Pesquisa do IBGE mostra envelhecimento da população no Brasil

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  • Publicado em 24 de maio de 2019 às 11:35
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:34
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Levantamento mostra ainda que os jovens penam para entrar no mercado de trabalho

Seu Oswaldo se formou em engenharia em 1973, um ano em que a economia brasileira cresceu impressionantes 14%. “Quando eu me formei eu tinha três empregos”, conta.

Cinquenta anos separam o seu Oswaldo da Jéssika. Ela vai ser engenheira também. Ainda não se formou, mas já está procurando emprego e preparada para esperar. “Todos os lugares que a gente busca, eles querem experiência. E, como é o primeiro emprego, essa experiência nunca tem, quer dizer, então, dificulta”, lamenta a estudante Jéssika Cunha.

Essa barreira do primeiro emprego prejudica não só os jovens, mas a economia como um todo. “Lá na frente, quando eventualmente a economia se recupera e esse indivíduo entra no mercado de trabalho, ele entra com uma produtividade menor. E aí se a gente tem gente produzindo menos, a gente cresce menos”, afirma Bruno Ottoni, pesquisar da FGV/IBRE.

Durante boa parte da nossa história, a maioria da população foi formada por jovens. O Brasil não tem experiência em ser um país de pessoas experientes. O desafio agora é enfrentar os novos problemas sem esquecer as antigas barreiras.

Até a década de 1980, a população brasileira tinha o aspecto de uma pirâmide: muito mais jovens do que idosos. Mas esse formato foi mudando e, no último Censo, mais parece uma caçamba. As projeções do IBGE para 2060 indicam que começaremos a ver um funil etário, ou seja, mais idosos do que jovens.

A pesquisa desta quarta-feira (22) também revela outra mudança: o aumento do número de pessoas que se declaram pretas ou pardas, de acordo com a nomenclatura oficial do IBGE. Em 2012, as pessoas declaradas brancas eram 46% da população, caindo para 43% em 2018. No mesmo período, os que se reconhecem como negros subiram de 7% para 9%. O percentual dos que se dizem pardos subiu de 45% para 46%.

“A gente percebe, principalmente, o crescimento das pessoas pretas e pardas, que pode, sim, estar ligado a políticas afirmativas de conscientização, trazendo uma outra perspectiva cultural para essas pessoas. A ponto delas se declararem pertencendo a uma cor ou outra”, afirma Adriana Beringuy, analista da PNAD Contínua/ IBGE.

Enquanto estuda, Jéssika se prepara para um futuro em que cada página virada é uma barreira quebrada. “Difícil ver um negro no mercado de trabalho em uma faixa alta. Então, eu estou estudando, passei no vestibular da Uerj para Engenharia Civil, então já é um cargo alto. Eu vou chegar lá e vou ser uma engenheira civil, independente da cor”, disse.

Fonte: G1


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