Por conta do calor, casos de contaminação de lentes de contato disparam

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 7 de outubro de 2020 às 00:23
  • Modificado em 7 de outubro de 2020 às 00:23
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Os principais vilões são a maior proliferação de bactérias, ar condicionado, água do mar ou piscina

Usar lente de contato em dias quentes requer o dobro de cuidado no manuseio e higiene. 

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, os prontuários de hospitais mostram que durante o calor o número de contaminações chega a dobrar em relação aos meses mais frios. 

Isso porque, o clima mais quente facilita a proliferação de bactérias que formam depósitos nas lentes e podem contaminar o estojo. 

Caso estes depósitos não sejam eliminados por uma higienização profissional, antecipa o vencimento da lente. 

Alerta​

Queiroz Neto afirma que vermelhidão nos olhos, sensibilidade à luz e visão borrada são os principais sinais de que algo está errado. 

“Insistir no uso da lente sentindo desconforto pode provocar úlcera na córnea e até cegar”, comenta. 

Por isso, quando o olho fica vermelho ele recomenda retirar as lentes e consultar um oftalmologista imediatamente. 

Colocar um colírio por conta própria pode piorar o problema, mesmo que os olhos fiquem temporariamente mais brancos, adverte.

Lente escleral protege os olhos​

O oftalmologista explica que a lágrima tem a função de proteger os olhos das agressões externas e pode ressecar em pessoas que permanecem ambientes com ar condicionado.  

Uma alternativa são as lentes esclerais que funcionam como um protetor da superfície ocular. 

Isso porque, cobrem a córnea e a esclera (parte branca do olho), minimizando a evaporação da lágrima. 

Este tipo de lente, destaca, também é indicado para quem tem ceratocone, abaulamento da parte central da córnea e outras doenças que afetam a mucosa ocular, entre elas, a síndrome de Sögren e a síndrome de Stevens Johnson.

Nadar ou dormir com lentes pode cegar​

“Quem usa lente de contato deve optar por óculos de grau quando vai à piscina ou praia”, adverte. 

Isso porque, o contato da lente com água contaminada por bactérias, cloro e até filtro solar pode causar uma infecção na córnea ou uma conjuntivite tóxica. 

Além disso, entrar na água do mar ou de piscina usando lente aumenta o risco de contrair acanthamoeba, um parasita que dificilmente é controlado com medicamentos. 

Já durante o sono, o especialista diz que a produção lacrimal diminui e a falta de oxigênio na córnea aumenta entre 10 e 20 vezes o risco de deformação da córnea.

Outro erro comum, observa, é usar soro fisiológico para higienizar a lente e o estojo. 

O produto pode contaminar os olhos porque não tem conservante. Para pessoas alérgicas às soluções higienizadoras a recomendação é usar frascos de dose única de soro.

 Manutenção​

As principais recomendações do médico para quem prefere usar lente são:

– Fazer a adaptação com um oftalmologista. Lentes que não acompanham a curvatura da córnea podem causar lesões graves.

– Lavar cuidadosamente as mãos antes de manipular as lentes.

– Utilizar soluções higienizadora tanto na limpeza quanto no enxague das lentes e estojo.

– Friccionar as lentes para eliminar completamente os depósitos.

– Não usar água de torneira ou sobra de soro fisiológico depois que a embalagem for aberta.

– Retirar as lentes antes de remover a maquiagem e quando usar spray no cabelo.

– Colocar as lentes sempre antes da maquiagem.

– Guardar o estojo em ambiente seco e limpo.

– Trocar o estojo a cada quatro meses.

– Respeitar o prazo de validade das lentes.

– Jamais dormir com lentes, mesmo as liberadas para uso noturno.

– Interromper o uso a qualquer desconforto ocular e procurar o oftalmologista.

– Retirar as lentes durante viagens aéreas por mais de três horas.

– Não entrar no mar ou piscina usando lentes.


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