tarefas domésticas cabe a todos que residem numa
casa, que todos contribuem para cuidar daquele espaço que é coletivo e que isso
não é um fardo, mas faz parte da vida”, explica.
Exemplos dentro de casa
Os pequenos aprendem muito pelo
exemplo e replicam em grande medida o comportamento dos pais e de outros
membros da família.
Pensando nisso, é natural
compreender que se todos em casa têm o hábito de colaborar com as atividades
domésticas de forma rotineira, é mais provável que a criança também queira
contribuir, pois isso será estimulante para ela. “Porém, se os afazeres
domésticos causam transtornos e trazem peso à rotina do lar, é possível que a
criança reaja a isso. É importante que o adulto tenha essa percepção, para que
consiga observar o que é característica dela e o que pode ser interferência do
ambiente”, destaca a psicóloga.
Renata reforça ainda a importância
de não tratar o desempenho dos filhos nessas tarefas com perfeccionismo,
lembrando que eles ainda estão aprendendo. “As broncas e cobranças devem ser
trocadas pelo incentivo, pela ajuda, pela paciência e pelo elogio. E os pais
devem fazer o possível para integrar as crianças nesse processo de forma lúdica
e sem pressa, respeitando as habilidades e a idade de cada uma”, aconselha.
Sem diferenças de gênero
Por fim, é sempre bom lembrar que não
cabe qualquer diferenciação nas tarefas atribuídas a meninos e meninas. “As
atividades domésticas dizem respeito à aprendizagem e ao cuidado do espaço em
que se vive, aos limites entre o eu e o outro, à construção da autonomia e
independência, e à consciência de pertencimento. Nada disso diz respeito a
gênero, finaliza a especialista.