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Em geral as pessoas estão felizes em dezembro e celebram as festas, porém nem todos costumam se identificar com essa alegria
Para muitas pessoas, as comemorações de fim de ano trazem gatilhos emocionais (Foto: Freepik)
Dezembro, tradicionalmente marcado por festas, reflexões e a formulação de novas metas, é também um período de desafios emocionais para muitas pessoas.
Apesar do clima de celebração, o mês é apontado por psiquiatras como um dos mais críticos para a saúde mental.
A chamada “Síndrome do final de ano”, ou “dezembrite”, é caracterizada por crises de ansiedade e depressão que se intensificam nesta época, afetando especialmente aqueles já diagnosticados com transtornos mentais.
Por que dezembro é um gatilho emocional?
De acordo com especialistas, o ciclo anual, embora arbitrário, provoca um processo de avaliação pessoal que pode ser angustiante.
O psiquiatra Arthur Danila, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, explica que essa introspecção é muitas vezes impulsionada pela pressão social e pelas redes sociais, onde impera a demonstração de felicidade.
“Quem não teve um bom ano tende a comparar sua vida com a dos outros, gerando crises de ansiedade”, afirma Danila.
Além disso, encontros familiares característicos das festas de fim de ano podem intensificar conflitos antigos, libertando sentimentos como rancor e raiva.
Para muitas pessoas, a convivência obrigatória com parentes de quem se distanciaram emocionalmente é um fator que aumenta o estresse e o desconforto.
O impacto em pacientes com transtornos mentais
A “Síndrome do final de ano” afeta especialmente pessoas com diagnósticos prévios de depressão e ansiedade. Segundo a psiquiatra Camila Magalhães, fundadora da clínica Caliandra Saúde Mental, o clima festivo aliado ao consumo de álcool e à exigência social de felicidade contribui para recaídas.
“Esses pacientes enfrentam insônia, ansiedade exacerbada e dificuldade de acessar suas emoções de maneira tranquila, o que pode agravar seus quadros”, diz a especialista.
Prevenção e enfrentamento
Para enfrentar esse período, especialistas recomendam a desmistificação da felicidade idealizada. “É importante aceitar que a tristeza e a angústia fazem parte da vida”, pontua Renata Rivetti, especialista em Felicidade Corporativa, CEO e Fundadora da Reconnect Happiness at Work & Human Sustainability.
Rivetti também alerta para os perigos da comparação nas redes sociais e para a definição de metas irrealistas. Ela sugere focar em pequenas conquistas e mudanças graduais ao longo do ano, em vez de tentar resolver tudo em dezembro.
A autoavaliação é considerada uma ferramenta essencial. Segundo Arthur Guerra, professor de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC, é fundamental reconhecer as dificuldades enfrentadas ao longo do ano sem tentar camuflá-las.
“Romantizar as metas ou depositar expectativas nos outros pode intensificar a frustração. Assumir responsabilidades e respeitar os próprios limites é primordial para o autoconhecimento”, destaca Guerra.
Autocuidado como prioridade
Exercícios físicos, alimentação equilibrada, tempo para lazer e o cultivo de hobbies são estratégias que ajudam a enfrentar o estresse do final de ano. Além disso, os especialistas sugerem refletir sobre as próprias necessidades emocionais.
“Ouvir suas angústias e avaliar o que realmente faz sentido para você é essencial”, afirma Camila Magalhães. Isso inclui decidir se participar de eventos sociais será saudável ou se o melhor é passar o período sozinho ou com pessoas queridas.
Uma mudança gradual
A mensagem central dos especialistas é clara: a transformação não acontece da noite para o dia. Construir uma vida mais equilibrada requer esforço contínuo ao longo dos 365 dias do ano, e não apenas nos últimos 31.
Confiar nos próprios limites, estabelecer metas realistas e respeitar as próprias emoções são passos importantes para começar o novo ciclo com mais serenidade.
*Informações O Globo