Pesquisa mostra que 63% dos brasileiros analisam seus gastos e ganhos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de janeiro de 2019 às 19:38
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:20
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Entre os mecanismos mais utilizados está o caderno de anotações, com 33% entre as pessoas ouvidas

O número de brasileiros que
acompanham e analisam seus ganhos e gastos por meio de um orçamento passou de
55% em 2017 para 63% ao final de 2018, segundo levantamento da Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC
Brasil), em parceria com o Banco Central do Brasil (BCB). Pelo menos 36% dos
brasileiros não administra as próprias finanças.

Entre os mecanismos mais utilizados
está o caderno de anotações, com 33% das citações. A planilha no computador é o
instrumento preferido de dois em cada dez (20%) pessoas ouvidas, enquanto 10%
registram as receitas e despesas em aplicativos de smartphones.

Entre os métodos informais de
acompanhamento, o mais frequente é o cálculo de cabeça, citado por 19% dos
consumidores.

Há ainda 13% que simplesmente não
adotam qualquer método e 3% que delegam a função para outra pessoa. “Se o
método for organizado, não importa qual seja a ferramenta. O importante é nunca
deixar de analisar as informações anotadas. Algumas pessoas têm facilidade com
planilhas ou aplicativos, mas outras ainda preferem um pedaço de papel. Ainda
assim, é recomendável que o consumidor não se acomode e procure experimentar
algo diferente, pois os aplicativos digitais surgiram para facilitar a vida
financeira das pessoas, tornando o controle acessível a qualquer momento e
lugar”, disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

A pesquisa mostra que mesmo entre os
que adotam algum método de controle das finanças, 36% não planejam o mês com
antecedência e vão registrando os gastos pessoais conforme eles ocorrem e
outros 8% só anotam os gastos após o fechamento do mês.

Já 56% planejam o mês com
antecedência, registrando a expectativa de receitas e despesas dos 30 dias
seguintes. “Mesmo esse registro pode dar margem a furos no orçamento. Isso pode
ocorrer pois as despesas de um mês podem não ser iguais às despesas dos demais
meses do ano. Isso acontece porque há despesas sazonais, aquelas que ocorrem em
determinado momento do ano, e o consumidor, concentrando-se apenas no orçamento
mensal, pode se esquecer delas. É o caso do material escolar, IPTU, IPVA,
aniversários na família, etc.”, explicou o chefe do Departamento de Promoção da
Cidadania Financeira do Banco Central, Luis Mansur.

Orçamento
anual

A orientação para quem tem renda
constante, que não varia mês a mês, é a de fazer um orçamento anual para que as
despesas tenham sempre o mesmo peso ao longo do ano. O consumidor pode estimar
qual será o custo de cada despesa sazonal e dividi-lo ao longo do ano, poupando
um pouco por mês, até chegar o momento de pagar cada uma delas.

Anotar todos os ganhos e gastos no
mês, incluindo pequenos gastos com balinha ou cafezinho, ajuda a entender para
onde foi o dinheiro. Com base nas anotações, é possível agrupar as despesas em
categorias – por exemplo, habitação, alimentação, transportes, comunicação,
vestuário, lazer – e assim analisar sua vida financeira e, se for o caso,
equilibrar os gastos de acordo com as próprias prioridades, recomendam os
especialistas.

Os itens que os entrevistados menos
anotam são os gastos variáveis, como lazer, salão de beleza, compras de roupas
e saídas para bares e restaurantes, que são deixados de lado por 25% dos
entrevistados, assim como o valor que possuem na reserva financeira (24%).

O levantamento demonstra que o
consumo não planejado é o que mais impede o brasileiro de colocar a vida
financeira em ordem. Para 90% é importante evitar compras por impulso ou
desnecessárias através do planejamento das compras, assim como controlar as
despesas da casa, pesquisar preços (89%) e juntar dinheiro para adquirir bens
de mais alto valor à vista (87%).

A pesquisa também indicou que 73% dos
consumidores admitiram terem enfrentado, nos últimos 12 meses, alguma situação
em que o orçamento familiar não foi o suficiente para quitar todas as contas e
compromissos financeiros. Assim, 34% que cortaram gastos com lazer e saídas a
bares e restaurantes e os 33% que mudaram hábitos de consumo passando a comprar
produtos mais baratos e a fazer pesquisa de preço. Há ainda 30% que fizeram
cortes ou reduções nas compras de roupas, calçados e acessórios e 22% que
recorreram a trabalhos informais (bicos) ou horas extras para aumentar a renda.


+ Economia