Pesquisa: Unesp desenvolve protótipo para apoiar o diagnóstico de Covid-19

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  • Publicado em 25 de maio de 2020 às 14:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:46
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Envolvidos na pesquisa trabalham para produzir em âmbito nacional os componentes do kit RT-PCR

Desde o início de 2020, o mundo enfrenta a maior pandemia do século, causada pelo coronavírus SARS-CoV-2.

O Brasil é o segundo país no mundo em casos confirmados do coronavírus, com 360.062 infectados, atrás dos Estados Unidos, e registra 22.603 mortos.

Para conter o avanço da doença, é fundamental realizar o maior número de testes na população a fim de garantir tanto um melhor prognóstico para os pacientes quanto um planejamento eficiente de políticas públicas para o enfrentamento da crise.

O principal método para detectar as infecções por SARS-CoV-2 é a reação da Polimerase em Cadeia em Tempo Real (RT-PCR). 

De acordo com o prof. dr. Marcos Antonio de Oliveira, que coordena o Laboratório de Biologia Estrutural (LABIMES) do campus do Litoral Paulista da Unesp, nessa metodologia, o RNA viral é extraído, passa por uma reação de transcrição reversa através da ação da enzima Transcriptase Reverse, e, assim, produz o chamado DNA complementar (cDNA). 

Posteriormente, é realizada a reação de RT-PCR, na qual regiões específicas do genoma viral são amplificadas através da ação da enzima Taq DNA polimerase. Então, o resultado positivo do exame ocorre quando esta amplificação é detectada através de sondas fluorescentes.

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Etapas do diagnóstico de COVID-19, em figura gerada com o programa Biorender. 

Ainda segundo o professor, com o número crescente de casos de COVID-19, a demanda mundial por reagentes e kits para a realização do processo de testagem via RT-PCR aumentou vertiginosamente, trazendo escassez e desabastecimento desses produtos no mercado. 

Além disso, os grandes produtores destes insumos como China, EUA e União Europeia estão voltando suas produções para o abastecimento interno e exportando uma pequena quantidade destes materiais.

Diante desse cenário, o Laboratório de Biologia Molecular Estrutural da Unesp-CLP se uniu à startup Biobreyer, empresa filha da Unesp (ambos financiados pela Fapesp), e à startup Biolinker para a produção nacional das enzimas DNA polimerase e Transcriptase Reversa, necessárias para a produção do kit RT-PCR. 

Um dos participantes do Laboratório de Biologia Molecular Estrutural da Unesp envolvidos no projeto é o pesquisador Leonardo Schultz da Silva. 

Ele é formado em Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro pelo campus de São Vicente, e, ainda na graduação, foi bolsista de Iniciação Científica.

Logo após concluir o curso, ele ingressou diretamente no doutorado em Biodiversidade Aquática também pela Unesp, analisando as estruturas de uma proteína com potencial para destruir células de leucemia. 

Parte do estudo foi desenvolvido no King’s College London em 2018 com bolsa financiada pela Fapesp. 

Leonardo concluiu o doutorado em 2019 e, até abril, estava atuando no protótipo da produção nacional dos componentes do kit RT-PCR de forma voluntária.

Contudo, no dia 07 de maio, o pesquisador recebeu a notícia de que foi um dos 7 cientistas brasileiros selecionados para seguir contribuindo na luta contra o COVID-19 com remuneração viabilizada pela Dimensions Science, organização não-governamental formada em 2019  nos Estados Unidos para apoiar a Educação Superior e promover soluções de alto impacto para inclusão de minorias sociais na ciência.

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Pesquisador Leonardo Schultz da Silva.

A organização, fundada pela brasileira Marcia Fournier, residente em Washington  DC, tem a proposta de investir na formação de novos cientistas para acelerar o progresso em direção ao crescimento econômico e ao bem-estar mundial.

Os selecionados para o edital com foco no combate ao Covid-19 vão atuar em centros de força-tarefa de pesquisa e diagnóstico da doença em quatro estados do Brasil, e cada um deles receberá uma bolsa mensal de R$ 6500,00 pelo período de um trimestre, além de contar com suporte para o desenvolvimento profissional e pessoal em um programa de mentoria.

A oportunidade conquistada por Leonardo é destacada por Renata Bannitz Fernandez e Carlos Alexandre Breyer, fundadores da Biobreyer que já conviviam com o pesquisador no projeto. 

Como egressos da Unesp e empreendedores, eles ressaltam que a universidade proporciona um ótimo ambiente de formação científica, contribui para o surgimento de negócios e inovações, além de reunir grandes esforços e talentos em prol da pesquisa e do alcance de objetivos que impactam a vida de milhares de pessoas.


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