Pesquisador da Unifran alerta sobre insetos transmissores de leishmaniose em gruta

  • Robson Leite
  • Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 12:30
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Os especialistas descobriram uma nova espécie de flebotomíneos na Gruta do Itambé, que também pode ser um vetor da doença

Durante o período de férias escolares diversas famílias optam por passeios em que se mantenham em contato com a natureza, como a Gruta de Itambé, localizada na cidade de Altinópolis, a 80 quilômetros de Franca.

No entanto, pesquisadores da Universidade de Franca (UNIFRAN) descobriram um índice considerável de insetos que podem ser vetores de leishmaniose no local e emitem um alerta aos turistas.

A pesquisa conduzida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UNIFRAN foi realizada entre março de 2021 e dezembro de 2022 e coletou 1.332 flebotomíneos.

As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia Molecular do Departamento de Patologia Básica, Setor de Ciências Biológicas, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), para uma análise mais aprofundada, onde foi constatado o DNA de Leishmania em alguns dos insetos.

Palavra do pesquisador

“Na gruta onde pratica-se o ecoturismo, encontramos diversos insetos, mas, principalmente, um dos principais transmissores da leishmaniose: Lutzomyia longipalpis. Logo, realmente, as pessoas que frequentam aquela área estão suscetíveis a uma infecção”, explica o Dr. Rafael Paranhos de Mendonça, orientador do estudo.

A leishmaniose é uma doença que levanta bastante preocupação no campo da saúde. Entre 2021 e 2022, o estado de São Paulo registrou 61 casos de leishmaniose visceral (LV) e 140 casos de leishmaniose tegumentar (LT), de acordo com dados da Secretaria de Saúde.

Apesar de não haver casos em humanos em Altinópolis, os pesquisadores ressaltam que a atenção em saúde deve ser reforçada uma vez que as notificações dessas doenças já foram registradas em outros municípios da mesorregião de Ribeirão Preto, também no interior paulista.

Descoberta de nova espécie

Além dos insetos que já são conhecidos pela ciência, a pesquisa também foi responsável pela descoberta de uma nova espécie de flebotomíneo, da ordem díptera, popularmente conhecido como mosquito-palha.

A espécie revelada pelo estudo desempenhado por Paranhos e pelo mestrando da UNIFRAN, Guilherme Cecílio Lima, é do gênero Lutzomyiaspp – ou seja, também pode ser um possível transmissor da leishmaniose.

“Parte desse material está sendo analisado por meio de PCR para tentar ver se nesses insetos existe o agente etiológico, que seria a Leishmania. Agora, precisamos aguardar os resultados desse processo para entender o DNA desse inseto”, afirma o professor sobre os próximos passos da pesquisa.

Sintomas de leishmaniose

Os principais sintomas que podem indicar uma leishmaniose são: febre, perda de peso, palidez (anemia), fraqueza, diarreia, tosse seca, aumento do volume abdominal, principalmente do baço e do fígado.

A leishmaniose visceral é uma doença de curso longo, sendo que casos não diagnosticados podem apresentar sangramentos, icterícia (devido insuficiência hepática) e redução da diurese (devido insuficiência renal). Por isso o diagnóstico precoce é fundamental antes que a doença cause complicações.

As regiões Noroeste e Central do estado de São Paulo (Departamentos Regionais de Saúde de Araçatuba, Bauru, Marília, Presidente Prudente e São José do Rio Preto) são as regiões que concentram os municípios com quase a totalidade dos casos de leishmaniose visceral.

As unidades do SUS no estado disponibilizam procedimentos diagnósticos e tratamento gratuito a toda a população, segundo informações da Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo.

Prevenção 

A principal recomendação para a prevenção da leishmaniose é a manutenção e o saneamento dos espaços, com a remoção dos detritos sólidos orgânicos, remoção das fontes de umidade, promoção de ações de limpeza urbana, mantendo animais domésticos fora de casa e jardins e quintais sempre limpos.

Donos de animais devem sempre tomar os devidos cuidados, comprando repelentes e mantendo os espaços ocupados pelos animais limpos, além de evitar deixar cães soltos na rua por qualquer período.

Para aqueles que pretendem visitar grutas e locais que tenham certa incidência de animais da espécie, como é o caso da Gruta do Itambé, a recomendação é que esteja devidamente equipado com botas, camisas de manga longa, calças e repelentes.

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