Petrobras desenvolve tecnologia para desintegrar garrafas PET

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de novembro de 2018 às 19:41
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:08
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Produção mundial de garrafas PET é estimada em 50 milhões de toneladas por ano e só 18% é reciclada

Pesquisadores da Petrobras estão
desenvolvendo um processo para acelerar a degradação do polímero que
compõe as garrafas PET em até sete dias. A tecnologia do Centro de Pesquisas da
Petrobras (Cenpes) utiliza enzimas que possibilitam recuperar os
componentes das garrafas, sob pressão e temperatura brandas.

Iniciados há quatro anos, os
estudos obtidos já permitem “vislumbrar a viabilidade técnica de uma
utilização desse processo em larga escala”.

Uma das maiores vilãs para
o meio ambiente, principalmente para o ecossistema marinho, a produção
mundial de garrafas PET é estimada em 50 milhões de toneladas por ano e o
percentual de reciclagem é de 18%.

Volume
de descarte

No Brasil, segundo dados do último
censo da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), responsável pelo
levantamento de estatísticas sobre plástico, o descarte de embalagens é de 550
mil toneladas por ano e a taxa de reciclagem da ordem de 51%. “O que leva à conclusão de que a
fração que hoje não é reciclada no país chega a um montante de resíduos de PET
de 270 mil toneladas”.

A gerente de biotecnologia da
Petrobras, Juliana Vaz Belivaqua, diz a tecnologia em desenvolvimento pode
ajudar a reduzir a quantidades de resíduos decorrentes do descarte inadequado
das garrafas. “Através da biodespolimerização,
ou seja, a desconstrução química de uma molécula com muitas unidades funcionais
ligadas, até obtermos novamente essas unidades poderemos transformar
completamente a cadeia do PET pós consumo, pois o que seria resíduo volta a ser
matéria-prima”, disse.

A avaliação da gerente da Petrobras é
que “dessa forma se evita o problema do acúmulo desse material em lixões ou no
meio ambiente e se reduz a demanda por novas matérias-primas que são oriundas
da petroquímica, reduzindo nossa pegada de carbono”.

Diante da preocupação com os danos,
países como Alemanha, Áustria, Estados Unidos e Japão também estão
desenvolvendo tecnologia semelhante.

Metodologia

No processo em estudo, as embalagens
são coletadas após o uso por consumidores e levadas a um reator para
reprocessamento do material. “O método consiste na adição da
enzima às embalagens moídas, em condições de reação adequadas para a atuação da
enzima. O processo ocorre até o polímero se tornar novamente em suas unidades
mínimas, que servem para a formação de novo PET em processo de reutilização na
indústria petroquímica”, ressalta Juliana Belivaqua.

Em dezembro de 2017, a Petrobras
assinou um termo de cooperação com a Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ. Através dessa parceria, será possível acelerar o desenvolvimento e elevar
o grau de inovação e de maturidade da tecnologia. Atualmente, o projeto
encontra-se em fase de otimização em laboratório e dentro de 3 anos deve ser
testado em escala piloto.  “Só então teremos condição de avaliar
o potencial econômico da tecnologia e planejar seu escalonamento para uma
escala comercial”, avaliou.

A gerente acrescentou que a
reciclagem de plásticos atualmente utilizada é baseada em processos físicos e,
por este método, os materiais não recuperam as propriedades do polímero
original, gerando um produto de baixo valor. Já com a reciclagem biotecnológica
com a tecnologia em desenvolvimento será permitido que o PET
reciclado tenha exatamente as mesmas características do original.

Para a gerente de biotecnologia da
Petrobras, no momento em que a tecnologia já tiver maturidade adequada, a
companhia irá buscar parceiros para a implementação.


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