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Medicamentos anti-inflamatórios como dexametasona e diclofenaco, muito usados para dor nas costas, podem causar um “efeito reverso”
Medicamentos anti-inflamatórios muito usados para dor nas costas, podem causar efeito reverso
Medicamentos anti-inflamatórios como dexametasona e diclofenaco, muito usados para dor nas costas, podem causar um “efeito reverso”, piorando ainda mais a sensação dolorosa.
É o que aponta um estudo publicado em 11 de maio na revista Science Translational Medicine.
A pesquisa envolveu 98 pessoas com dor lombar e na face, experimentos com camundongos e a análise de dados de um banco composto por pacientes do Reino Unido.
De modo geral, participantes que tomaram medicações anti-inflamatórias não esteroides tiveram maior risco de ter dor persistente e crônica.
Embora haja muitas definições, os autores do estudo optaram por considerar a dor aguda como aquela que se resolveu em menos de três meses e a dor crônica como a que tem duração superior a três meses.
Eles sugerem que o corpo pode precisar da inflamação para evitar que a dor aguda e de curto prazo se transforme em dor crônica, considerando que os anti-flamatórios aliviam temporariamente os sintomas.
De acordo com Massimo Allegri, médico e autor sênior da pesquisa, mais de 15% dos pacientes com um episódio agudo acabam desenvolvendo dor crônica.
Os cientistas não sabiam o motivo de a dor persistir nessas pessoas e não em outras. Para entender melhor, no primeiro experimento, os participantes foram acompanhados por três meses, com os dados genéticos daqueles cuja dor aguda se resolveu após o período sendo comparados com os de quem a dor persistiu.
O resultado foi que as pessoas que não adquiriram um quadro crônico tiveram um pico na atividade de genes inflamatórios durante seus estágios de dor aguda, ligado pelos cientistas a células imunes chamadas neutrófilos.
Já no grupo de dor crônica, o sistema imunológico dos pacientes permaneceu praticamente estático.
A mesma dinâmica ocorreu entre pessoas com disfunção temporomandibular, que pode causar dor de longa duração na face e mandíbula.
Para reforçar as descobertas, os pesquisadores trataram camundongos com dores leves utilizando analgésicos ou um anticorpo.
Os animais que receberam o anti-inflamatório dexametasona ou diclofenaco tiveram alívio inicial de dor, mas o incômodo acabou durando a longo prazo.
Enquanto isso, outros analgésicos, como a lidocaína, que não é anti-inflamatória, aliviaram a dor sem esse efeito prolongador.
Observou-se também que os animais injetados com células imunes, os neutrófilos, não apresentaram dor crônica mesmo após receberem dexametasona.
Por último, a equipe examinou dados de pessoas com dor lombar no Biobank do Reino Unido, descobrindo que aquelas que tomaram anti-inflamatórios não esteroides tiveram um risco 1,76 vezes maior de dor crônica do que quem tomava paracetamol e outros medicamentos que aliviam a dor.
Pacientes com uma porcentagem maior de neutrófilos em seus glóbulos brancos, ao terem quadros agudos, tiveram menor risco de terem um incômodo crônico mais tarde.
Para Massimo Allegri, a maior implicação clínica da pesquisa é uma “reconsideração completa das estratégias de prevenção e dos tratamentos”.
“Anti-inflamatórios não esteroides e esteroides devem ser reconsiderados no tratamento da dor aguda, pelo menos na linha do tempo do tratamento, pois na fase inicial [de alguns meses] parece realmente importante não reduzir a resposta [imune]”, avalia.
*Informações Revista Galileu