Por incrível que pareça, só 6% das crianças rejeitam legumes na alimentação

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de setembro de 2018 às 17:25
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:00
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Dado foi revelado após pesquisa – saiba como melhorar a situação e quando ela representa algo mais sério

Seu filho é chato para
comer? Uma pesquisa inédita e revelou que as famílias seguem boa parte das
recomendações dos pediatras e nutricionistas, da amamentação à introdução
alimentar. Mas, sim, ainda há o que melhorar. Com o objetivo de conhecer os hábitos
e as preferências alimentares das crianças, foi pedido a 3.688 pais e mães de
crianças de 0 a 8 anos que respondessem ao questionário. Em um dos pontos, foi
revelado que o número de crianças que rejeita verduras é baixo: 10%. Os legumes
são recusados por apenas 6%. 

Além disso, certos
alimentos ultraprocessados que costumam agradar aos pequenos não fazem parte do
cardápio dessas crianças, visto que 76% dos leitores responderam que o filho
não tem o hábito de consumir salgadinhos, e 77% que ele não come alimentos
congelados.
No entanto, se o seu filho faz cara feia para certas comidas, tudo bem. Essa
rejeição é normal na infância: dos 2 aos 5 anos, período em que ganham mais
autonomia, muitas crianças têm medo de experimentar novos alimentos, a chamada
neofobia. “Ela cresceu e está mostrando suas vontades”, diz a fonoaudióloga
Patrícia Junqueira, autora do livro Por Que Meu Filho Não Quer Comer? Uma Visão Além da Boca e do
Estômago
(Editora Idea). Aqui, a maneira como a família encara a
situação interfere e muito. Veja algumas atitudes para o pequeno comer mais (se
for preciso mesmo) e melhor.

Ofereça várias vezes

O mesmo alimento deve
ser oferecido para a criança ao menos dez vezes, para os pais terem certeza de
que ela não gosta dele. E está tudo bem em não ser fã de um ou outro, desde que
ela não recuse um grupo inteiro (por exemplo, não comer nada de frutas). “Mais
importante do que se prender a esse número é observar a criança no dia a dia
para perceber suas preferências”, diz Patrícia.

Mude a receita

Ele não quer cenoura
crua? “Tente preparar um suflê, misturar ao arroz, fazer um bolo…”, diz a
nutricionista Elaine de Pádua. Também vale deixar a criança “explorar” a
comida: pegar, cheirar, levar à boca. Aos poucos, ela vai querer prová-la. Pela
mesma razão, leve o seu filho à feira (ou ao sacolão), para conhecer um
“universo” de sabores.

Evite substituir por
leite

Outro hábito que
parece estar caindo em desuso: apenas 10% oferece leite (ou derivado) quando o
filho recusa o prato de comida. E eles têm razão. “Se a criança percebe que vai
ter o que quer sempre, não tem por que se esforçar para provar coisas novas”,
alerta a nutricionista Paola Preusse. Outro cuidado é evitar exageros nos
lanches: ao beliscar a tarde toda, ela não terá fome no jantar!

Respeite a saciedade
dele

Aquela recomendação de
raspar o prato também é coisa do passado. O motivo é fácil de entender: dessa
forma, a criança não aprende a reconhecer a própria saciedade, o que mais
adiante pode até causar distúrbios alimentares. Por isso, o tamanho da porção
depende da fome do seu filho. “Nem sempre o que achamos ser o ideal é o que ele
vai conseguir comer”, explica Patrícia. Mas os pais podem e devem aprimorar o
cardápio aos poucos. “Você não vai oferecer o mesmo brinquedo da época em que
ele era bebê. Com a comida é assim também”, resume.

A saída, em casos com
essas características, é buscar o apoio de uma equipe multidisciplinar (com
fonoaudiólogo, psicólogo, nutricionista) para descobrir a origem do problema –
que pode estar associado, por exemplo, às áreas sensoriais e motoras envolvidas
no ato de comer. “Quanto antes, melhor. Eles vão fazer os ajustes necessários
e, assim, evitar que a seletividade gere um trauma na criança – e nos pais”,
explica Paola. Tudo para ela crescer feliz e saudável.

Quando a recusa vira
doença

Existem alguns sinais
que mostram que a relação da criança com a comida vai além do comportamento e
dos hábitos alimentares.

Se o seu filho
apresenta alguma dessas características, busque ajuda especialista: 

– Come pouca variedade
de alimentos (menos de 20 itens);

– Recusa categorias
inteiras de alimentos, seja pela textura, aparência, sabor ou temperatura;

– Foge, briga, sente
medo ou náusea diante do prato; 

– Muitas vezes se
alimenta em local diferente do resto da família;

– Não aceita os poucos
alimentos de que gosta quando eles são preparados de maneira diferentes da que
ela está habituada.


+ Nutrição