Pirralho

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de dezembro de 2019 às 11:16
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:42
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Mais uma vez, o Brasil “dançou” no exame do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) aplicado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Segundo o nosso genial Ministro da Educação, Abraham Weintraub, o país ficaria “no último lugar da América do Sul”. Que resignação!!! Se perder o emprego, virar astrólogo não seria uma opção. Para variar, errou. Como já errara antes quanto à questão da segurança envolvendo a aplicação da prova do ENEM. Para o meu gargalhar, inverteu a lógica. Como divulgou a insegurança antes de a imprensa veicular, então atestou que a atitude se tornou um caso “sui generis” de segurança. Pior, os próprios vestibulandos engoliram. Ninguém protestou. A ignorância é uma bênção. O país estacou na burrice crônica.

A suprema vergonha do Brasil foi levar um puxão de orelha do secretário-geral da organização, Angel Gurría: “Sem educação adequada, os jovens vão definhar na sociedade afora, sendo incapazes de enfrentar os desafios do futuro mundo do trabalho”. A desigualdade tende a acirrar os conflitos sociais. Disse o sociólogo Darcy Ribeiro: “Se os governos não investirem em educação, daqui a 20 anos não terão dinheiro para investir na construção de presídios”. Já se foram mais de 20 anos, desde que Darcy vaticinou isso. Presídios proliferam mais que baratas. Escolas viram verdadeiros presídios. Presídios de ideias.

Afirmo que Angel Gurría foi muito além do óbvio. Jovens abastados representam o maior índice de reprovação por fuga ao tema nas provas dos vestibulares: câncer detectado antes da avaliação do PISA de 2015. Mal se mantêm dentro de uma universidade, caso não copiem as respostas dos veteranos nas provas aplicadas há anos por professores preguiçosos. Do decoreba estimulado pelas aulas dos cursinhos, ao adestramento provocado pelos “modelos” de redação; das repetidas provas aplicadas pelos professores de várias universidades, aos currículos defasados. Retrocedemos aos anos 70. E olhe lá!

Então, caros patrícios, esqueçam o ODM (Objetivos de desenvolvimento do milênio). Em 2000, 191 países e 22 organizações internacionais foram signatários  da Declaração dos objetivos do Milênio das Nações Unidas. Comprometeram-se a alcançar oito objetivos de desenvolvimento para o ano de 2015: 1) Erradicar a pobreza extrema e a fome; 2) Alcançar o ensino primário universal; 3) Promover a igualdade de gênero e emponderar as mulheres; 4) Reduzir a mortalidade infantil; 5) Melhorar a saúde materna; 6) Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 7) Garantir a sustentabilidade ambiental; 8) Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento.

Como podem observar, amigos desta nau dos insensatos, estamos a anos luz de alcançar esses objetivos. Na verdade, flertamos com o abismo. Você acha que a economia e a educação vão melhorar, em um país cujo PIB cresceu 1% em 30 anos? Que ostenta índices piores do que os de países latinos em crise político-econômica, como o Chile e a Argentina?

Depois do PISA, provavelmente ciente de que o Brasil Varonil jamais chegou perto de cumprir quaisquer objetivos educacionais e econômicos, o senhor Abraham Weintraub, como todo bom brasileiro, acordará, pegará seus óculos escuros para disfarçar a ressaca e cumprirá o cívico dever de tocar a “deforma educacional”.Sem noção, o povão espera ver a luz no fim do túnel. Só se esquece de que ela vem assinalando um trem na sua direção.Desinformado, o brasileiro, profissão esperança, engolirá facilmente o discurso do Ministro Paulo Guedes, criador da pérola: o dólar alto é bom para a nossa economia. Aplaudirá Sérgio Moro, o paladino da justiça, que também tem um currículo genial, defender o “excludente de ilicitude”. Seja lá o que isso signifique. Tudo vai mudar para se manter igual.

O presidente e a corja familiar dispensam comentários, provavelmente não sabem o que é o PISA e nem que o mundo pisa nos brios do Brasil varonil, cada vez que berbera o seu pugilato contra a última flor do Lácio, inculta e bela, e a lógica. Somos a fake News da fake News: MUITO MENOR QUE O NOSSO TAMANHO.


+ Educação