Pesquisa revela: mais de 1/3 dos homens brasileiros não vão ao médico anualmente

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  • Publicado em 17 de agosto de 2019 às 20:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:44
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Nesse cenário, 37% dos entrevistados com até 39 anos admitem só procurar o profissional quando se sentem mal

O
homem brasileiro cuida pouco de sua saúde. Esse é um dos resultados da pesquisa
“Um Novo Olhar para a Saúde do Homem”, realizada pelo Instituto Lado
a Lado pela Vida e a revista SAÚDE, com metodologia e análise da área de Inteligência
de Mercado do Grupo Abril, com o apoio da farmacêutica Astellas Farma Brasil.
Os resultados do estudo foram divulgados em evento aberto que leva o mesmo nome
da pesquisa realizado em 14 de agosto no Complexo Aché Cultural, em São Paulo
(SP). A pesquisa ouviu mais de 2.400 homens entre junho e julho de 2019, e traz
um panorama que permite vislumbrar avanços e desafios na adoção de um estilo de
vida saudável, no acesso ao médico e ao sistema de saúde, na realização de
exames e na adesão a cuidados importantes, particularmente, no contexto da
doença cardiovascular e do câncer de próstata.

“A
pesquisa traz um recorte relevante sobre a percepção do brasileiro em relação
ao tema e uma luz para que todos nós envolvidos – profissionais de saúde,
governo, pacientes e entidades de saúde – possamos propor e criar políticas
públicas capazes de melhorar a qualidade de vida da população masculina”,
explica Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela
Vida.

Quando
o foco da pesquisa é o câncer de próstata, apesar de o urologista ser visto
pela maioria dos participantes (37%) como o médico do homem, 59% não costumam
ir a esse profissional. Na leitura por faixa etária, o uso da rede pública ou
privada e região, chama a atenção que quase metade do público com 40 anos ou
mais não tem o hábito de ir ao urologista e o percentual se eleva para 58%
entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e para 54% no Sul do Brasil.

O
levantamento ainda mapeia a presença de sintomas que podem demandar a consulta
com o especialista: 48% dos homens relatam ter de urinar várias vezes ao dia;
37% apontam gotejamento; 30%, necessidade de ir duas ou mais vezes ao banheiro
à noite; 22%, perda de desejo sexual; e 20%, problemas de ereção. Há uma
oportunidade e necessidade de aproximar mais o paciente do urologista – e
vice-versa.

Os
entrevistados demonstram conhecimento sobre o câncer de próstata, mas ainda não
estão esclarecidos sobre alguns pontos: 54% concordam ou não sabem dizer que o
exame de PSA é suficiente para detectar a doença e 75% discordam ou ignoram que
o rastreamento em negros deve começar mais cedo. Ainda que 25% dos respondentes
apontem ter um familiar próximo já diagnosticado, 36% dos participantes com 50
anos ou mais não costumam ir ao urologista — 10% nunca realizaram o PSA e 35%
nunca passaram pelo toque retal. Os números pioram no contexto do SUS. O
principal motivo apontado para não se submeter aos exames é a falta de
indicação por um médico. Informação e acesso são as peças-chave para melhorar esse
cenário. “A pesquisa Um
Novo Olhar para a Saúde do Homem
traz informações ricas para ajudar
a entender o que os homens sabem e fazem em relação à saúde. Dados que poderão
nortear condutas e estratégias para os brasileiros cuidarem mais da sua
saúde”, explica Roberto Soler, Diretor Médico da Astellas Farma Brasil.

Cientes
de que os problemas cardiovasculares são a principal causa de morte no país e
de que se desenvolvem por anos sem dar sintomas, a pesquisa identifica lacunas
de conhecimento e comportamento alarmantes. Mais da metade dos entrevistados
não se sente plenamente bem do ponto de vista cardiovascular e apontam ter
hipertensão, colesterol alto e excesso de peso. O que preocupa ainda mais, porém, é que 43% dos homens
não costumam fazer exames cardiológicos e somente 32% dos usuários da rede
pública com 40 anos ou mais realizam esses exames pelo menos uma vez ao ano.
Embora os entrevistados reconheçam os fatores de risco e sintomas de eventos
cardiovaculares, só 39% expressam que iriam imediatamente ao médico na presença
de dor no peito, por exemplo.

A
pesquisa ainda trouxe resultados pouco explorados, principalmente no campo da
saúde mental. Um dado expressivo mostra que 95% dos participantes relatam ter
experimentado recentemente sentimentos negativos, que vão de ansiedade e
preocupação excessiva com família e finanças a tristeza e depressão. A
ansiedade é o principal entrave mental apontado: 63% dos entrevistados
conviveram com ela nos últimos meses.

A
sensação de depressão é acusada por 23% da amostra. Dialoga com esses achados o
fato de que estar bem emocionalmente figura como o maior desafio para uma vida
saudável encontrado na pesquisa: é apontado por um terço do público, e os
números se tornam mais significativos entre os mais jovens e homossexuais ou
bissexuais.

A pesquisa completa pode ser acessada em www.ladoaladopelavida.org.br/downloads-novembro-azul-2019.


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