Por que conexão entre mães e filhos é tão intensa? A Ciência explica!

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 10 de maio de 2024 às 22:00
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Estudos e pesquisas comprovam que a ligação de mãe e filho não é só carnal, mas, também, hormonal, física e emocional

O vínculo indescritível entre mães e filhos agora está explicado pela Ciência – foto Freepik

 

Só quem é mãe sabe. A conexão com os nossos filhos é tão forte e tão intensa que parece até transcendental.

Porém, para os cientistas, não há nada de transcendental nessa história.

Por mais que o amor de mãe pareça inexplicável, os especialistas garantem: existem, sim, muitas explicações racionais (e até biológicas) por trás dessa ligação.

Segundo o neurocirurgião e neurocientista Fernando Gomes, do Hospital das Clínicas (SP), diversos estudos e pesquisas comprovam a relação fisiológica e emocional que o vínculo afetivo materno pode produzir.

“A mulher, como genitora, é ‘bombardeada’ de hormônios como a ocitocina e a prolactina – responsáveis pelo amor e pelo instinto protetor”.

“Esses neurotransmissores são responsáveis também por estimular a produção de leite e a contração uterina. Com isso, fica claro perceber que a ligação entre mãe e filho não é só carnal, mas, também, hormonal, física e emocional”, explica.

Tudo isso já está mais do que comprovado. Existem até fotos — sim, fotos! — que reforçam essa tese.

Em 2015, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Cambridge (EUA), conseguiram, pela primeira vez na história, capturar o amor entre uma mãe e um filho.

Com a ajuda de um exame de ressonância magnética, puderam fotografar o que acontece com o cérebro do bebê quando recebe um beijo da mãe.

“Ele detectou a reação hormonal no cérebro de um bebê de dois meses enquanto sua mãe o beijava.

Foi possível observar o fluxo sanguíneo no cérebro do bebê e como a atividade cerebral muda em reação ao estimulo do beijo que ele estava recebendo”, conta Gomes.

O beijo causa uma reação química no cérebro e acontecem ‘explosões’ de ocitocina, dopamina e serotonina, todos hormônios ligados ao bem-estar e a sentimentos de carinho e apego.

Segundo o neurocientista, a explicação está na forma como o nosso cérebro trabalha com recompensas.

“Ao abraçar – ou ser abraçado – o circuito mesolímbico dopaminérgico é ativado, uma região responsável por emoções agradáveis, e uma descarga de neurotransmissores e substâncias que causam bem-estar são disparadas para todo o corpo, causando a sensação de conforto que só o contato com alguém de quem gostamos muito é capaz de causar”, afirma.

Conexão desde o útero

Apesar de o toque e a convivência ajudarem a reforçar o laço entre mãe e filho, essa conexão começa já durante a gravidez, ou melhor, logo depois da concepção.

Assim que a placenta se implanta no útero, as células do feto podem entrar no corpo da mãe e vice-versa, num processo chamado microquimerismo.

“Eles se alojam frequentemente nos pulmões, no coração, em locais onde o sangue é compartilhado, e também na pele. Nós encontramos essas células encontramos em quase todos os tecidos”, diz a pesquisadora Melissa Wilson, professora associada de genética na Arizona State University, e coautora de um estudo sobre microquimerismo fetal e saúde materna.

Sabe aquela história de dizer que carregamos um pedacinho dos nossos filhos no nosso coração aonde quer que nós vamos? É literalmente isso.

“Parece meio mágico. Quase como ficção científica também”, comentou Athena Aktipis, professora associada de psicologia na Arizona State University, que também participou do estudo.

E não é só isso. Um estudo realizado por cientistas da Royal Holloway (Inglaterra) constatou que mulheres grávidas tendem a usar mais o lado direito do cérebro, que corresponde ao controle das emoções.

Em outras palavras, é como se o organismo da mãe fosse treinando para criar conexão com o bebê que está a caminho.

“Os resultados sugerem que, durante a gravidez, as mudanças na maneira como o órgão processa as emoções faciais assegura que as mães estejam neurologicamente preparadas para se vincularem ao bebê no nascimento”, explicou a líder da pesquisa, Victoria Bourne, do Departamento de Psicologia.

É como se essas mulheres ficassem mais sensibilizadas pelo contato com expressões faciais.

Desse modo, ver o rosto do bebê pela primeira vez – o que já é uma emoção e tanto! – geraria impacto ainda maior e estimularia a ligação a ele. Depois do nascimento, a tendência é que esse vínculo só se fortaleça e intensifique.

“A cada abraço, o nosso corpo libera ocitocina, o hormônio do prazer, e aumenta a sensação de segurança e conexão com o outro”.

“Essa é a teoria do amor que vale para a vida inteira e não tem nenhuma contraindicação”, explica o neuropediatra Marco Cesar Roque, da Maternidade Pro Matre Paulista (SP).

 


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